Os juiz-foranos com veículos adaptados ao uso de gás natural veicular (GNV) têm enfrentado um problema na cidade: a falta de empresas que ofereçam o serviço de reteste obrigatório do cilindro, uma exigência a cada cinco anos de uso e condição indispensável para obter a vistoria do carro e conseguir a renovação do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). O problema teve início em dezembro e se estende até hoje. A única alternativa para os clientes da cidade, neste momento, é recorrer a empresas credenciadas localizadas em outros municípios, como Três Rios, Petrópolis, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, arcando com os custos adicionais do deslocamento, que podem passar de R$ 1 mil caso seja necessário contratar um guincho.
O funcionário público Rafael Soares está na lista dos prejudicados pela suspensão dos serviços na cidade. Por não ter conseguido realizar o procedimento obrigatório, ele não conseguiu renovar o CRLV e está impedido de utilizar seu veículo nas ruas. Rafael afirma que procurou a Top Gás, convertedora homologada pelo Inmetro, para realizar o procedimento, mas foi informado de que não seria possível fazê-lo. O cliente explica que a empresa fazia a retirada do bujão, que era levado, pelo próprio cliente, à retestadora, licenciada para a realização do procedimento.
A Top Gás fazia a reinstalação do equipamento para só então passar pelo aval da Tecmetro, responsável pela vistoria do carro e entrega do laudo, que garante a obtenção do documento. “Hoje, para licenciar o carro, eu teria que me dirigir a outras cidades, levando o veículo no guincho e pagando entre R$ 700 e R$ 1.100. Não tenho documento de 2017 por conta disso.”
A retestadora, que teria sido adquirida pelo mesmo dono da Top Gás, é que não teria conseguido renovar a autorização, junto ao Inmetro, para realizar o procedimento. Procurada, a direção da Top Gás não retornou às ligações.
Segundo o responsável técnico da Tecmetro (órgão de inspeção acreditado pelo Inmetro), Sandro Eler, a empresa responsável por fazer o reteste em Juiz de Fora não teria renovado o licenciamento junto ao Inmetro, perdendo o credenciamento e inviabilizando a realização do reteste na cidade. Ele diz que o problema existe desde dezembro. Na sua opinião, a queda na demanda pelo combustível reduziu a oferta de oficinas homologadas na cidade, levando ao problema existente hoje.
Pelas suas contas, já chegaram a existir dez oficinas homologadas no município. Hoje só há uma. O responsável técnico tem conhecimento do transtorno causado aos motoristas, mas argumenta que, infelizmente, não há como aprovar o veículo com o cilindro vencido.
45 dias
Procurada, a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) informou que a “Oficina Top Gás também faz o serviço de reteste”, mas, segundo a assessoria da companhia, “teve que interromper esse serviço para readequação de sua infraestrutura”. A previsão, informa, “é que retorne com o serviço dentro de 45 dias”. Até que a situação seja normalizada, a orientação dada aos consumidores da cidade é que procurem as retestadoras homologadas pelo Inmetro mais próximas, localizadas nas cidades de Três Rios e Petrópolis.
Frota de GNV tem 3.598 veículos
Ainda segundo a Gasmig, existem hoje oito postos de GNV em operação na cidade. O volume médio de vendas é de 225 mil metros cúbicos por mês, para uma frota de 3.598 veículos convertidos. Tanto em número de estabelecimentos quanto no tamanho da frota, a cidade só perde para Belo Horizonte no Estado, que possui 10.862 veículos convertidos e 18 postos especializados.
Juiz de Fora conta, ainda, com uma base de gás natural comprimido veicular, em que é feita a compressão do GNV em cilindros acondicionados em carretas, que abastecem postos das cidades de Ubá e Piraúba, já que estes municípios não são atendidos pelos gasodutos da Gasmig. Os dados referem-se ao período de maio e junho de 2017.
Conforme a Gasmig, os cilindros de GNV geralmente têm validade de 15 a 20 anos, conforme o processo de fabricação e do material utilizado. Já o reteste, independentemente desses fatores, deve ser obrigatoriamente realizado a cada cinco anos a contar da data de fabricação do equipamento. “O processo de requalificação é rigoroso, onde o cilindro passa por inúmeros testes e só depois de aprovado recebe o selo do Inmetro”, informou a Gasmig por nota. Procurado, o Inmetro não se posicionou sobre o assunto até a noite desta segunda-feira (10).