Amor ao carnaval foi o carro-chefe de todas as escolas de samba do grupo especial que desfilaram na Avenida Brasil neste domingo (12). O bom samba, as fantasias esplendorosas e a criatividade expressa em cada alegoria acentuaram a energia que emanava das escolas direto para as arquibancadas.
Do uso de led nas fantasias a rojões que enfeitaram com fumaça colorida a Passarela do Samba, as agremiações não pouparam esforços para surpreender o público que assistia ao show de cores e inventividade. O resultado, segundo o artista Carlos Bracher, que compareceu para prestigiar o evento, foi uma miscelânea entre a tradição e o novo, entre o presente e o futuro.
“Carnaval é uma festa humana, uma festa de gente, uma festa de sonhos, de poesia e encantamento e, portanto, de arte” disse o pintor e escritor. Ele também destacou a inovação que saiu dos barracões das escolas e marcou presença na avenida.
“Tem que inovar. Não pode ser a vida inteira a mesma coisa. Os olhares vão mudando, e a gente tem que mudar também. Carnaval é tradição, mas é algo futurista também. É o hoje e o amanhã, e o depois de amanhã. É uma coisa sem tempo”, conclui.
Alem da beleza, o samba no pé e o carisma encantaram desde o pessoal da arquibancada aos que estavam na concentração do local. Foi assim que o professor de dança e passista Fernando Matias, 62 anos, ganhou o público. Há 54 anos ele desfila no maior espetáculo da cultura brasileira, em uma história de vida que perpassou a presença em várias escolas de samba ao longo do tempo. “Carnaval é o prazer e a alegria de viver”, conta ele, emocionado. Com experiência em ballet clássico, jazz, sapateado e dança de salão, Fernando destaca que o molejo é tão importante quanto a técnica na hora de exibir uma grande apresentação para o público.
A alegria também foi um sentimento compartilhado por quem estava assistindo. Rita Reis, 58 anos, foi assistir o desfile junto a família. A paixão pela Folia de Momo foi compartilhada entre observar as escolas e também fazer parte delas. “Nos somos Ladeira, esse amor pelo carnaval vem desde muito tempo, eu comecei na bateria, fui para coordenação e agora estou envolvendo minha filha, porta bandeira, e meus netos.” Enquanto o menino desfilaria pela Herdeiros da Vila, a neta sairia pelo Turunas.
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Tatiane Santos, 40 anos, importante figura do carnaval juiz-forano, com longa passagem como passista, desta vez, foi designada para a condução do mestre-sala e da porta-bandeira da agremiação do Santa Luzia. Nascida e criada no Rio de Janeiro, local em que desfilou pela Mangueira desde os 6 anos, trouxe influência do carnaval carioca para Juiz de Fora. Em 2007, ela foi princesa do carnaval da cidade e, no ano seguinte, rainha, uma trajetória de majestade do samba muito bem construída e representada.
Mesmo após tantos anos, ela revela que a emoção é a mesma. “O negócio e a gente brincar, ser feliz, aproveitar cada segundo com muita consciência. Carnaval é o melhor do ano. Eu queria ter nascido no Carnaval” conta, em tom de brincadeira, por fazer aniversário no mês seguinte, já em março.
Jéssica Ferreira, 33 anos, coordenadora da ala das passistas, compartilha o mesmo amor e o “berço de samba”, o qual ela mesmo conceitua. “O samba é um mix de sentimento, amor, raça e muita resistência. Para chegarmos aqui hoje, tivemos que lutar muito.”
Prefeita destaca estrutura construída para os desfiles
A prefeita Margarida Salomão também esteve presente para assistir ao começo dos desfiles do grupo especial. “Essa é a nossa história, essa é a nossa tradição, essa é a forma como as pessoas se encontram para celebrarem, para namorarem, para o que elas quiserem. É o papel da Prefeitura oferecer as infraestruturas necessárias, e foi isso que nós fizemos esse ano, para não deixar que essa alegria se perca e que o Carnaval prossiga vivo.”
A líder do Executivo também comentou sobre os impactos no trânsito ao longo da semana, uma vez que a estrutura foi montada em uma importante via de acesso da cidade. “Nós tivemos um impacto muito difícil no trânsito essa semana. Então nós temos que testar, verificando qual é a melhor saída”. Nesse sentido, ela abriu a possibilidade de Juiz de Fora ter seu próprio sambódromo num futuro próximo.