Uma ação conjunta entre as polícias Militar e Civil culminou na desarticulação de um grupo criminoso formado por, pelo menos, 15 adolescentes que vinham amedrontando moradores da região Nordeste de Juiz de Fora. Alguns estavam até deixando de sair de suas casas em determinados horários. Cinco deles foram apreendidos, suspeitos na participação de pelo menos 50 crimes, entre eles, tráfico de drogas, roubo, lesão corporal e ameaças. Para agirem livremente no bairro Eldorado comercializando drogas, eles ameaçavam os residentes. Um deles, 45 anos, foi agredido com golpes de barra de ferro na cabeça e teve traumatismo craniano.
A ação que culminou com o acautelamento dos cinco suspeitos, quatro deles de 17 anos e um de 15 anos, teve início faz cerca de um mês, depois que a Polícia Militar, por meio da 31ª Companhia, que é responsável pelo policiamento na Zona Nordeste, oficiar a Polícia Civil sobre a situação do bairro. A delgada Ione Barbosa, titular da 4ª Delegacia, instaurou um procedimento de ato infracional, que deu origem a operação “Teen”.
De acordo com a subcomandante da 31ª Companhia, tenente Camila Fernandes, os militares já haviam apreendido os adolescentes diversas vezes, porém, eles sempre retornavam às ruas. Eles agiram pouco menos de um ano. Um dos instrumentos que ajudou a polícia foi o WhatsApp.
“Eles tinham uma sensação de impunidade. Sempre eram liberados e voltavam a cometer os atos infracionais livremente. Além das ocorrências que estavam envolvidos, nós começamos a receber muitas denúncias de moradores assustados. A PM oferece uma rede de proteção com moradores na Zona Nordeste, onde, via celular, eles têm contato 24 horas com os policiais. Ficamos com um telefone na companhia o tempo todo, por onde os moradores podem fazer denúncias anônimas. Isso nos ajuda muito”, disse, atentando que aquele residente que quiser participar da rede de proteção deve procurar a 31ª Companhia, que fica no Bairro Bom Clima.
Oferta de drogas
Segundo a delegada Ione Barbosa, além de importunar os moradores, os suspeitos estavam assediando estudantes de uma escola da região, oferecendo drogas. Ela destacou que os apreendidos são os que organizavam o grupo. “Eu ouvi a diretora de uma escola da região e também moradores. Isso subsidiou o pedido de representação do acautelamento deles, que estão no Centro Socioeducativo Santa Lúcia. A população estava aterrorizada e alguns deles estavam deixando até de sair de suas casas por conta da atuação do grupo. Eles costumavam ficar em uma praça, onde também ameaçaram um homem que trabalhava no local, picharam a fachada de sua casa e jogaram pedras em sua direção. A princípio, eles teriam achado que foi este morador que os denunciou em uma das ocasiões que foram apreendidos”, disse, destacando que uma das vítimas não compareceu à delegacia, mesmo intimada, por medo de retaliações.
As apreensões ocorreram na quinta-feira (11). Três deles foram detidos na Vara da Infância e da Juventude, onde tinham ido para um audiência. Os outros dois foram apreendidos na região Nordeste. As polícias acreditam que a apreensão de parte do grupo vai ajudar com que caia os índices criminais na região. “As apreensões vão diminuir a sensação de impunidade, é uma forma educativa para os demais integrantes do grupo, que ficam com receio de cometer os atos infracionais livremente como estavam. Esperamos que os acautelados se ressocializem”, disse a tenente Camila Fernandes. As investigações continuam.
Tráfico de drogas fomentava outros crimes
De acordo com a delegada Ione Barbosa, a principal atividade criminosa do grupo era o tráfico de entorpecentes, porém, isso acabava fazendo com que outros crimes ocorressem, como furto, principalmente praticados por usuários de drogas que iam até o bairro comprar tóxicos, roubos e as ações criminosas contra os moradores, como ameaças e lesões corporais. A mais grave delas ocorreu no dia 11 de junho deste ano, quando um homem de 45 anos foi agredido com uma barra de ferro e pedradas. Os suspeitos são dois garotos, de 16 e 17 anos. De acordo com informações da ocorrência policial, a PM chegou ao local do crime pouco antes das 18h, encontrando a vítima caída no solo e com sangramentos na cabeça.
Populares relataram que o homem estava na rua discutindo com a dupla, momentos depois, os adolescentes de armaram com a barra de ferro e pedras e começaram as agressões. Os golpes foram todos na cabeça da vítima. Mesmo depois de caído no chão, o homem foi agredido. Os suspeitos fugiram e não foram pegos no dia.