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Aplicação do Enem durante pandemia suscita preocupação em Juiz de Fora

Inep Oficial by redes sociais
As provas estão previstas para ocorrer nos próximos dois domingos, dias 17 e 24 de janeiro, para quem vai fazer a versão impressa (Foto: Inep Oficial/Redes Sociais)
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A edição 2020 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deverá ocorrer nos dias 17 e 24 de janeiro para os estudantes que farão a prova impressa e nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro para os inscritos no piloto digital do certame. Em Minas, um total de 568.560  pessoas fizeram seus cadastros. Houve aumento de participantes em relação à aplicação anterior do exame, nos três níveis. Nacionalmente, há 700 mil estudantes a mais do que havia na edição anterior. Já em Juiz de Fora são 1.726 inscrições a mais, totalizando 19.350 concorrentes. Em função da pandemia, a prova que deveria ser aplicada em 2020 foi adiada.

As mulheres são maioria entre os candidatos mineiros. Elas representam 348.765 inscrições de um total de 568.560 participantes. Os homens inscritos somam 219.795. No recorte racial, as pessoas que se autodeclararam pardas são maioria, com um total de 246.143 inscritos, seguidos pelos autodeclarados brancos, que são 212.025, e pretos, que são 84.393. Há ainda 12.368 autodeclarados amarelos, 2.154 indígenas e 11.477 pessoas que não fizeram a autodeclaração.

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Ainda de acordo com o perfil dos candidatos publicado pelo Inep, há 364.744 declarações de carência aprovadas em Minas, sendo que 103.519 candidatos tiveram acesso à inscrição gratuita e 100.297 tiveram o pagamento confirmado.

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As pessoas que já concluíram o ensino médio são maioria entre os inscritos, somando 382.913, seguidos pelos que estão cursando o último ano do ensino médio, que são 123.744.

A presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirma, em entrevistas, que é necessário manter a aplicação do exame, para dar continuidade às políticas públicas de acesso. Além disso, também reforça que as medidas de biossegurança para os participantes serão reforçadas com ações, como a antecipação do horário de abertura dos portões dos locais de prova para evitar aglomerações.

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Receio

Ainda com todos os cuidados e avisos, alguns estudantes ainda não se sentem totalmente seguros. Mesmo reconhecendo o privilégio de ter estudado em um colégio particular, com estrutura, material e aulas on-line, a estudante Rafaella Mattos, de 18 anos, está receosa com a exposição que a prova presencial pode provocar e cogita não comparecer ao exame.

“Desde quando a pandemia foi anunciada, havia a dúvida de como seria o Enem. Uma prova feita por milhares de pessoas, em salas cheias. Desde o começo, as informações não foram tão claras. Vão ter quantas pessoas por sala? Quantas escolas foram selecionadas? Terão mais escolas? O distanciamento social vai ser feito de verdade?”, questiona a estudante.

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Na opinião de Rafaella, seria necessário um adiamento maior, não só para que seja possível aplicar a prova com maior segurança, mas também em respeito aos alunos de escolas públicas, que tiveram acesso precário ao ensino remoto.

Aprofundamento das desigualdades

Além das dificuldades causadas pela necessidade de distanciamento social, a pandemia agravou as desigualdades entre estudantes de escolas públicas e de escolas privadas. Nas instituições públicas, conforme pontua a doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da UFJF, Katiuscia Antunes, ocorreram muitas dificuldades para conclusão do ano.

“Se as desigualdades eram grandes entre os públicos das escolas públicas e das escolas privadas, o que aconteceu em 2020 pode agravar esse quadro e colocar esses estudantes em condições de desvantagens significativas, em relação à preparação para a prova.”

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Ainda de acordo com Katiuscia, outra questão que pesa sobre os estudantes é a pressão psicológica. “Esses estudantes já sofrem no contexto de normalidade. Com a pandemia, também houve um processo de adoecimento desses jovens, que não conseguiram que seus planos se concretizassem durante o ano por uma série de questões.”

Para a professora da UFJF, as condições não são as mais adequadas para que se tenha uma avaliação do tamanho do Enem. “Seria muito prudente, na minha opinião, que o Governo revisse a aplicação da prova nesse momento, para que a gente não tenha consequências mais séria com esse abismo de desigualdades entre os jovens.”

Ela ainda acrescenta que, mediante o quadro crítico existente no país e em Juiz de Fora em relação à Covid-19, a prova pode provocar uma exposição desses jovens a um processo de aglomeração. “Mesmo que todas as medidas sejam tomadas, sabemos que é algo que pode gerar esse movimento”, acrescenta a professora.

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