Uma idosa de 68 anos foi feita refém e amarrada durante um roubo em sua casa, no Bairro Jardim de Alá, Zona Sul de Juiz de Fora. A vítima ainda foi trancada no banheiro, onde os bandidos colocaram fogo em uma pilha de papel como forma de ameaçá-la. Em um intervalo de menos de 12 horas, entre a noite de terça-feira (12) e a tarde de quarta-feira (13), este foi o segundo caso de roubo em residência onde idosas foram vítimas. No episódio anterior, registrado na região Leste, a PM já conseguiu apreender três dos suspeitos, todos adolescentes de 17 anos. Dois deles são suspeitos ainda de terem atirado em um homem na última sexta-feira (8).
Na ação violenta mais recente, ocorrida na Rua Elvira Bellei, por volta do meio-dia de quarta, a idosa relatou ter sido rendida dentro de sua residência por um indivíduo armado com uma faca. Conforme a moradora, o homem, que ela disse não conhecer, colocou a arma branca em suas costas e perguntou onde estava o dinheiro. Em seguida, como a idosa teria se negado a falar, o ladrão amarrou suas mãos e a levou para o banheiro da casa. Ele teria colocado fogo em papéis dentro do cômodo e trancado a idosa.
A casa foi revirada, e o criminoso fugiu levando um botijão de gás e dois cartões bancários. Ele não foi localizado, mas a PM o identificou como sendo um homem conhecido de um familiar da idosa. A perícia foi acionada e recolheu no imóvel da vítima uma faca e uma camisa de time.
Já no caso do Bairro Santa Rita, registrado na terça-feira (12), a idosa, 60, foi rendida depois que saiu de dentro de seu imóvel para checar um barulho do lado de fora. Cinco criminosos ficaram na casa por cerca de três horas. Eles amarraram, encapuzaram e jogaram álcool no corpo da vítima, ameaçando atear fogo. Em uma ação ousada, a quadrilha tomou banho, comeu e consumiu bebidas alcoólicas, enquanto um dos bandidos saiu da casa para tentar sacar dinheiro de contas da idosa. A quadrilha fugiu levando duas TVs, duas alianças de ouro, joias, celular, cartão bancário e outros objetos.
Vulnerabilidade de idosos facilita ocorrências
A chefe do 4º Departamento da Polícia Civil, delegada Patrícia Ribeiro, atentou para o fato de os idosos serem alvos fáceis de diversas modalidades criminais, principalmente, o estelionato. Para ela, algumas medidas simples podem aumentar a segurança deles. “Nós temos o Núcleo de Atendimento ao Idoso, que abarca o atendimento dos crimes previstos no Estatuto do Idoso. A maior demanda lá, atualmente, é relativa aos maus-tratos. Porém, os idosos são vítimas de vários outros crimes, infelizmente, por sua vulnerabilidade. O que orientamos é dificultar ao máximo a ocorrência de ações criminosas. No caso de roubos à residência, que são um crime ocasional, os criminosos podem agir depois de saber detalhes da rotina das vítimas. Então, não se pode passar particularidades dessa rotina para qualquer um. Outra coisa importante é não sair para checar barulhos, acione imediatamente a Polícia Militar. Evite deixar o portão destrancado. Isso, muitas vezes, ocorre porque o idoso teme passar mal e dificultar a entrada de socorro. Neste caso, estabeleça uma rede de contatos com vizinhos e parentes, deixando uma chave reserva com eles e estabelecendo um código de emergência”, alerta a delegada, ressaltando que nenhuma informação deve ser passada por telefone a estranhos.
Adolescentes também são suspeitos de tentativa de homicídio
A Polícia Militar localizou três dos cinco suspeitos de terem roubado a casa, no Bairro Santa Rita, onde a idosa de 60 anos foi feita refém, na terça-feira. Todos os detidos são adolescentes de 17 anos de idade. Dois deles estavam com mandado de apreensão em aberto por serem apontados como participantes de uma tentativa de homicídio ocorrida na última sexta-feira (8), também no Santa Rita. Um deles chegou a ser apreendido no dia deste crime violento, porém, voltou às ruas e agiu novamente quatro dias depois na casa. Os três suspeitos foram pegos também no mesmo bairro.
Militares faziam buscas na região pelo grupo, que já havia sido identificado, quando receberam a informação que o trio de adolescentes estava escondido em uma casa abandonada. Eles seguiram até o local, porém, os suspeitos fugiram por uma mata. Os militares constataram que o trio estava usando o local para guardar os materiais roubados. Parte dos objetos levados da casa da idosa foi achada no terraço do imóvel.
A PM reforçou as equipes de buscas, e o trio foi encontrado em um salão de beleza. Dois deles estavam com pedido de acautelamento por suspeita de atirarem na altura do peito de um homem, 21 anos, na Rua Doutor Geraldo Paleta. O baleado foi socorrido com vida para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde foi constatado que o projétil ficou alojado ao lado de seu coração. O homem foi submetido a uma cirurgia. Apenas um dos meninos foi apreendido no dia, porém, foi ouvido na delegacia e liberado. Só depois o mandado de apreensão contra ele e seu comparsa foi expedido. Os mandados foram cumpridos, e os suspeitos levados à delegacia. De lá seguiram para o Centro Socioeducativo. Um outro garoto também teria roubado a casa. Segundo a PM, este adolescente teria fugido da instituição e estaria guardando a arma usada na tentativa de homicídio. Porém, ele ainda não foi pego.
Na ocorrência policial da tentativa de homicídio, a PM reforçou a importância do acautelamento do adolescente apreendido. A PM destacou que ele já tinha quatro passagens pelos crimes de roubo, ameaça com arma de fogo e ainda uma denúncia de envolvimento com o tráfico. “Enfatizo a necessidade de se acautelar o menor para preservar sua própria segurança, uma vez que o mesmo está jurado de morte, segundo populares, devido ao atrito com gangues no mesmo bairro em que mora. Informo ainda que já foi comunicado junto à Promotoria da Vara da Infância e Juventude desta comarca, através de ofício, sobre os atos infracionais análogos a crimes que o menor vem praticando, deixando temerosos os moradores da localidade do Bairro Santa Rita.”
A Tribuna entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) a fim de saber se o adolescente chegou a ser acautelado no Centro Socioeducativo, mas não obteve resposta.