Um dos colégios mais tradicionais de Juiz de Fora completa 130 anos de história. A instituição, fundada em 1891 pela Sociedade Anônima Academia e Comércio de Juiz de Fora, tem o seu prédio como um marco arquitetônico e educacional da cidade. Em abril de 1901, a fundação foi doada para a Congregação do Verbo Divino, passando aos cuidados dos padres verbitas, que se perpetua até os dias de hoje.
O Colégio Academia, fundado em 1891 pelo acionista e idealizador Francisco Baptista de Oliveira, ao lado de G. Hernard, importante arquiteto europeu, teve inspiração na Escola dos Altos Estudos Comerciais de Paris. Seu objetivo era abrigar o primeiro instituto superior de comércio do Brasil. Em dezembro daquele mesmo ano foi dado início à construção da Academia de Comércio de Juiz de Fora, e, dois anos depois, foi consolidada a instituição que visava a dar forma ao novo desafio no segmento da educação no município.
A inauguração, em 1894, contou com a presença do então presidente de Minas Gerais, Afonso Pena, e ali deu-se início a trajetória da instituição que abrigou tantas jornadas. Como afirma o diretor executivo do Colégio, Ronaldo Pimenta da Cruz, “quem não conhece alguém que estuda ou que já estudou no Colégio Academia?”. Ele ainda ressalta que em meio ao momento de transformação que vivemos, é necessário fazer o exercício de olhar para o passado. “Imaginamos tantas vidas que aqui passaram, além de crianças e jovens formados. Hoje temos o desafio de preparar essa geração para o futuro e de transformar mais vidas por meio da educação”.
Momentos históricos
A instituição é protagonista de diversos acontecimentos marcantes para Juiz de Fora
Realização do primeiro Raio X de Juiz de Fora
Em um tempo em que o procedimento ainda era distante do cotidiano das consultas médicas, em abril de 1904, o padre e também especialista clínico, Mathias Willems, fez o primeiro exame de Raio X do município em uma menina de aproximadamente 2 anos.
Na época, o extinto jornal da cidade, “O Pharol”, deu a notícia. “O dr. José Cesário Monteiro da Silva, ilustre e saudoso médico, sabendo da existência na Academia de Comércio de um aparelho produtor de raio X, pediu então ao digno padre Mathias para fazê-lo funcionar e colocaram a doentinha entre a esfera, onde se produz o raio verde, e a placa onde se desenha a imagem”.
Instalação do apito da Hora legal
De acordo com o historiador, Arthur Oliveira da Silva, foi em setembro de 1922, que os diretores da Academia de Comércio se comprometeram a instalar o apito do meio-dia, mais conhecido por “Hora Legal”, sendo este o controle oficial da hora em Juiz de Fora.
Com isso, de segunda a sexta-feira, o apito funcionava para avisar toda a população da cidade, e especialmente os trabalhadores do setor têxtil, como os operários da Companhia Bernardo Mascarenhas, que havia chegado a hora do almoço. O pesquisador ainda explica que depois de um tempo o apito foi transferido para a antiga Joalheria Meridiano, e que mesmo após o fechamento do estabelecimento, ainda é tocado na cidade até hoje.
Museus do Colégio
O Colégio Academia ainda possui dois importantes museus, com acervo para visitação e consulta. Ao todo, o Etnologia e de História Natural reúnem um patrimônio de 30 mil exemplares. Dentre eles, uma réplica em tamanho real de um crânio de dinossauro que foi comprado na Europa pelo padre Leopoldo Krieger. Seus acervos apresentam a cultura dos povos indígenas e heranças, testemunhos materiais e imateriais, históricos e pré-históricos da vida e do homem. No Museu de História Natural constam expostas 1.300 peças, entre elas fósseis, minerais, rochas, animais secos, em via úmida ou taxidermizados, ossos e réplicas de peças raras. Já o Museu de Etnologia Indígena, possui 400 peças indígenas de etnias nacionais e africanas em exposição, além de 3.600 em reserva técnica, com acervo de peças oriundas de outras etnias, todas originais.
Teatro Academia
O colégio abriga o sexto teatro mais antigo de Minas Gerais. Fundado em 1929, o Teatro Academia conta com uma infraestrutura que remonta o passado e dá espaço para que artistas da atualidade possam se apresentar. Restaurado e reinaugurado em 1995, o teatro hoje possui 318 assentos.
Coral Matter Verbi
O coral de meninos do Colégio Academia é o segundo mais antigo do país, o Coral Matter Verbi. Com 67 anos de história, é um dos grupos mais tradicionais de Juiz de Fora. Os meninos cantores já lançaram dois LPs e três CDs, e também se apresentaram na Alemanha, Áustria, Argentina, Uruguai, Itália e em vários estados brasileiros. O grupo inclusive foi agraciado três vezes com Bençãos Apostólicas enviadas por Papas, e indulgências plenárias do Vaticano.