Os pacientes com suspeita do novo coronavírus (Covid-19) cujos quadros de saúde sejam brandos não serão testados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). A política foi reiterada, nesta terça-feira (14), em entrevista coletiva, pelo subsecretário de Estado de Vigilância Epidemiológica, Dario Ramalho. Ramalho estava ao lado do secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, e do secretário adjunto de Saúde, Luiz Marcelo Cabral Tavares. Como a evolução epidemiológica de Minas Gerais está longe do pico – previsto entre 3 e 4 de maio -, a SES/MG pondera que é necessária uma reserva de testes para o momento mais crítico da pandemia de Covid-19. De acordo com o informe epidemiológico publicado nesta terça, o Estado registra, até o momento, 27 mortes, 60 óbitos em investigação e 884 casos confirmados.
Ramalho detalhou o protocolo de testagem da SES/MG ao ser questionado sobre o elevado número de 63.951 notificações de suspeita por Covid-19 contabilizadas pelo Estado. “A vasta maioria dos pacientes suspeitos não será testada, ou seja, o número elevado de suspeitos não se traduz em um número baixo de capacidade de testes, até porque, hoje, estamos com a capacidade para além da demanda apresentada pela epidemia”, afirmou. “O que ocorre é que, com a mudança do critério de notificação, os pacientes com quadros brandos não terão os exames realizados. São quadros gripais simples, e investigamos com exames laboratoriais (apenas) os quadros graves e os pacientes que foram a óbito. Como os pacientes com casos leves não terão exames realizados, permanecem, portanto, no banco como suspeitos, acumulando um número grande.”
Conforme Carlos Eduardo Amaral, a SES/MG não pensa, neste momento, em alterar a política de testagem já adotada. “(Realizamos os exames) em pacientes graves, internados, aqueles restritos de liberdade ou exilados, e trabalhadores da saúde. E essa lógica, neste momento, tem o fundamento baseado (no fato) de que acabamos de colocar em dia a testagem. Esperamos que haja um aumento progressivo das demandas, uma vez que se espera que tenha um aumento discreto de casos. Então, não se justifica, neste momento, testarmos de forma muito ampliada e perdermos testes para um momento em que seremos mais demandados.” A meta da pasta era atingir 1.800 testes diários para Covid-19, e foi superada na última sexta-feira (10), conforme Ramalho, pela Funed, pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais e pela Universidade Federal de Minas Gerais, cuja produção diária chegou a dois mil testes.
Questionado se o contágio do novo coronavírus estaria uma semana à frente dos dados epidemiológicos apresentados diariamente pela SES/MG, Ramalho argumentou que a confirmação de mortes por Covid-19 tem longo trâmite entre os municípios e o Estado. “Em um município distante, por exemplo, é necessário que a amostra seja colhida, condicionada de forma adequada e enviada à SES/MG. Há uma série de questões técnicas, regionais e locais, que acabam por causar alguma espécie de atraso – o que é natural -, e, sobre isso, havia um gargalo para realizar os exames e confirmar os óbitos ocasionados por Covid-19. Agora, tendo sido o gargalo removido, é natural que a gente tenha uma investigação mais célere, dependendo apenas dos demais trâmites burocráticos.”