Após nova avaliação da situação epidemiológica municipal, o Fórum Municipal em Defesa da Vida da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) anunciou, nesta terça-feira (11), que a cidade vai permanecer na faixa vermelha do Juiz de Fora pela Vida por, pelo menos, mais uma semana. Entretanto, a atualização no protocolo da Administração Municipal agora permite a realização de eventos com até 40 pessoas, funcionamento de restaurantes e lanchonetes no interior de clubes e prática de atividades físicas que reúnam até duas pessoas por quadra. A decisão trouxe esperança aos setores, que, no entanto, aguardam novos avanços.
De acordo com a PJF, os eventos devem respeitar os protocolos sanitários. Além disso, precisam ser autorizados pela Secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur). Na faixa vermelha, a capacidade máxima é de 40 pessoas, incluindo o staff de organizadores, e 30% de ocupação do local. Na faixa laranja, o número máximo de pessoas sobe para 80, com 50% de ocupação. Por fim, na faixa amarela, a capacidade máxima sobe para 160 pessoas, com 60% de ocupação do espaço do evento. Em todas as faixas, deve ser respeitado o distanciamento de uma pessoa a cada quatro metros quadrados.
A nova orientação atende a reivindicação do setor de turismo do município, que solicitava o retorno gradual. Em nota, o Fórum Municipal em Defesa da Vida destacou “a oportunidade que dá de diálogo permanente com os diversos setores, com o que, após avaliação da área de saúde e consulta ao Comitê Científico, é possível fazer mudanças pontuais em seus dispositivos gerais e/ou arranjos definidos nas faixas”.
‘Viés de melhora nas condições epidemiológicas’
Segundo o comunicado do Fórum, a permanência na faixa vermelha tem “viés de melhora nas condições epidemiológicas” do município. Em nota técnica, Juiz de Fora foi classificada como de “risco alto” após análise da taxa de ocupação de leitos, variação de casos confirmados e de óbitos ao longo da última semana e, por isso, foi mantida no segundo estágio de flexibilização do programa municipal.
Cada item avaliado possui uma pontuação que varia crescentemente, quanto pior a situação. A nota técnica atribuiu 20 pontos para o atual cenário do combate à pandemia no município. Juiz de Fora precisaria estar situada entre 10 e 18 pontos para progredir para a faixa laranja do programa municipal de retomada econômica.
A pontuação considerada alta ocorre mesmo após a diminuição de 18% em novas contaminações e novos óbitos registrados pela PJF, apontada pela nota técnica. Foi apenas a terceira vez nas últimas oito semanas que os dados de novos casos variaram para menos. A taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva segue sendo o principal fator a contribuir na manutenção da cidade na faixa vermelha, sendo responsável por 9 dos 20 pontos, por conta da saturação de 79% até a manhã desta terça.
A cidade está estacionada na faixa vermelha do Juiz de Fora pela Vida desde o último dia 17 de abril, após o município progredir no Minas Consciente, o que permitiu à PJF ter maior autonomia para definir os rumos do combate à pandemia em território juiz-forano. A opção da Prefeitura, então, foi posicionar o município na faixa vermelha do programa, a segunda mais restritiva.
Segmento vê possibilidade de manter empregos
Para a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/Zona da Mata), Francele Galil, é satisfatório ter esse avanço no funcionamento do setor de alimentação dentro de clubes. Na avaliação dela, com os protocolos sanitários definidos para o setor, não “fazia mais sentido mantê-lo fechado”. Apesar disso, Francele ponderou que ainda é necessário novas flexibilizações e avanços para outras faixas. “A nossa expectativa é que a gente tenha avanço na questão do horário de funcionamento, principalmente dos bares. O encerramento das atividades às 20h é muito comprometedor para as empresas que funcionam no horário noturno”, alega.
Ela destacou que a falta do que chamou de “periodicidade” nas regras de funcionamento também prejudica o setor. “Não há saúde financeira que suporte esse efeito sanfona abre e fecha, restringe horário ou permite só delivery. O negócio não foi projetado para ficar sofrendo constantes intervenções, é preciso uma periodicidade. A recuperação do setor é algo que ainda irá demorar. No momento, falamos em sobrevivência e dívidas”, diz.
‘Primeiro passo’
Apesar de o município ter permanecido na faixa vermelha, estágio no qual está há quase um mês, o assessor administrativo do Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (SHRBS), Rogério Barros, também avalia positivamente as novas flexibilizações e vê como “um primeiro passo” para a retomada do setor, principalmente para a cadeira produtiva de eventos.
“É um grande avanço, porque todo o setor de eventos, não só os hotéis, mas toda a cadeia produtiva de eventos está há quase um ano e meio parada sem atividades. Os hotéis estão com baixa taxa de ocupação. A possibilidade de realização de eventos é mais uma forma de manter os empregos do setor e aumentar a renda do setor hoteleiro. Por isso, até então, a categoria vem demitindo. Agora, com a liberação, a PJF está dando mais uma oportunidade de manter os empregos”, analisa. “É o primeiro passo, mas precisamos avançar mais, o que depende da vacinação. Nós esperamos que a partir da próxima semana os números melhorem e a gente possa melhorar a pontuação epidemiológica para avançar para a faixa laranja.”
Apesar da liberação de eventos não contemplar a liberação de até 50 pessoas, como solicitado pelo Juiz de Fora Convention & Bureau, a presidente da organização, Thais de Oliveira Lima, também vê a flexibilização no setor como “um primeiro passo” para uma possível retomada. “O setor de eventos ainda era o único totalmente parado, a situação estava caótica e precisávamos de uma resposta (…). O comitê não liberou evento com até 50 pessoas como pedimos, mas liberou 40. Entendemos que incluindo o staff essa proposta fica ainda um pouco difícil de trabalhar, mas é uma sinalização de que o setor de eventos não foi esquecido pela gestão pública”. De acordo com Thais, havia um acordo entre o Convention e a PJF que previa o início da retomada do setor de eventos ainda na faixa vermelha. “É uma esperança, acredito que seja um primeiro passo, mas a luta continua”, diz.