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Homem morre e 80 pessoas ficam desalojadas após deslizamento em JF

desabamento destacada Sávio Santana
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Foto: Fernando Priamo
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Um homem morreu e 80 pessoas ficaram desalojadas após um grave deslizamento de terra que destruiu pelo menos três casas e levou à interdição preventiva de outras 18 residências, na manhã desta sexta-feira (14), entre os bairros São Benedito e Santa Cândida, na Zona Leste de Juiz de Fora. O morador de 53 anos, que chegou a ficar parcialmente soterrado, foi socorrido com vida, após ficar cerca de meia hora debaixo dos escombros, mas não resistiu. Anderson Gomes havia dado entrada no HPS, sendo encaminhado ao centro cirúrgico. O óbito foi confirmado pela assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde por volta das 17h.

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O desastre teve início por volta das 10h30, quando engenheiros da Defesa Civil estavam em uma residência de dois andares, na Rua Artur Machado Filho, após solicitação de vistoria, pelo número 199, em razão de trinca na parede. Durante o atendimento, parte do imóvel começou a ruir, e os moradores foram retirados às pressas. No entanto, o escorregamento do barranco de 30 metros de altura atingiu em cheio duas casas na Rua São José, que fica logo abaixo.

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As estruturas foram ao chão, e os destroços encobriram o morador, que estaria no terraço do imóvel onde residia sozinho, justamente observando o perigo ao alto. Ele foi localizado em um trabalho minucioso dos 15 bombeiros mobilizados na ocorrência e resgatado com sinais vitais fracos, mas foi reanimado por uma equipe do Samu e levado, cerca de duas horas depois, para o HPS, onde acabou falecendo. Além da vítima, três cachorros precisaram ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros, mas não sofreram ferimentos.

O desmoronamento na área, considerada historicamente de risco pela Defesa Civil, deixou 11 moradias interditadas na Rua Artur Machado Filho e outras sete na Rua São José. Nesta via, além das duas residências que foram abaixo, um imóvel que abrigava uma pequena confecção e uma casa de três andares também ficaram danificados, e os residentes tiveram que correr contra o tempo para salvar alguns pertences.

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Foi o caso de José Morais Coelho, 69, que morava no número 612, residência parcialmente atingida na lateral, embora seus três andares tenham permanecido de pé. O idoso estava no Centro, quando foi avisado pela esposa, 75, sobre o ocorrido. “Melhor perder a casa do que a vida”, declarou o idoso, que pagava aluguel e agora vai morar com uma irmã. “Choveu muito ontem, e hoje abriu esse sol. O barranco não aguentou”, avaliou.

As causas do deslizamento, no entanto, ainda são avaliadas pela Defesa Civil. A Cesama e a Cemig foram acionadas para providenciar os desligamentos necessários nas redes para que os trabalhos de retirada dos escombros fossem iniciados ainda durante a tarde desta sexta. “A Defesa Civil está no local monitorando a área e prestando apoio às famílias. Já estão sendo executados os serviços para liberar a Rua São José”, informou a assessoria da Prefeitura.

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Morador ficou preso em vão nos destroços

O morador Anderson Gomes foi resgatado com vida, segundo os bombeiros, porque ficou preso em uma espécie de vão entre os escombros. “A vítima estava parcialmente soterrada e, por sorte, um pedaço da laje fez o escoramento, criando um bolsão de ar. A equipe rapidamente o retirou e o entregou aos profissionais do Samu, com apoio médico”, contou o major Leonardo Nunes, destacando que o local era de difícil acesso, devido ao acúmulo de material. “Fomos acionados, a princípio, para um desabamento, mas chegamos e vimos esse deslizamento de terra, que encobriu duas residências. Na parte superior também foram comprometidas as estruturas de três casas. O terreno acima ficou todo solapado, sem a fundação”, completou o major.

Horas antes do falecimento, a irmã de Anderson, Rosemeire Medeiros, 51, disse à Tribuna que ter sido avisada por uma vizinha no momento em que a casa desabou. “Ela me ligou e falou para vir correndo. Disse que foram duas quedas. Primeiro caiu uma parte da casa de cima, depois a outra. O pessoal gritou para ele sair rápido do terraço.”

O tenente Gilberto Santos também participou do resgate e inclusive ajudou a salvar os três cães. Um deles estava dentro do imóvel da Rua São José,  que ficou parcialmente destruído, e os bombeiros precisaram arrombar o portão para libertá-lo. Os outros dois estavam no interior de outra casa interditada.

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Cão também foi socorrido pelos bombeiros (Foto: Sávio Santana)
Cão também foi socorrido pelos bombeiros (Foto: Sávio Santana)
Cão também foi socorrido pelos bombeiros (Foto: Sávio Santana)
Cão também foi socorrido pelos bombeiros (Foto: Sávio Santana)
Cão também foi socorrido pelos bombeiros (Foto: Sávio Santana)

O coordenador da Defesa Civil, Jefferson Rodrigues, reforçou que o desastre aconteceu no momento da vistoria em imóvel na Rua Artur Machado Filho. “A casa começou a trincar, e o pessoal saiu das residências ao lado também.” Ele ressaltou se tratar de área de risco. “Já estivemos aqui algumas vezes e orientamos sobre quais providências tomar. Mas ainda não sabemos o que causou o problema.” Segundo ele, o plano de contingência foi acionado para a realização dos serviços necessários.

Correria

Proprietária de um bar situado em frente ao barranco que deslizou, Ana Paula Ferreira, 45, contou que houve correria e pânico entre os moradores. “A casa de cima que caiu é do meu sobrinho (de 22 anos). Minha mãe falou que estava rachando, e cheguei na rua para ver. Mas aí desceu tudo, de uma vez só. Só deu tempo de correr. Todo mundo ficou apavorado, porque sabíamos que havia pessoa em cima da laje. E liguei para meu sobrinho na hora, com medo de que estivesse no meio dos escombros.”

Durante a tarde continuaram chegando pessoas afetadas de uma forma ou de outra. Muito abalada, a dona de casa Keila Maria Dornelas, 55, contou que a residência número 612 da Rua São José era da sua mãe, 77, que alugava um dos andares e residia no outro. “Nem tenho mais lágrima, é muito triste. Ela morava aqui há mais de 20 anos e não está com a saúde boa. Tinha ido para minha casa no Bonfim anteontem, por causa da chuva. Já tinha medo de que algo pudesse acontecer. Há alguns anos houve um escorregamento de terra que abalou a parte de trás do imóvel.”

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