Ícone do site Tribuna de Minas

Mobilização no São Damião

Aos 52 anos, Geraldo Felício dos Santos reúne documentos na esperança de encontrar suas origens  (foto: Bárbara Riolino)
Aos 52 anos, Geraldo Felício dos Santos reúne documentos na esperança de encontrar suas origens (foto: Bárbara Riolino)
PUBLICIDADE

Aos 52 anos de vida, Geraldo Felício dos Santos cultiva o sonho de encontrar a mãe e conhecer possíveis familiares. Tudo o que sabe sobre a sua vida está em registros que carrega consigo desde os 18 anos de idade, quando chegou sozinho a Juiz de Fora contando com a sorte e com a boa vontade das pessoas. Em 1986 ingressou como auxiliar de serviços gerais no Horto Florestal da Empav, órgão da administração indireta da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), onde atua até hoje. Há 15 anos reside em uma casa no Bairro São Damião, na Zona Norte.

Geraldo não tem filhos, tampouco uma companheira, ocupa o tempo livre cultivando amizades pelo bairro onde vive. Os laços são tão fortes entre as vizinhas que três delas se mobilizaram e criaram a campanha #TodosPeloGeraldo, que busca informações sobre o paradeiro de sua mãe e parentes.

PUBLICIDADE

Nos documentos que Geraldo possui, sua mãe, Maria das Dores Felício, deu a luz no Sanatório Marquês Lisboa, hoje Hospital Madre Tereza, Belo Horizonte, em 22 de junho de 1964. No registro civil, não consta o nome do pai, apenas do avô e da avó materna, Jerônimo Felício dos Santos e Maria da Conceição. Com quatro dias de vida, Geraldo foi encaminhado ao Orfanato Menino Jesus, também na capital. Segundo as vizinhas, a justificativa apurada na época, que consta no documento, é que, devido a casos de tuberculose, as mães eram afastadas de seus filhos para evitar o contágio. Contudo, Geraldo não foi devolvido aos braços da mãe e permaneceu no orfanato até os 8 anos. Depois, foi levado para a Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem) em Itanhandú (MG), ficando lá até os 15 anos, sendo transferido para a unidade da Febem em Juiz de Fora, onde ficou até completar a maioridade.

PUBLICIDADE

 

 

PUBLICIDADE

Solidariedade move a vizinhança

A comerciante Cida Queiroz, 54, uma das vizinhas idealizadoras da campanha, pontua que ele sempre teve essa vontade de encontrar seus parentes. “Principalmente quando chega o Natal e o Ano Novo. Ele passa com os amigos, mas família é sempre família. Todo mundo tem vontade de conhecer seus parentes. Nestes 15 anos de convivência, sempre vi ele dizendo que tem vontade de conhecer a família”, ressalta.

Cida ressalta que nos documentos constam informações de que existem supostas tias nos municípios de Mariana (MG) e de Bebedouro (SP), mas sem muitos detalhes. Muitos destes dados, segundo Gisele Carniato, 40, outra vizinha, foram obtidos pela equipe da Empav, que o ajuda sempre que necessário.

PUBLICIDADE

Geraldo é um homem de poucas palavras, mas de muitos sorrisos. É carinhoso e alegre com as pessoas do bairro e de seu trabalho. “Meu maior sonho é encontrar a minha família. O parente da gente faz falta. Estou otimista de que irei encontrar alguém, se Deus quiser”, destaca ele. Atualmente, Geraldo enfrenta alguns problemas de saúde. Recupera-se de uma lesão no braço direito, que foi causada por um tombo provocado, provavelmente, por uma crise epilética, que passou a ser controlada recentemente por medicamentos. Geraldo está em tratamento médico, e em todas as consultas é acompanhado pela aposentada Maria do Carmo da Silva, 65, que trata Geraldo como um filho.

Família de coração garantida

Mesmo se a busca falhar, dada a superficialidade dos dados que Geraldo e as vizinhas possuem, as amigas deixaram claro que ele já pode contar com uma família adotiva, com direito a mãe e irmãs. “A história dele comove qualquer pessoa. A gente quer encontrar a família dele e tentar protegê-lo contra qualquer tipo de abuso e exploração. Ele é uma pessoa boa, tem um coração grande”, ressalta Maria do Carmo. Para ela, se alguém aparecer será uma alegria imensa. “A gente quer que seja uma família boa, com pessoas boas, que possam cuidar dele como a gente faz. Somos vizinhos, mas é como se fossemos uma família”, diz. Maria do Carmo comenta que já apareceram algumas pessoas na Empav dizendo ser parentes dele, mas, na verdade, queriam se aproveitar de sua condição de vida. “Já o adotei como filho e vou ajudá-lo nesta luta até o fim. Tenho muitos filhos e netos de coração. Ajudar as pessoas é muito bom. A gente se sente bem, dorme bem, pensa melhor. Temos que fazer o bem sem ver a quem”, relata, Maria do Carmo, emocionada.

PUBLICIDADE

Quem puder ajudar Geraldo e as vizinhas nesta busca pode entrar em contato pelos telefones: 3221-9436 e 3225-8732.

Sair da versão mobile