
Animais têm sido vistos sozinhos ou em bandos em vários pontos de JF
Nas últimas semanas, juiz-foranos têm observado a presença, cada vez mais constante, de tucanos sobrevoando bairros da região central do município. Os Ramphastos Toco, como a espécie identificada na cidade é cientificamente conhecida, têm surgido em bandos de até seis aves, sendo encontrados, principalmente, no início da manhã e no fim da tarde, conforme observação do repórter fotográfico da Tribuna Leonardo Costa, que fez vários registros ao longo da última semana. Estes tucanos, caracterizados pelo enorme bico alaranjado e uma mancha negra na ponta, podem chegar a até 56cm de comprimento e pesar 540g. Mas o que desperta a curiosidade de muitos é saber porque eles estão nos ares da cidade.
Fato é que as aves, características do cerrado, têm aparecido de forma cada vez mais intensa em áreas com fragmentos de Mata Atlântica, como é o caso do município. Conforme o chefe do escritório regional do Ibama, Luiz Benatti, o aumento desta população é observado, principalmente, em razão da demanda de espécies machucadas que chegam ao órgão por meio da Polícia Militar de Meio Ambiente. “Embora sejam animais do bioma cerrado, mais comum no centro-oeste, eles têm sido vistos em várias outras regiões, pois são animais oportunistas e comem de tudo, de frutas até passarinhos, atacando o ninho de outras espécies.”
O biólogo Ralph Maturano, que trabalha com parasitologia de aves, disse que não há razões muito definidas para a proliferação das aves, mas uma hipótese plausível seria o desmatamento. “Os tucanos vivem em áreas abertas e, à medida que acontece o desmatamento, a área de ação deles aumenta. Ou seja, passam a frequentar espaços antes não utilizados, o que não significa, necessariamente, crescimento de sua população.” Outra característica, conforme o biólogo, está no fato de os tucanos evitarem voar sozinhos, estando sempre em bandos. “Certamente estão em busca de alimentos, então é importante que a população não forneça comida a eles, pois, com o tempo, podem se tornar dependentes deste recurso e, um dia, parar de caçar de forma natural.”
Questionado se o aparecimento deles pode ser considerado temporário, o especialista afirma que não: “A tendência é se manterem à medida que o desmatamento aumenta. A área de atuação deles tende a crescer cada vez mais.”