Ações realizadas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) estão entre as principais iniciativas desenvolvidas pelas universidades federais brasileiras no combate à pandemia da Covid-19, segundo levantamento realizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), apresentado nesta segunda-feira (11). Conforme a entidade, que considerou o trabalho desenvolvido por 46 instituições, as universidades federais conduzem 823 pesquisas focadas no coronavírus, entre estudos sobre tratamentos, testagem e vacina contra a Covid-19.
Entre as ações que levaram a UFJF a se destacar está a ampliação da capacidade de atendimento do Hospital Universitário (HU-UFJF), disponibilizando, atualmente, oito leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 16 leitos de enfermaria, sendo todos exclusivos para o tratamento da Covid-19. Além disso, a universidade conta 22 pesquisas em andamento ou em fase de submissão referentes ao coronavírus e atua ainda em quatro parcerias com o governo municipal, integrando o Comitê Municipal de Combate à Covid-19, e desenvolvendo os sistemas Disque-coronavírus, pelo telefone (32) 3512-0768, e Busco-Saúde, pela Pós-Graduação em Modelagem Computacional.
A UFJF também realiza cem testes diários para o diagnóstico de Covid-19 em dois laboratórios, sendo um no Instituto de Ciências Biológicas e outro na Faculdade de Farmácia.
EPIs e ações educativas
O levantamento da Andifes ainda considerou duas iniciativas da UFJF no que refere à produção de equipamentos de proteção individual (EPIs). Uma delas é desenvolvida pelo Grupo de Robótica Inteligente (GRIn), em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, por meio da qual já foram produzidas 10.067 viseiras de proteção, conhecidas também como face shields. A outra iniciativa diz respeito ao trabalho de pesquisadores do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas, que trabalha no desenvolvimento de um protótipo de EPI, em impressora 3D, para uso por equipes médicas.
A produção de álcool em gel, com recursos próprios, pela Farmácia Universitária, para a distribuição nos serviços de saúde do Hospital Universitário também faz parte das ações levadas em conta pela Andifes, assim como sete ações educativas que vêm sendo realizadas ao longo deste período de pandemia. A Diretoria de Imagem Institucional da UFJF é responsável por cinco delas: campanha nas redes sociais de valorização da ciência, da educação, do SUS, dos profissionais de saúde, da fraternidade, da informação correta, da solidariedade e da pesquisa; divulgação de vídeos de orientações para profissionais de saúde sobre paramentação, desparamentação e higienização das mãos; animações informativas sobre o coronavírus e detalhes de enfrentamento, como a função dos EPIs; produção de conteúdo com entrevistas, reportagens, dicas e informações sobre saúde, ações, utilidade, pesquisa, inovação e análises e a campanha “Você na Quarentena”, de estímulo ao distanciamento social.
Também foram desenvolvidas duas cartilhas educativas. Uma acerca de cuidados com a saúde mental, feita pelo Ambulatório Multiprofissional da Dor do HU; e a cartilha “Unir sem Reunir”, do Grupo de Estudos sobre o Indivíduo Idoso (ID), voltado para a população idosa e pessoas com deficiência. Conforme a UFJF, desde o levantamento realizado pela Andifes, mais ações educativas foram concebidas.
Solidariedade
Além disso, foi realizada uma ação conjunta de solidariedade que envolveu servidores do Hospital Universitário, do Instituto de Artes e Design (IAD), da Faculdade de Enfermagem e do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICE). A ação consistiu na distribuição de máscaras e de kits de higiene pessoal para a população vulnerável, com foco em abrigos, centros para população em situação de rua e catadores de materiais recicláveis. De acordo com a UFJF, foram entregues 160 kits e há expectativa de se produzir até três mil máscaras.
De acordo com o professor e diretor de Imagem Institucional da UFJF e presidente do Colégio de Gestores de Comunicação (Cogecom) da Andifes, Márcio Guerra, o levantamento promovido pela associação tem importância porque serve para divulgar para todo o país o quanto as universidades públicas têm trabalhado. “Demonstra o quanto são necessárias e importantes e quanto o povo brasileiro tem podido contar com elas nesse momento de pandemia. Em relação à UFJF, esses dados são mais expressivos ainda. Mostram como a universidade fez e está fazendo nesse momento da crise que a sociedade brasileira está passando. Tenho muito orgulho, como presidente do Cogecom e como diretor de Imagem Institucional da UFJF, de divulgar esses números”, ressaltou, por meio da Diretoria de Imagem Institucional.
Identificação do genoma viral
De acordo com a pesquisa promovida pela Andifes, os esforços das universidades federais buscam identificar o genoma viral do Sars-CoV-2, que um é procedimento considerado fundamental para a produção da vacina, elaborar sistemas informatizados para a detecção de novos casos da doença, descobrir tipos de testes mais baratos e fabricar, nacionalmente, peças para ventiladores mecânicos.
Ainda segundo o levantamento, os hospitais universitários do país estão disponibilizando 2.228 leitos normais para tratamento da pandemia e 489 leitos de UTI, sendo que o número total inclui leitos próprios e outros viabilizados em parcerias para a construção e a operacionalização de hospitais de campanha.
No total, de acordo com a Andifes, há 823 pesquisas sobre coronavírus em andamento nas instituições federais de ensino superior (Ifes) e 96 ações de produção de álcool e produtos sanitizantes, sendo produzidos até o momento 992.828 litros de álcool gel e 912 mil litros de álcool líquido. Houve 104 ações de produção de EPIs, sendo produzidos, até o momento, 162.964 protetores faciais, 85.514 máscaras de pano, 6 mil aventais e 2 mil capuzes.
Testagem
As ações de testagem do coronavírus chegam a 53, com número inicial de 2.600 testes diários e de 55.001 testes realizados. Até o momento foram feitas 697 campanhas educativas e 341 ações solidárias. Além disso, a pesquisa ainda mostrou que foram desenvolvidas 287 outras ações expressivas. As instituições federais realizaram ainda 198 parcerias com prefeituras e 79 com governos estaduais.
O presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Carlos Salles Pires da Silva, em conjunto com membros da diretoria executiva, anunciou os dados da pesquisa em uma coletiva de imprensa feita remotamente, nesta segunda. O levantamento será atualizado, constantemente, pela entidade. “As universidades públicas, assim como o Sistema Único de Saúde (SUS), têm conseguido dar as respostas mais eficazes nesse momento. Evidentemente que estão atuando com as condições que têm. Estamos sofrendo uma defasagem orçamentária que, se não houvesse, possibilitaria respostas mais robustas. Elas estão respondendo a tudo isso com uma seriedade imensa, que pode ser observada a partir dos números apresentados”, destacou, durante a coletiva.