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Comunidade escolar reivindica manutenção de área verde usada para atividades educativas

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Nesta quarta-feira (12), a comunidade da Escola Municipal José Calil Ahouagi, localizada no Bairro Marilândia, na Zona Oeste de Juiz de Fora, promoveu manifestação em prol da manutenção da área verde mantida pela escola e usada por professores e alunos para desenvolver práticas pedagógicas. Localizada ao lado da unidade de ensino, o terreno é de propriedade da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), mas estaria sem uso, nem manutenção adequados antes da ‘apropriação’ com propósito de preservação ambiental e realização de atividades educativas. A intenção do Poder Público é que seja construída uma nova escola no espaço, para atender a demanda de moradores do bairro.

De acordo com um dos manifestantes, há anos o terreno estaria ‘em disputa’: em 2019 chegou a ser anunciado projeto de construção de UBS na área, que, mais tarde, foi interrompido. Agora, a intenção seria erguer uma nova escola no local, para atender a demanda de estudantes da região. “Não houve comunicação, disseram que o projeto já tem planta baixa e ligaram pedindo fechamento do espaço. Não sabemos do projeto pedagógico e a quem vai atender,” disse.

Ninguém está contra a construção de uma nova escola, ressaltou o manifestante, espera-se que o projeto seja “tirado do papel”, mas em outro espaço. “A área verde pode ser usada pelas duas escolas e garantir a qualidade de ensino de ambas.”

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(Foto: Felipe Couri)

‘Terra não é luxo, é um direito’

A José Calil Ahouagi foi construída em 2008 e, já em 2011, buscando dar uso produtivo ao terreno baldio, os professores de Matemática e Ciências criaram o projeto “Mãos da Terra”. Com a iniciativa, as crianças matriculadas, desde a educação infantil ao 9º ano do ensino fundamental, foram ensinadas a plantar verduras e árvores frutíferas, como mangueiras, bananeiras e aceroleiras, e a entender as épocas de colheita, os cuidados com o solo e a bioconstrução. Os alunos também usam o espaço para aulas de dança, música, teatro, capoeira, antropologia e têm contato com a natureza, podendo subir em árvores e “esticar e movimentar” o corpo.

Conforme ressalta outro manifestante, após o crescimento do bairro, a escola e a área verde estão entre os poucos aparatos públicos abertos à comunidade, responsáveis por oferecer, aos filhos dos trabalhadores, a qualidade de ensino e o espaço para brincar que todos almejam. Muitas mães levam seus filhos para brincar na área verde, mesmo os que não estão matriculados na escola. “Terra não é luxo, é um direito”, diz.

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(Foto: Felipe Couri)

Relação de pertencimento

Taís Almeida, 41 anos, advogada, tem dois filhos matriculados na escola: Valentim e Miguel, estudantes do ensino fundamental. Como conta, seus meninos têm uma relação de pertencimento com a área verde da José Calil. “Quando eles não têm atividades fora da escola, pedem pra continuar na “horta”, que é como chamam a área verde. Eles aprendem imersos naquele ambiente.”

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A mãe defende o acesso ao meio ambiente como um direito de toda criança e a preservação do espaço por fazer parte do projeto pedagógico da escola. A área verde é “um refúgio em meio ao cotidiano cada vez mais tecnológico e urbano. A maioria das crianças que estuda na José Calil vive em apartamentos e tem pouco acesso à natureza no dia a dia. Para elas, esse espaço representa uma oportunidade rara de brincar ao ar livre, explorar o ambiente natural e ter contato direto com a terra e as plantas”.

Procurada, a Prefeitura de Juiz de Fora, por meio de nota, afirmou que está estabelecendo diálogo com a comunidade para mediar a situação.

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