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Novas cores só atingem 38% dos ônibus e confundem usuários

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Os consórcios que operam o transporte público em Juiz de Fora não cumpriram a meta estipulada pela Prefeitura de pintar todos os coletivos, com a nova identidade visual, até o fim do ano passado. A nova proposta é finalizar este trabalho até o dia 31 de dezembro de 2017, sendo que, até o momento, de acordo com a Settra, apenas 38% da frota passaram pela renovação. A consequência disso pode ser observada nas ruas, onde uma mistura de cores e padrões confunde os usuários, surpreendidos a todo o momento com os veículos que param nos pontos. Eles reclamam, principalmente, da falta de uma campanha educativa informando sobre as mudanças realizadas.

Mas este não é o único descumprimento perante as novas regras. Embora o prazo da pintura seja considerado um acordo, e não uma determinação contratual, a ausência da internet sem fio em todos os coletivos está passível de multa. Os Consórcios Integrados do Transporte Urbano (Cinturb) reconhecem a implantação da tecnologia em 82% da frota.

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Indicação em ponto da Avenida Rio Branco, no Centro, mostra os números das linhas e dos bairros, mas não há detalhes e informações sobre a identidade visual dos veículos. Muitos usuários ainda ficam em dúvida diante de carros novos e antigos em circulação (Foto: Leonardo Costa)

O transporte público na cidade é, desde 1º de setembro de 2016, dividido em dois grupos de empresas, que se organizaram em consórcios, escolhidos após um longo processo licitatório. Segundo o secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, o Via JF já inseriu nas ruas 69 novos carros, além de ter promovido a pintura com a nova identidade em outros 31 seminovos. Já o Manchester tem 91 ônibus novos e 40 seminovos adaptados à nova estrutura. Ao todo, o sistema na cidade é composto por 604 veículos, distribuídos em 271 linhas.

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A mistura de padrões tem deixado muitos desorientados. Antes cada empresa era identificada por uma das sete cores determinadas (vermelha, amarela, azul, branca, cinza, verde e laranja), enquanto que o novo sistema dividiu todas as linhas em três (azul, verde e vermelha). Durante este processo de transição, há casos de linhas que estão nas ruas com até três cores distintas. Um exemplo é a antiga Tusmil, reconhecida pelo verde e por operar na Cidade Alta e parte da Zona Sul. Agora é possível ver seus carros em bairros da Zona Norte.

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“Tem pessoas analfabetas que estavam acostumadas com determinada cor. De repente, sem avisar nada, trocaram. Cada dia está de um jeito. Tenho casas no Bandeirantes e Nova Era, e em ambos está muito difícil”, disse a professora Iná Peixoto, 62 anos. “Eu sou do São Mateus e estava habituado com a cor verde, e, na Rodoviária, era o branco. Agora misturou tudo”, reclamou o aposentado Haroldo Duarte, 68. “Voltei para JF agora e teve um impacto muito grande. Hoje não sei quais são as cores que vão para o meu bairro. É preciso ter atenção na numeração e na escrita”, argumentou o analista de sistemas Felipe Ferreira, 27.

Em nota, o Cinturb informou que o prazo para uniformizar o layout precisou ser prorrogado para atender solicitação da Settra. “A secretaria determinou que, antes de colocar em circulação os carros com a padronização visual estabelecida, fossem sanadas na frota todos os problemas de carroceria, parte elétrica e mecânica, além de estofamento.” Por isso, foi apresentado novo cronograma, com prazo até 31 de dezembro. A Settra confirmou o pedido, condicionando a nova data às outras melhorias citadas pelo Cinturb.

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Settra: abusos devem ser coibidos

Na avaliação do secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, era esperada que a mudança da identidade visual causasse certa confusão no início. “Estamos em um processo de migração, onde não só os usuários, como também as empresas e a própria Prefeitura estão aprendendo a lidar com a nova flexibilidade operacional. Não conseguimos fazer com que esta migração fosse feita da noite para o dia. Pedimos paciência neste momento de transição.”

Mesmo assim, ele fala que abusos devem ser coibidos, como o uso de ônibus em bairros com cores não habituais. “A gente tem pedido para que isso seja evitado. Ônibus com a cor antiga roda onde era cor antiga na mesma rota. É preciso nos informar, para identificar se o caso trata-se de uma situação isolada ou frequente.”

