Juiz de Fora apresentou um salto preocupante no número de casos de sífilis. A manifestação da doença, cuja contaminação ocorre por relações sexuais, chama a atenção dos serviços de saúde do Município, que têm atuado de forma imediata tão logo o diagnóstico seja realizado. Em dois anos, o índice de pessoas diagnosticadas com a doença mais do que dobrou, saltando de 140, em 2014, para 328 casos notificados em 2016. Em 2015, o índice já havia apresentado uma alta de 67,8% em relação ao ano anterior, com 235 diagnosticados. De 2015 para 2016, o aumento foi menor, em torno de 39,5%. O quadro é alarmante, diante de uma epidemia no país. Outro fator preocupante é a tranquilidade de portadores da doença com o rápido desaparecimento dos sinais e também pela dificuldade de aderir ao tratamento de forma regular.
De acordo com o chefe do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids), Oswaldo Alves dos Santos Júnior, existe hoje uma banalização da doença diante da utilização do coquetel, o qual permite uma vida tranquila a partir de um tratamento regular. “A sífilis, como outras DSTs, vêm surgindo com mais frequência pelo fato de as pessoas não terem mais esse receio do relacionamento sexual sem preservativo ou o início da vida sexual de forma cada vez mais precoce. Por isso é extremamente importante o uso do preservativo”, recomenda.
A doença se manifesta inicialmente por verrugas na genitália. Segundo Alves, a pessoa contaminada não sente dores e, pelo fato de desaparecerem em 30 dias, acreditam que já estão curadas. “Muitas vezes, a pessoa acha que não tem nada, mas a doença pode se manifestar de forma grave, como cegueira, má formação congênita no caso de gestantes ou até levar o paciente à morte”, explica. Diante da situação, Oswaldo afirma que o tratamento é iniciado imediatamente com a aplicação de três doses de penicilina. “Mas um problema que acontece é que muitos portadores da doença tomam apenas a primeira dose e somem. Não retornam para tomar a segunda e a terceira dose, achando desnecessário. Esse é um trabalho que temos que encontrar uma forma de administrar”, afirma.
Em relação ao número de gestantes diagnosticadas com a doença, Oswaldo afirma que a situação no município hoje já se encontra em um estágio de controle. “A gente vem conseguindo estabilizar. Como é feito o pré-natal, oferecido na atenção primária, elas passam por esta testagem. Claro que algumas, em situação de vulnerabilidade, acabam não fazendo, mas hoje a situação é mais controlada”, assegura. Em 2016, foram 58 gestantes portadoras da doença, contra 87 no ano anterior, uma queda de 33,3% ante um salto de 97% de 2014 para 2015, quando houve um aumento de 44 gestantes diagnosticadas.
No caso dos primeiros sinais da doença, a pessoa pode procurar o Centro de Vigilância em Saúde, na Avenida dos Andradas 475, no Centro, onde o exame é feito de forma rápida e gratuita. O funcionamento do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) é de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h. O teste pode ainda ser agendado pelo telefone (32) 3690-7505. É necessária a apresentação de um documento com foto, mas todo o procedimento é feito de forma sigilosa e segura. Em caso positivo, o tratamento é iniciado imediatamente com a aplicação de penicilina.