A Polícia Civil de Juiz de Fora descartou a possibilidade de abuso sexual contra um menino, de 11 meses de idade, que deu entrada já sem vida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte, na útima sexta-feira (10). A informação foi divulgada, nesta terça-feira (14), pelo delegado Rodolfo Rolli, que ficou responsável pela investigação do caso. O médico responsável pelo atendimento da criança da UPA desconfiou de que o bebê teria sido vítima de abuso sexual, uma vez que apresentava indícios de laceração anal e muco com sangue na mesma região.
De acordo com o delegado, a causa da morte do menino ainda é indeterminada, mas o exame de necropsia negou a possibilidade de abuso sexual. “A criança apresentava uma assadura que era decorrente de um quadro de diarreia crônica que ela tinha. Conversamos, inclusive, com a diretora da creche onde a criança ficava, e ela nos disse que o menino se alimentava normalmente e que os pais da criança sempre foram muito atenciosos. Então, também não há indícios de maus-tratos por parte da mãe e do pai”, afirmou Rolli, apontando que as investigações ainda apontaram que o bebê, no dia anterior ao da sua morte, foi atendido na Unidade Básica de Saúde em razão desse quadro de diarreia. “Assim solicitamos ofícios que devem ser encaminhados hoje (terça) ou amanhã (quarta) tanto da UBS quanto da UPA Norte. Depois vamos intimar o pai e a mãe para ouvi-los novamente, como testemunhas citadas no registro da ocorrência”, explicou.
Ainda a respeito da suspeita inicial do abuso sexual, Rolli ressaltou que foi recolhido material genético para ser encaminhado a exames em Belo Horizonte, com o propósito de confirmar o que já foi constatado em Juiz de Fora. “Esse exame aconteceu na última sexta, quando o caso foi registrado. O laudo foi realizado por dois legistas. Na ocasião, os pais foram ouvidos no plantão, só que devido à falta de informações daquele momento, vamos ouvi-los novamente, agora com base no que já está apurado, para ter mais informações”.
De acordo com Rodolfo Rolli, o muco de sangue apresentado pela criança, apontado pelo médico da UPA, tem relação com a questão da diarreia, assim como as assaduras. “O plantonista fica muito sem elementos ali na hora para poder confirmar alguma coisa e por precaução ele encaminha o caso para o IML. Assim, o procedimento do médico foi todo correto, porque se houve desconfiança por parte dele, era de sua responsabilidade acionar a polícia”, ressaltou o policial, acrescentando que a investigação irá continuar.
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Esse caso veio à tona na última sexta, quando a Polícia Civil de Juiz de Fora, por meio da 3ª Delegacia, começou a investigar da criança que chegou sem sinais vitais na UPA Norte e com suspeita de ter sofrido abuso sexual. Naquele dia, foram realizadas diligências preliminares pelo delegado que recebeu o caso na Delegacia de Plantão.
De acordo com o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), o médico que recebeu a criança na UPA acionou a PM depois que ela chegou conduzida pelos pais, já sem vida. Depois de realizar exame, ele percebeu que a criança apresentava rigidez torácica e abdominal, indícios de laceração anal e muco com sangue no ânus. Diante das circunstâncias, o médico suspeitou da ocorrência de algum abuso sexual.
Com a chegada dos policiais na unidade médica, foi realizado contato com os pais da criança. Ambos alegaram que, na quarta-feira, o filho tinha apresentado diarreia e vômito e, na quinta, levaram o menino a um posto médico, onde ele foi medicado. Os pais ainda relataram que voltaram para a casa e os sintomas persistiam criança. Segundo eles, durante a madrugada daquela sexta, a criança adormeceu e, pela manhã, por volta das 7h, o pai foi verificar como o filho estava e o encontrou com os lábios arroxeados. Assim, ele e a esposa, imediatamente, se dirigiram para a UPA Norte para socorrer o filho, sendo constatado o óbito.
Ainda segundo o Reds, os pais negaram que a criança tenha sofrido algum tipo de abuso e que tal ferimento que o filho apresentava no ânus, possivelmente, seria devido ao quadro de diarreia. Os pais também relataram que possuem outros dois filhos e que estes também apresentaram sintomas de virose e que já tinham sido tratados.
Diante da situação, os pais foram levados à delegacia, na condição de testemunhas, para serem ouvidos sobre os fatos.