Carros sem internet wifi já foram autuados

De acordo com o contrato assinado entre a Prefeitura e os consórcios, o acesso à internet wifi deveria estar em 100% da frota a partir do dia 1º de janeiro. No entanto, a novidade chegou a 482 dos 604 veículos até o momento, conforme a Settra. Por esta razão, os carros identificados sem a tecnologia foram autuados, segundo Tortoriello. A multa é de R$ 149, acompanhada de um período para que a irregularidade seja resolvida. Segundo o secretário, os consórcios informaram que tiveram problemas com o fornecedor dos roteadores e, por isso, foi apresentada justificativa formal. Mesmo assim, a multa foi aplicada.

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Em nota, o Cinturb informou que a ausência da internet limita-se “a duas das empresas dos consórcios que ocorrem em função das dificuldades com as operadoras de internet. As questões para o não cumprimento do cronograma foram justificadas à Settra e solicitado o prazo até 30 de janeiro de 2017 para completar o sistema em toda a frota”. Hoje, mais de 82% dos ônibus de Juiz de Fora já circulam com wifi gratuito, conforme configuração prevista na licitação e em legislação complementar.

Itinerários

Outro transtorno está na retirada dos itinerários das laterais dos coletivos. Os veículos que estão com a nova identidade visual não têm mais as placas, e o edital e o projeto básico da licitação não previram tal instrumento. “Causa muito transtorno, principalmente quando subimos em ônibus que não são dos nossos bairros. Perdemos completamente a orientação”, disse o técnico em eletrônica Waldir Lima, 39. Sobre isso, o titular da Settra, Rodrigo Tortoriello, admitiu que há reclamações na Settra e a retirada pode ser reavaliada. “A maioria das cidades retirou as plaquinhas por algumas razões, como pela colocação de letreiros digitais. Não é algo que nos chamou atenção na época da elaboração do edital. Mas se for algo que ajude a cidade e seja uma demanda, não há porque não atender.”

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Período eleitoral

As mudanças provenientes do início da operação do novo sistema ocorreram durante o período eleitoral. Por determinação da Justiça, a Prefeitura foi impedida de divulgar várias das alterações que estavam acontecendo por meio de campanhas publicitárias. Nem mesmo a sinalização nos pontos, com mapas e relação das linhas, pôde ser instalada. Agora, gradativamente, algumas informações começam a ser inseridas nos pontos, e a confecção de materiais gráficos, como panfletos, não está descartada. “Agora podemos comunicar melhor com a população e minimizar os transtornos. Acredito que a fase de adaptação ainda vai até o fim de 2017.”

Settra quer pontos de integração de ônibus ainda este ano

Ainda este ano, a Settra quer iniciar a implantação dos Pontos de Integração (PDI). A ideia é que haja, com este sistema, a redução no número de ônibus em direção ao Centro fora dos horários de pico, quando a demanda pelo serviço é menor. Neste mecanismo, o usuário deverá fazer baldeação em pontos estratégicos, com intuito de reduzir a quilometragem e aumentar a demanda nas regiões periféricas. O secretário não quis estipular prazos para o início deste sistema, já que as metas ainda serão determinadas, conforme o planejamento da Settra para este ano.

Os PDIs, conforme o edital, deverão ser instalados nos bairros Retiro, Zona Sudeste; Manoel Honório e Vitorino Braga, na Leste; Quintas da Avenida, Nordeste; e Cascatinha, Zona Sul. A expectativa é atender a 35 localidades no entorno destes pontos.

Este sistema no transporte público é diferente dos terminais de integração com veículos troncalizados, como chegou a ser colocado em funcionamento na cidade na Zona Norte, nos anos de 2005 e 2006. No entanto, os pontos também estão previstos a longo prazo, mas não há datas para implantação, já que dependem de obras e outros investimentos. A ideia é que, no futuro, as linhas de ônibus sejam interligadas por meio de 11 terminais. Eles deverão ser instalados nos bairros Manoel Honório, Zona Leste; Alto dos Passos, São Mateus e Cascatinha, região Sul; Democrata, Nordeste; Costa Carvalho, Poço Rico e Vitorino Braga, na Sudeste; além da Cidade Alta, Zona Norte, e Centro (Avenida Getúlio Vargas).


Frota pode ter idade acima do permitido

A frota de ônibus urbanos deve ter idade média de 5 no máximo 10 anos de uso. Mas durante o período de transição, Settra admite que permitirá veículos reservas, mais antigos, em circulação. Não foi informado até quando descumprimento será aceito.

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