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Cerca de 45% das crianças de 5 a 11 anos não completaram esquema vacinal em JF

Vacinacao criancas 1 Barbara Landim
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Seis meses após o início da vacinação de crianças contra a Covid-19 em Juiz de Fora, cerca de 45% dos jovens de 5 a 11 anos ainda não completaram o esquema vacinal na cidade. Segundo dados divulgados pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) a pedido da Tribuna, apenas 54,9% do público-alvo dessa faixa etária recebeu duas doses de imunizante contra a doença causada pelo coronavírus.

O Município não considera a taxa um problema e afirma que a cidade está acima das médias nacional (39,57%) e estadual (47,09%); por outro lado, infectologista ouvido pela reportagem analisa que a baixa adesão pode fazer com que as crianças tornem-se um vetor da enfermidade, colocando grupos mais vulneráveis em risco.

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O Executivo municipal informou que, até o dia 30 de junho, 34.490 crianças foram vacinadas com a primeira dose de imunizante contra a Covid-19, número que representa 78,03% de cobertura do grupo. Já a segunda aplicação chegou a 23.908 jovens da faixa etária, totalizando mais de 20 mil pessoas com pendências vacinais.

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As taxas estão abaixo daquelas referentes à população com 18 anos ou mais, já que 83% receberam ao menos uma das doses, enquanto 76% teve duas aplicações, conforme dados do Vacinômetro da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

Em nota, a PJF optou por destacar que a cidade tem taxas de vacinação mais altas do que as médias nacional e estadual entre as crianças. “Isso se deve ao fato de serem mais de 40 pontos de vacinação espalhados por diversos bairros do município”, argumenta. A Tribuna questionou se o Executivo possui alguma estratégia para aumentar o percentual de imunização dos jovens de 5 a 11 anos, mas não houve resposta.

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A reportagem ainda perguntou ao Município se há preocupação com a possibilidade de maior exigência da rede hospitalar da cidade com a recente alta no número de casos de Covid-19. Sobre isso, a Prefeitura considera que, por conta da adesão da população às vacinas, “não temos registrado altas nas internações por Covid-19. Contamos com o apoio dos cidadãos para aumentar ainda mais essa cobertura, impedindo a proliferação do vírus”.

Em Juiz de Fora, até a última terça-feira, a Prefeitura havia confirmados 71.829 casos de Covid-19, desde o início da pandemia. Até o momento, 2.294 óbitos causados pela Covid-19 no município já foram notificados.

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Seis crianças, com até 11 anos, morreram com a doença

As crianças são consideradas um grupo resistente à Covid-19 e possuem baixos índices de desenvolvimento da doença na forma grave. Em Juiz de Fora, de acordo com as informações disponibilizadas pela Prefeitura, seis crianças com 11 anos ou menos morreram com a doença. Três delas não possuíam comorbidades e cinco tinham 1 ano ou menos. O último óbito entre essa faixa etária aconteceu no dia 4 deste mês, se tratando de um bebê de 1 ano, com comorbidades.

Apesar da menor taxa de mortalidade entre as crianças, o médico infectologista Marcos Moura aponta o risco de a faixa etária se tornar disseminadora da doença. “A baixa vacinação de crianças em relação à Covid é extremamente grave, porque elas circulam em vários grupos populacionais, desde idosos até outras crianças. Nós incluímos, nesses grupos, pessoas vulneráveis.” O especialista ainda lembra que, mesmo que a vacinação aumente a possibilidade de que a Covid-19 não se desenvolva de forma grave, pessoas com comorbidades e idosos ainda correm grande risco. “As doenças respiratórias precisam de um leito especial, suporte de oxigênio e isso impacta o sistema de saúde. Há uma sequência de gravidades associadas (à baixa adesão na vacinação).”

Segundo o médico, a maior dificuldade para vacinar as crianças ocorre pelo descrédito dos imunizantes junto aos pais e responsáveis. “Estamos sendo bombardeados por fake news, mas os estudos no Brasil mostraram que os efeitos colaterais adversos relacionados à vacina são ínfimos”, defende Moura. Ele ainda afirma que a desinformação sobre as vacinas também atinge outros imunizantes do Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Parece que a dúvida em relação às vacinas contra a Covid se espalhou para todas as outras. Nós temos baixa adesão em várias vacinas de reforço do PNI. As primeiras, normalmente, os recém-nascidos recebem, mas as demais estão com muita ausência.”

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Moura lembra que as crianças precisam do estímulo vacinal para reforçar o sistema imunológico, já que tiveram contato com poucos patógenos e desenvolveram pouca resistência. “Doenças que, nos adultos, normalmente são mais brandas, costumam se tornar muito mais graves nas crianças”, afirma o médico, defendendo que haja campanhas para reverter o dano causado pela desinformação. “A gente precisa que pessoas capacitadas levem informações e passem credibilidade e segurança para a população (…). Se não houver um trabalho inverso, a gente fica com dificuldade de orientar a vacinação.”

Vacinação

As crianças e os adolescentes podem ser vacinados em todas as unidades básicas de saúde de Juiz de Fora e também no Departamento de Saúde da Mulher Gestante, Criança e Adolescentes (DSMGCA). Não há recomendação de aplicação de terceira dose para jovens entre 5 e 11 anos, com exceção de imunossuprimidos. O intervalo entre a primeira e a segunda aplicação é de oito semanas para a Pfizer e 28 dias para a Coronavac.

Crianças que comparecerem aos postos para a vacinação contra a Covid-19 não podem ter recebido outra vacina nos 15 dias anteriores e não devem receber outro imunizante nos 15 dias seguintes.

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A Secretaria de Saúde da PJF solicita que pais e responsáveis levem a ficha de vacinação impressa, documento disponível no site da Prefeitura.

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