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Passageira de ônibus sequestrado no Rio relata momentos de tensão

viagem Cristo Redentor Daiana Carelli
Daiana foi até o Rio de Janeiro para conhecer o Cristo Redentor; ela retornava a Juiz de Fora quando o ônibus em que estava foi sequestrado (Foto: Arquivo pessoal)
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A viagem de férias planejada para realizar o sonho de conhecer o Cristo Redentor terminou em um grande susto para Daiana Carelli, juiz-forana de 34 anos que estava entre os passageiros do ônibus sequestrado no Rio de Janeiro nesta terça-feira (12). Na manhã desta quarta (13), ainda no Rio de Janeiro, Daiana falou à Tribuna sobre os momentos de medo e tensão que viveu.

A moradora do Bairro Santa Cecília, Zona Sul de Juiz de Fora, embarcou no veículo às 14h20, cerca de 15 minutos antes de Paulo Sergio de Lima, de 29 anos, sequestrar o ônibus e fazer passageiros de refém na Rodoviária Novo Rio. Ela conta que se acomodou na poltrona e aguardava a saída do ônibus para voltar para casa.

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Entretanto, a viagem foi interrompida antes mesmo de começar. A promotora de merchandising conta que, ainda na plataforma, o ônibus apresentou um defeito e não ligava. Por conta disso, ela e outros passageiros, que teriam que aguardar, foram para o lado de fora do veículo.

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“Me senti um pouco mal por conta do calor, e o ar-condicionado estava desligado. Então resolvi descer, em vista que tentavam dar partida no ônibus, mas não funcionava” ela conta. Além disso, Daiana imaginou que poderia haver uma troca do veículo, o que a motivou a esperar do lado de fora do coletivo. 

Tiros começaram logo após de envio de foto

Já na parte externa, Daiana tirou uma foto do ônibus para mandar para um amigo. Momentos depois, o barulho dos disparos de arma de fogo feitos por Paulo Sérgio começou. “Quando percebi os tiros no segundo andar, os vidros estourando por conta das balas e muita gente correndo, eu só pensei em me abaixar. Como tinha uma plataforma logo à frente, deitei nela”.

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Neste momento, o estudante de engenharia elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Lima da Costa Soares, de 34 anos, foi atingido com três tiros: no tórax, no coração e no baço. Nesta quarta, o estado dele é considerado crítico. Uma outra pessoa foi atingida por estilhaços. 

Após alguns minutos, as primeiras guarnições policiais chegaram e, neste momento, novamente, Daiana escutou disparos. Desta vez, Paulo Sergio de Lima atirava nos policiais do Bope, que teriam ido ajudar na contenção do criminoso e socorro às vítimas. 

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Ela conta que Bruno foi socorrido próximo dela. Mas quando a situação se agravou, ela foi para a entrada da rodoviária. Mais policiais chegaram, e o suspeito, passou a manter todos os passageiros que estavam no ônibus como reféns. 

‘Desespero coletivo’

“Enquanto o sequestro estava acontecendo lá dentro, a gente ficou muito sem saber o que fazer, porque como as minhas coisas estavam dentro do ônibus, eu não sabia para onde ir e também não sabia se eu poderia ficar lá, já que estava muito perigoso”, conta. Daiana também procurava um lugar seguro, mas a situação de desespero coletivo aumentava a tensão.

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Segundo ela, enquanto a situação se desenrolava, ela procurava alguém do Rio de Janeiro com quem pudesse fazer contato ou ajudá-la de alguma forma a sair daquela situação. De acordo com ela, o trânsito parado no entorno e a quantidade de policiais em circulação no local aumentavam a sensação de tensão e medo.

Mesmo após a finalização das negociações e a rendição do sequestrador, cerca de três horas depois, Daiana permaneceu na rodoviária, enquanto aguardava para recuperar seus pertences, ainda dentro do ônibus.

Após conseguir retirar os objetos, ela se abrigou em outro local no Rio de Janeiro, onde passou a noite. Durante a manhã desta quarta, ela relatou que se preparava para retornar a Juiz de Fora, mas que ainda sentia receio de embarcar em outro ônibus para fazer a viagem.

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Como foi o sequestro

O ônibus da Viação Sampaio, que faria o trajeto Rio de Janeiro x Juiz de Fora, estava na plataforma 27 da Rodoviária Novo Rio, de onde tinha previsão de partir às 14h30. Ao menos 43 passageiros tinham comprado a passagem para o percurso, contudo, um problema mecânico fez com que parte dessas pessoas descesse do veículo momentos antes dos primeiros disparos.

De acordo com depoimento do atirador, que estava fugindo de supostos traficantes faccionados da Rocinha e da própria polícia, a interrupção da viagem o fez acreditar que estava sendo perseguido. De posse de uma arma de fogo, e após ter confundido um passageiro com um policial, ele iniciou os disparos. Além de atingir Bruno Lima da Costa Soares e outro passageiro com estilhaços, o suspeito também disparou contra dois policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Somente Bruno ficou gravemente ferido.  

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