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JF não atinge meta de cobertura vacinal infantil em 2023

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Franciele Aparecida da Silva com filho Arthur Miguel da Silva de 1 ano e 8 meses (Foto: Felipe Couri)
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Em 2023, Juiz de Fora não atingiu as metas de cobertura vacinal infantil recomendadas pelo Ministério da Saúde, contudo mais de 60% dos municípios brasileiros também não atingiram. A meta anual do Governo é vacinar 95% das crianças.

De acordo com dados da Secretaria de Saúde do município, no ano passado 70,36% dos recém-nascidos tomaram a vacina BCG, a qual previne contra as formas graves da tuberculose (meníngea e miliar), uma doença bacteriana infecciosa que afeta principalmente os pulmões; e 69,44% foram imunizados com a dose contra a Hepatite B, infecção grave do fígado.

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As outras vacinas incluídas no calendário infantil até os dois anos tiveram taxas menores de cobertura na cidade. Para a pediatra especializada em neonatologia, Mariângela Duarte, a queda da adesão, especialmente por causa de desinformação e fake news, aumenta o risco de novos surtos e epidemias. “Se as crianças não estiverem com as suas vacinas em dia, elas correm o risco de serem contaminadas e pegarem Sarampo, Caxumba, Poliomielite, entre outras infecções. Essas doenças também podem ser transmitidas e atingem toda a comunidade, o que gera riscos para crianças e adultos, principalmente para recém-nascidos e idosos”, explica a médica.

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O sarampo foi eliminado do território nacional em 2016 com as campanhas de vacinação, mas três anos depois, em 2019, o país perdeu o certificado da Organização Mundial da Saúde (OMS). Naquele ano, o país registrou 81,5% de cobertura vacinal. Desde então, os índices caíram. Em 2022, a cobertura foi de apenas 53% e mais dez mil casos foram confirmados na época, segundo o Ministério da Saúde.

A poliomielite (paralisia infantil) também é uma doença que pode voltar. Ela foi erradicada do território nacional em 1994, sendo quase 30 anos sem casos detectados. Contudo, o país tem alto risco de reintrodução da doença, visto que em apenas dez anos a cobertura vacinal da poliomielite foi de 96,5% em 2012 para 77% em 2022.

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Mortalidade infantil e a vacinação 

O Datasus  2022 informou que o percentual de mortalidade infantil por causas evitáveis (em crianças de até 4 anos) em Juiz de Fora foi de 74,80%, com 95 mortes confirmadas. Em Minas Gerais foi de 63,93%, o que representa 1.688 óbitos. O percentual é calculado tendo por base o total de óbitos infantis até a idade demarcada por causas evitáveis e o total de óbitos infantis, uma vez que no estado foram 2.640 mortes e 127 em Juiz de Fora.

Com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS), o indicador aponta a proporção de mortes que poderiam ser evitadas em âmbitos municipal, estadual ou federal com ações mais eficientes de assistência a gestantes e recém-nascidos, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos ou ações de promoção à saúde, o que inclui a vacinação.

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Dados da vacinação em Juiz de Fora

Segundo o Censo Demográfico de 2022, em Juiz de Fora 38.315 crianças estão na primeira infância, período que abrange os primeiros seis anos completos. O SUS disponibiliza 18 vacinas para crianças e adolescentes, que podem ser tomadas nos hospitais e maternidades para os recém-nascidos, e depois estão disponíveis nos postos de saúde. Todas protegem contra doenças que podem causar problemas sérios e até a morte, especialmente entre aqueles com sistema imunológico comprometido ou em desenvolvimento, como os bebês.

Conforme dados da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, as taxas diminuíram para as vacinas administradas aos dois meses. Os imunizantes são a Penta, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenza e B, (59,51%); poliomielite 1, 2 e 3, conhecida como VIP, (59,81%); pneumocócica 10-valente, chamada de Pneumo 10, (62,04%); e a rotavírus (60,96%).
No calendário disponibilizado pelo Ministério da Saúde, aos três meses está prevista a meningocócica C (Meningo C) que conta com 55,85% de cobertura. Aos quatro meses têm as segundas doses da penta, VIP, pneumo 10 e rotavírus, já aos cinco meses tem a segunda da Meningo C.

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Aos nove meses, as crianças também podem tomar o imunizante contra a febre amarela (47,48%). Aos 12 meses, está prevista a primeira dose da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola, conhecida como tríplice viral (1ª dose com cobertura de 62,23% e 2ª dose com 37,3%). Nos 15 meses também é incluída a vacina contra a hepatite A ( 55,01%) e a varicela contra a catapora (50,3%).

Aos quatro anos, o calendário estipula a aplicação de reforços. As crianças com cinco anos devem receber a pneumocócica 23-valente (Pneumo 23), e dos nove aos dez anos, a vacina contra o HPV (Papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18), incluídas no calendário do Ministério da Saúde. Contudo, em Juiz de Fora, os dados de vacinação infantil abrangem apenas crianças de até 2 anos, conforme informado pela assessoria de imprensa da PJF. 

Covid-19 e Influenza

Nos seis meses, além de reforços de outras vacinas, é incluída a dose contra a Influenza e contra a Covid-19, com esquema de três doses (aos seis, sete e nove meses de idade). Caso não tenha iniciado e/ou completado o esquema primário da Covid-19 até os nove meses, a vacina poderá ser administrada até os quatro anos, conforme histórico vacinal, respeitando os intervalos mínimos recomendados (4 semanas entre a 1ª e 2ª dose; e 8 semanas entre a 2ª e 3ª dose).

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Este ano, 56,06% das crianças se vacinaram contra a Covid-19 e 15,49% contra a Influenza, segundo a Secretaria de Saúde do município. Além disso, foram registrados 19 casos de Covid-19 em crianças até os dois anos.

Os médicos alertam que os números abaixo da meta de cobertura vacinal podem proporcionar o surgimento de mais vetores de transmissão e novas variantes de doenças.   Um estudo da Escola de Medicina de Harvard em parceria com o Brigham and Women’s Hospital e com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), publicado em 2021, atestou altas cargas virais de SARS-CoV-2 entre bebês, crianças e adolescentes que testaram positivo para o novo coronavírus. De acordo com os especialistas, os pequenos são como “reservatórios” para a evolução de novas variantes do vírus SARS-CoV-2, que podem ser mais contagiosas e, consequentemente, adoecer mais crianças.

Melhora no cenário de vacinas 

Os dados de 2024 coletados até 24 de abril já apontam uma melhora no cenário de imunização de crianças em Juiz de Fora. As vacinas BCG e Hepatite B atingiram a meta do Ministério da Saúde de 90%. Essas devem ser aplicadas em recém-nascidos preferencialmente em até 12 horas após o nascimento. O ideal é que crianças até os cinco anos recebam a dose da BCG. Já a Hepatite B tem três doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose e de 180 dias da primeira para a terceira.

As outras vacinas estão com números maiores comparados ao mesmo período do ano passado. Confira no quadro:

(Fonte: Secretaria de Saúde de Juiz de Fora)

A Prefeitura de Juiz de Fora considera que o aumento nos números da vacinação infantil neste ano foi possível graças à ampliação da oferta de vacinação no município por meio da expansão dos horários de atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS), além da realização de campanhas, como o Imuniza JF, e mutirões de vacinação. “A população atendeu ao chamado e compareceu nos postos para colocar os cartões vacinais em dia”, acrescenta em nota.

A Secretaria de Saúde de Juiz de Fora também informou que não houve registro de nenhum caso de tuberculose, hepatite B, difteria, pólio e meningite nesse grupo de crianças em 2024.

*Estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

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