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Juiz-forano com câncer raro cria vaquinha para ajudar em tratamento

Juiz-forano com câncer raro cria vaquinha para ajudar em tratamento
(Foto: Arquivo pessoal)
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Com o intuito de vencer um câncer raríssimo, o juiz-forano Renan Sena criou uma vaquinha para contar com o apoio de doadores e conseguir comprar o medicamento necessário para o tratamento. A doença é conhecida como carcinoma escamoso do timo e foi descoberta em julho do ano passado. Sua conta no Instagram também é usada para contar sua trajetória de luta contra a doença e estimular doações.

Cada aplicação do medicamento usado no tratamento, segundo Renan, custa R$ 44 mil. “É muito difícil pagarmos no particular. Além disso, é como se fosse um anticoncepcional: não pode tomar apenas uma, devem ser várias durante um tempo. Meu médico planejou para dois anos a dois anos e meio. Com toda a pressão que fizemos, inclusive de políticos e pessoas influentes, conseguimos o fornecimento pelo Estado.”

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Na última quarta-feira (7), no entanto, quando foi buscar o medicamento, descobriu que estava em falta. De acordo com Renan, ele precisava aplicar no dia 12 de agosto, mas a informação que recebeu é de que o medicamento só seria restabelecido no próximo dia 20. “Com isso, a minha aplicação atrasaria, o que não pode ocorrer de jeito nenhum, pois deveria ser de 21 em 21 dias. Além disso, não há nenhuma garantia de que o mesmo será abastecido na data prevista”, destaca.

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Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora, informou que a entrega do medicamento será restabelecida a partir do dia 23 de agosto. “Vale destacar que os usuários podem entrar em contato pelo www.saude.mg.gov.br/fale-conosco. Por meio deste serviço, o paciente pode ter uma resposta rápida e assertiva a respeito de qualquer serviço do SUS em Minas Gerais.”

Descoberta do câncer

Professor de Engenharia Elétrica no Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste-MG), Renan, a princípio, tinha um câncer que era considerado como linfoma. Por meio de biópsia e exame histoquímico, o diagnóstico correto foi fechado entre setembro e outubro, e o câncer já estava no estágio 4.

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“Em 30 de outubro, comecei o tratamento com quimioterapia, só que não era específica para o meu caso, porque não existe. Era para câncer de pulmão. Mantive o tratamento até fevereiro, quando finalizei as seis sessões planejadas. A partir disso, não podia continuar fazendo naquela frequência e dosagem por risco de intoxicação”, conta.

Renan enviou as lâminas de um exame para os Estados Unidos em dezembro para descobrir se havia algum tratamento específico para seu caso. Dessa forma, foi indicada uma imunoterapia chamada pembrolizumabe. Ainda naquele mesmo mês, ele e sua família começaram a buscar o medicamento, mas o fornecimento foi inicialmente negado tanto no Estado, como no Município. “Judicializamos e, em março, o juiz declarou que o Estado deveria fornecê-lo. Mesmo assim, não aconteceu. O Poder Estadual ficou recorrendo até julho, quando começamos a campanha para pagar do nosso bolso.”

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Entre fevereiro e julho, Renan precisou continuar com a quimioterapia, já que era o único tratamento a que tinha acesso. A dosagem foi diminuída, e a frequência, reduzida para períodos de 28 a 30 dias.

Preocupação maior

Em junho, Renan começou a sentir dores na cabeça e percebeu um inchaço na região. Para averiguar a situação, médicos pediram novos exames no encéfalo – o professor já havia realizado anteriormente, pois o câncer espalha rápida e agressivamente. Na ressonância, foi descoberta uma massa na parte frontal direita. “Nesse momento, bateu um desespero. Conseguimos marcar consulta com um neurocirurgião no meio de julho. Ele percebeu que o tratamento deveria ser cirúrgico e de emergência”, relata Renan.

A cirurgia conseguiu retirar toda a massa no local. Agora, o juiz-forano aguarda outra bateria de exames para iniciar o tratamento de radioterapia tanto na cabeça, como em outros pontos em que o câncer se espalhou. Já a quimioterapia, mesmo não sendo específica para seu caso, reduziu o volume e a atividade metabólica do tumor até fevereiro, quando deveria ter começado o imunoterápico, explica. “Se tivesse iniciado, hoje eu estaria muito bem, mas não foi a realidade”, lamenta.

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Agora, Renan e sua família estão na fase de tentar compreender como a doença está evoluindo para continuar combatendo a doença.

*Estagiário sob supervisão da editora Fabíola Costa

 

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