Diante do cenário de calamidade no Rio Grande do Sul (RS) e com o intuito de promover acesso à informação amplo e claro, a startup petropolitana QuipoTech (incubada no Laboratório Nacional de Computação Científica), em parceria com a Plataforma Circular – Cotton Move, desenvolveu um mapa virtual que reúne os pontos de acesso à água potável no estado. A equipe conta com dois juiz-foranos e ex-alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Tratam-se do cientista da computação Eduardo Krempser, que criou o mapa, e do jornalista Hugo Queiroz, que coordena o voluntariado do projeto do mapa e da coleta de dados.
Após as fortes chuvas que cobriram o Rio Grande do Sul nos últimos dias e deixaram como saldo milhares de pessoas desabrigadas, diversas estradas bloqueadas e dificuldade de acesso à água potável em vários municípios, os juiz-foranos participaram do desenvolvimento da ferramenta de auxílio.
Conforme divulgação da empresa, os dados são obtidos por meio de fontes oficiais – Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Além disso, são distribuídos em um mapa atualizável. Com isso, a informação pode chegar de forma mais simples a quem necessita. O mapa permite ainda a filtragem por municípios e indica a localidade mais próxima do usuário.
Importância do mapa
Em entrevista à Tribuna, Hugo Queiroz destacou que a startup já atuou em situação semelhante anteriormente. “A QuipoTech é uma empresa de Petrópolis, onde as fortes chuvas de 2022 causaram a morte de mais de 240 pessoas e deixaram um rastro de destruição na cidade. Sabemos como o acesso à água limpa e potável para a população diretamente impactada foi crítica. Hoje, assistimos ao povo do Rio Grande do Sul viver uma situação semelhante, e, infelizmente, mais aguda, com o agravamento do abastecimento de água. Toda iniciativa que sirva para contribuir para que ela chegue rapidamente a quem precisa é bem-vinda.”
Com o desenvolvimento do mapa, Hugo reafirma a busca por auxiliar no combate de um problema comum em momentos de calamidade: a pulverização de informações, às vezes não-confiáveis. Além disso, a ideia é seguir melhorando o mapa virtual. “Eventualmente, o intuito é que o mapa se aprimore, expandindo o raio para mais municípios afetados no RS e abarcando também fontes não-oficiais (empresas privadas e outras iniciativas), bem como agregando outros itens básicos, como roupas, itens de higiene pessoal, comida e colchões, por exemplo.”
Já o criador do mapa, Eduardo Krempser, relata que a ideia de um mapa virtual com os pontos de distribuição de água potável no Rio Grande do Sul vem, principalmente, da vontade de colaborar com a população mesmo à distância, sabendo que a colaboração pode ser pequena frente à dimensão da dificuldade que as pessoas enfrentam.
“Sabemos que o acesso à água potável é uma questão crítica, assim como a informação de qualidade. Por isso, nossa maior intenção é divulgar de forma rápida e fácil as localidades. Os dados apresentados já eram, de alguma forma, publicamente divulgados, mas sabemos que os esforços locais estão focados em diversas outras atividades. Por isso, pensamos em organizar as informações e apresentá-las da maneira mais prática possível”, ressalta.