A Direção Europeia da Qualidade dos Medicamentos e Cuidados de Saúde (EDQM) citou, em documento oficial, um artigo publicado por ex-alunos e professores do Programa de Pós-graduação em Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A publicação reúne trabalhos científicos com informações sobre possíveis medicamentos com potencial para o tratamento da Covid-19, inclusive em crianças. No documento, o órgão europeu aborda três possíveis alternativas, dentre elas o uso da cloroquina, conforme apresentado no artigo desenvolvido pela UFJF.
O estudo, realizado em 2016, avalia a estabilidade da mistura de diversas substâncias, de forma isolada e individual, na suspensão oral SyrSpend®. Dentre elas, a cloroquina, indicada, até então, para o tratamento de malária, lúpus e artrites reumatoides.
O resultado mostrou que a solução pode ser usada com segurança e eficácia. “A conclusão do estudo foi de que essa suspensão oral misturada com a cloroquina tem uma qualidade aceitável para ser utilizada pela população, inclusive pediátrica”, evidência o doutor em Saúde pela UFJF e um dos pesquisadores do estudo, Hudson Polonini.
A listagem realizada pela EDQM serve para nortear o médico no momento de decidir qual tratamento dar ao paciente. De acordo com o doutor em Saúde pela UFJF e autor principal da pesquisa, Anderson Ferreira, a opção de manipulação do medicamento líquido é importante para o tratamento de pacientes com necessidades especiais. “Imagine um paciente muito idoso ou com algum problema de disfagia (dificuldade de deglutição de comprimidos ou cápsulas) ou um paciente com um estado de severidade mais alto que está internado na UTI, entubado, e com necessidade de ingestão do medicamento pela sonda nasogástrica”, exemplifica. “Para esses casos, possuir estudos que comprovem a estabilidade da forma líquida desses medicamentos é de grande importância para que a administração seja realizada de forma mais fácil.”
Os pesquisadores salientam que esses medicamentos devem ser usados somente com indicação médica, independente de qual seja o tratamento. “Essa é uma medicação que deve ser usada sob prescrição, a depender da necessidade do paciente que o médico avalie. As pessoas não devem ir às farmácias pedirem para manipulá-lo, independente de ser para o tratamento da Covid-19, da lúpus ou qualquer outra patologia”, ressalta a professora da Faculdade de Farmácia da UFJF e coautora do trabalho, Nádia Raposo.