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Polícia conclui que adolescente de 14 anos mentiu sobre sequestro

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Atualizada às 13h30

A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher apresentou à imprensa nesta sexta-feira (12), a conclusão de dois inquéritos que apuravam supostos sequestros e estupros de uma mulher de 21 anos e de uma adolescente, 14. Os casos chamaram a atenção na época que ocorreram e causaram comoção tanto da polícia quanto da sociedade. No episódio envolvendo a garota de 14 anos, os policiais relataram surpresa com a história “cinematográfica” que foi inventada. Ela simulou ter sido sequestrada e mantida em cárcere privado por integrantes de uma gangue por cerca de 20 horas e abusada sexualmente, entre a noite do dia 22 e a tarde do dia 23 de abril. Conforme a Polícia Civil, foram gastas duas semanas de investigações para descobrir os fatos verdadeiros. O falso crime motivou a Câmara Municipal a criar até uma CPI para apurar brigas de gangues.

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Na época, conforme o relato da adolescente à Polícia Militar, os supostos autores do crime disseram que o motivo do sequestro seria o fato de a garota ser residente de um bairro “rival” do Jardim Gaúcho, na Zona Sul. De acordo com informações do documento policial, prestadas pela própria garota, ela teria saído para comprar um lanche, por volta de 21h, quando teria sido abordada por três homens enquanto caminhava pela Rua Marciano Pinto, no Bairro Cidade Nova, Zona Sul. A menina relatou aos policiais que o trio estava em um Fiat Palio preto e que o ocupante do banco traseiro estava armado e a obrigou a entrar no carro.

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A adolescente informou que teria sido levada até a Barreira do Triunfo, na Zona Norte, onde foi forçada a manter relações sexuais com um dos homens. Conforme ela, os bandidos usaram seu telefone para mandar mensagens via WhatsApp para seu namorado e sua prima. Nas conversas, os autores diziam que a vítima estava sob o poder deles, que eles não iriam matá-la, “mas iriam fazer uma maldade e soltá-la no dia seguinte à noite”. Porém, segundo apurou a Polícia Civil, as mensagens foram enviadas pela própria garota. “Nossa equipe refez com ela a suposta rota usada pelos criminosos, e aí começou a surgir a primeira desconfiança de que a história seria falsa. Ela disse que gastou duas horas de carro até a Zona Norte. Investigadores estiveram em vários estabelecimentos comerciais com câmeras no trajeto que o carro poderia ter passado, e nenhum deles mostrava o veículo”, comentou a delegada responsável pelo inquérito, Sheila Oliveira.

Segundo a delegada, após a primeira versão ser desmascarada, a garota contou outra mentira, desta vez envolvendo um ex-namorado de sua mãe. “Ela nos disse que já havia sido abusada por este homem quando tinha 11 anos , e que ele teria a ameaçado caso ela não tivesse este encontro com ele”, afirmou. Depois de várias contradições nas inquirições, esta versão também caiu por terra.

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Nos chamou a atenção que todas as versões contadas por ela eram muito bem elaboradas, e poderiam ter levado inocentes a responderem por crimes graves.

Sheila Oliveira, delegada

De acordo com Sheila, a menina chegou a apontar traficantes conhecidos e perigosos da cidade como sendo também autores do crime. “Em uma quarta versão, ela citou este ex-namorado dela, e também o colocou como autor do crime. O garoto foi intimado e já chegou à delegacia com advogado e nos contou toda a verdade, mostrando as conversas que ele e a garota tiveram pelo WhatsApp, onde ficou bem claro que ela mentiu o tempo todo”, disse a delegada. O rapaz confirmou também que estava com a adolescente durante o tempo que ela alegou ter sido mantida em cárcere privado.

Sheila Oliveira relatou que nas mensagens a menina ironizava a ação da polícia, dizia que “passeou” de viatura o dia todo, e que a mentira que ela inventou seria uma prova de amor para o ex-namorado. Nas conversas ela debochava também dos funcionários do Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde ela estava indo para tomar um coquetel contra doenças sexualmente transmissíveis. “Nem quando ela foi desmascarada demonstrou arrependimento ou remorso de ter enganado a família, a imprensa, profissionais de saúde e a polícia. Ela foi fria o tempo todo. O inquérito já foi concluído, e ela irá responder por ato infracional análogo ao crime de denunciação caluniosa”, finalizou Sheila.

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Jovem de 21 anos pode ficar até oito anos em reclusão

Outra história falsa desmascarada pela Especializada foi a de uma jovem, 21 anos, que procurou a delegacia após supostamente ter sido mantida refém e obrigada a manter relações sexuais com um homem que teria conhecido pela internet. O episódio teria ocorrido no Bairro Grama, região Nordeste. A suposta vítima registrou a ocorrência no dia 6 de abril, e disse aos policiais que foi obrigada a ficar durante todo o final de semana no apartamento do homem. Ela relatou que foi abusada sexualmente durante o período. “Percebemos várias contradições durante os depoimentos dela, e a mulher acabou confessando que mentiu por medo de represálias da família. Ela na verdade ficou com o homem por livre e espontânea vontade”, disse Sheila, acrescentando que a jovem foi indiciada por denunciação caluniosa, e que a pena varia de dois a oito anos de reclusão.

A delegada destacou que a Especializada recebe um número alto de falsas denúncias de crimes. “Infelizmente, algumas pessoas tentam usar a Delegacia de Mulheres para a resolução de conflitos pessoais, fazendo falsas acusações. O grande problema é que isso acaba banalizando o caso e colocando em descrédito as verdadeiras vítimas. Nós, mulheres, já somos tão massacradas nessa questão de preconceito. Somos sempre julgadas e culpadas pelo nosso comportamento e até pela roupa que usamos. Situações como estas em nada ajudam a eliminar o preconceito que sofremos,” finalizou a delegada.

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