A Campanha da Fraternidade de 2024 foi oficialmente lançada em Juiz de Fora nesta Quarta-feira de Cinzas (14). Neste ano, que marca a 60ª edição, o tema é “Fraternidade e amizade social”. Realizada nacionalmente durante o período de Quaresma, a campanha vai até o dia 24 de março, data do Domingo de Ramos em 2024. Mesmo assim, a Arquidiocese reforça que ela permanece nas discussões pastorais durante todo o ano.
As campanhas funcionam, todos os anos, através de pregações, diálogos, reuniões de grupos, catequese e outras formas. Há ainda a Coleta da Solidariedade, realizada no último dia da campanha. Nela, são realizadas doações em dinheiro: 40% do valor total deve ser enviado ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), enquanto os outros 60% permanecem na instituição para projetos locais.
O tema escolhido tem inspiração na Encíclica do Papa Francisco “Fratelli tutti” – “Todos irmãos”, traduzido do italiano – e o lema é “Vós sois todos irmãos e irmãs”, inclusive os animais. De acordo com o arcebispo metropolitano, dom Gil Antônio Moreira, o objetivo da campanha é semear o sentimento de fraternidade diante de um problema social, com o intuito de atingir não apenas as pessoas que frequentam a Igreja, mas toda a sociedade. “A fome, por exemplo, atinge a todos. A doença, a falta de cuidado com a natureza, a falta de trabalho. Todos esses são temas sobre os quais propomos uma reflexão.”
Caminho da agressão
Em relação à edição da “Fraternidade e amizade social”, o arcebispo afirma que, no mundo atual, muitas vezes há situação de inimizade social. “Grupos lutam contra os outros, abusam de meios de comunicação, o caminho nem sempre é o do diálogo, mas, sim, o da agressão. No fim, isso gera guerras. Em algum tempo o mundo não vai precisar de guerra, de resolver as questões na arma de fogo?”, questiona. Dom Gil complementa que esse momento pode estar longe, mas se ninguém começar, ele nunca chegará.
A “amizade social” proposta pela campanha é criar um ambiente novo em cada localidade, em que as pessoas possam acreditar na solidariedade, nos bons relacionamentos. Segundo o padre Antônio Camilo de Paiva, vigário episcopal para Comunicação da Arquidiocese, o tema é universal, transcende religiões, ideologias políticas, raízes culturais e etnias. “Combateremos as divisões, guerras, polarizações e todo tipo de massacre de pessoas se descobrirmos o verdadeiro sentido da amizade. Posso criar esse vínculo com alguém totalmente diferente de mim, é ele que dá o tom das relações humanas.”
O padre também reforça que, no contexto brasileiro, o tema é propício sobretudo em 2024, um ano político. “As tendências se massacram mutuamente, criam problemas dentro da sociedade – inclusive na família e nas igrejas”, lamenta. Ainda conforme ele, uma ideia não pode se sobrepor à do outro. “As guerras existem porque há intolerância e fechamento dos esquemas mentais, como se quem pensasse diferente devesse ser excluído. O escopo da campanha é criar a unidade na pluralidade.”
*Estagiário sob a supervisão do editor Wendell Guiducci