Ícone do site Tribuna de Minas

Vídeo de funcionários empenando rodas não é de empresa juiz-forana, afirma polícia

delegado eurico by olavo
Segundo delegado, quem recebe e repassa notícia falta também pode responder criminalmente da mesma forma, nesse caso, por difamação (Foto: Olavo Prazeres)
PUBLICIDADE

A Polícia Civil investiga a disseminação de um vídeo, por meio do aplicativo WhatsApp e de outras redes sociais, que acabou prejudicando a empresa Dinâmica Pneus, situada na entrada do Bairro Jardim Casablanca, na Cidade Alta, em Juiz de Fora. As imagens de funcionários empenando rodas de forma proposital, lançando-as violentamente contra o chão, teriam sido gravadas há cerca de dois anos em uma loja do Rio com nome semelhante, mas começaram a ser compartilhadas, desde o último dia 3, junto com a localização geográfica da empresa juiz-forana de soluções automotivas. A fake news ainda era acompanhada do texto: “Empenando rodas enquanto o cliente não vê. Vamos deixá-los famosos. Compartilhe.”

O titular da 2ª Delegacia, Eurico da Cunha Neto, está à frente das investigações e alerta: quem recebe e repassa notícia falta também pode responder criminalmente da mesma forma, nesse caso, por difamação. “É um crime contra a honra, com aumento de pena por ter sido feito na internet. Ouvimos a vítima, vamos ouvir algumas testemunhas e tentar chegar à pessoa que causou esse prejuízo, de forma maldosa.” O delegado explica que o trabalho é lento, por não haver suspeitos. “Precisamos seguir todas as pessoas que mandaram e compartilharam essa mensagem, para que elas possam ser responsabilizadas.”

PUBLICIDADE

O delegado acrescenta que “as pessoas compartilham as coisas de forma automática, sem noção ou ideia de que estão cometendo crime ou prejudicando alguém, mas podem responder civil e criminalmente”.

PUBLICIDADE

“Todo cuidado é pouco, tudo tem que ser verificado. As fontes têm que ser seguras, não podemos aceitar informação de qualquer lugar.”

No caso específico da loja automotiva, o agravante da informação falsa é o prejuízo financeiro, além do moral. Como o objetivo da ação mostrada nas imagens seria empenar as rodas de clientes para depois poder cobrar pelo conserto das mesmas, quem assiste fica revoltado. “A pessoa trabalha anos e anos, com uma reputação boa na cidade e, de uma hora para outra, recebe telefonemas com críticas e até prováveis ameaças”, analisa Eurico. Ele lembra que há projetos de lei tramitando no Congresso especificamente sobre fake news, mas, por enquanto, não exige legislação específica para esse tipo de delito. “Hoje em dia caem na vala comum dos crimes contra a honra, com agravante de ser na internet.”

Após fake news, nota virtual foi reduzida de 5 para 3,5

Quem sentiu na pele – e no bolso – o que é ser alvo de uma fake news sabe como é trabalhoso reverter essa situação e voltar a ter credibilidade no mercado. Para desmentir que o vídeo havia sido gravado na Dinâmica Pneus, o empresário Bruno Barbosa, 41 anos, não só recorreu à polícia, como também publicou uma nota de esclarecimento, explicando que o vídeo foi feito em outra firma, de outro estado e completamente sem ligação com a dele.

PUBLICIDADE

“Fui surpreendido por esse vídeo, que começou a circular por WhatsApp, inicialmente, e por outras redes sociais. Os transtornos foram enormes. Desde domingo (3) recebi inúmeros telefonemas. As pessoas falavam: ‘Que vergonha, jogar roda de cliente no chão”, conta a vítima.

“Fomos pegos de surpresa e nos sentimos sem saber como agir. Mas fiz um post com esclarecimento, tentando dar uma contrapartida nessa notícia mentirosa.”

Por causa de postagens, mensagens e compartilhamentos negativos realizados por pessoas que acreditaram se tratar de imagens da empresa juiz-forana, Bruno viu cair a nota máxima obtida por sua empresa na avaliação do Google. A avaliação baixou de 5 para 3,5 pontos. “Ficamos muito chateados, porque são anos de trabalho dedicado à população. Estou sempre prezando pela satisfação dos meus clientes e pela excelência do serviço.”

PUBLICIDADE

Depois de pesquisar o nome escrito nas costas de um dos funcionários que aparece no vídeo, com apenas uma última letra a mais da grafia da sua firma, Bruno descobriu se tratar, na verdade, de uma rede de lojas do Rio e São Paulo. “Entrei em contato com a empresa, e eles falaram que os funcionários que aparecem na gravação foram demitidos e estão sendo processados. Mas o vídeo continuou circulando”, lamenta.

Sair da versão mobile