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Acidente na Serra do Bandeirantes: mulher é indiciada por homicídio de criança e lesão corporal de outras 5 vítimas

acidente bandeirantes

Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Samu atenderam a ocorrência (Foto: Divulgação / Corpo de Bombeiros)

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Menos de um mês após o acidente na Serra do Bandeirantes, a Polícia Civil concluiu o inquérito nesta terça-feira (12), e indiciou a condutora do veículo, de 36 anos, por homicídio qualificado com dolo eventual pela morte de Ângelo Gabriel Rodrigues de Mendonça, de 2 anos. A mulher também foi acusada de lesão corporal grave contra a irmã de Ângelo, 9 anos – que continua internada  no CTI infantil da Santa Casa de Misericórdia, e de lesão corporal leve contra outras quatro pessoas que estavam no carro atingido.

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O caso agora será enviado ao Ministério Público, que vai decidir como será o prosseguimento da denúncia: no Tribunal do Júri ou em um processo comum na Vara Judicial. Para Lucas Mendonça, vítima do acidente e pai da criança que faleceu, a celeridade das investigações que culminaram no indiciamento foi um alívio. “Muitos falam que a justiça da Terra não funciona, mas está funcionando, assim como a de Deus. Isso é um alivio. A perda é grande, mas a gente tem força para superar os obstáculos, por mais que a marca fique”, contou.

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Em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (13), o delegado Rodrigo Rolli, comentou sobre a solidez do inquérito, que conta com mais de 200 páginas. O documento foi construído a partir de perícias técnicas, testemunhas e imagens. O trajeto feito pela condutora do veículo foi analisado, percorrendo a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Estrada Engenheiro Gentil Forn, o bairro Democrata até chegar, finalmente, no Bandeirantes. Em todos os locais, foi constatado excesso de velocidade.

Ainda de acordo com o delegado, na UFJF, a mulher teria atingido o dobro da velocidade permitida, que é de 40 km. A universidade teria cedido à polícia filmagens da condutora passando pelo local, e a partir disso, a velocidade e distância foram calculados. No momento do acidente, ao contrário do que havia sido especulado quando ocorreu a tragédia, não estava chovendo. Outra informação que corroborou para o resultado do inquérito é a comprovação de que a mulher estava, de fato, embriagada.

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O teste clínico para embriaguez foi realizado cerca de quatro horas depois o acidente e deu negativo. Contudo, a mulher teria passado nove horas ingerindo álcool antes de tomar a frente do volante. Mais tarde, logo após o acidente, outras testemunhas também declararam que ela estava visivelmente embriagada. No chão do carro, havia uma garrafa vazia de cerveja.

“O fato de a mulher ter ingerido bebida alcoólica foi confirmado e fez com que ela fosse indiciada no caso. O médico do HPS que realizou o atendimento da mulher e outros que escutamos nos explicaram que a adrenalina pode subtrair os efeitos da bebida alcoólica, principalmente à medida em que ela foi tomando conhecimento da proporção do mal que causou”, explicou o delegado Rolli.

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Condutora vai aguardar julgamento em liberdade

Segundo o delegado, a mulher vai aguardar o julgamento em liberdade, conforme previsto na lei. Apesar de ter sido formalmente denunciada pela autoria no acidente, a condutora não tentou interferir na investigação e nem demonstrou intenção em fugir. “Ela em todo momento se mostrou disponível em vir até a delegacia. Ela preferiu não falar durante o interrogatório, mas isso é um direito”, ponderou.

Ao contrário do momento do acidente, em que testemunhas relataram que a mulher estava alheia ao que tinha acontecido, o comportamento da condutora mudou. Na última quinta (7), quando foi chamada para prestar depoimento, ela demonstrou noção quanto à gravidade do caso. Apesar disso, o pai, Lucas Mendonça, relatou que nunca foi procurado pela condutora.

“Ela nunca prestou apoio, isso é uma falta de vergonha. Com o velório a gente arcou, a gente teve gastos que não era pra gente ter. Minha filha continua internada, enquanto isso, minha mulher está junto com ela”, conta Lucas ao sair do prédio da delegacia, em Santa Terezinha, onde foi para buscar um documento junto à polícia. “Eu espero justiça e que isso seja concretizado o quanto antes. O final do ano está chegando e nosso sonho era passar  juntos, em uma ceia abençoada. Não vamos poder. porque uma parte foi retirada. Eu quero que ela seja presa o mais rápido possível, que ela passe a virada do ano bem guardada”, desabafou.

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Órgãos da criança foram doados

Angelo era a realização do sonho da família. O pai conta que ele e a esposa já tinham duas filhas meninas,e em uma gravidez planejada, veio a criança, o primeiro filho homem do casal. Quando o menino estava internado, ele diz ter conversado com Deus sobre como prosseguir diante daquela situação.

Com a morte da criança, ele tomou uma decisão fruto de uma reflexão, baseada na conversa com sua esposa e com seus pastores. “A gente está lidando com a dor de uma perda. Mas existem outras familias lutando para não perder quem ama” disse Lucas, ao contar da escolha por doar os órgãos da criança.

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