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Polícia Civil investiga cárcere privado de adolescente

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A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher vai investigar o caso da adolescente de 17 anos que foi mantida em cárcere privado no último fim de semana em um barraco nos fundos de uma casa localizada na Zona Leste de Juiz de Fora. A delegada Ione Barbosa já esteve em contato com familiares da vítima nesta segunda-feira (11), e eles deverão ser ouvidos nos próximos dias, assim como possíveis testemunhas que tomaram conhecimento dos fatos. O ex-namorado da jovem e suspeito do crime, da mesma idade, foi apreendido em flagrante pelo ato infracional e encaminhado à Vara da Infância e Juventude. A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) confirmou que o rapaz está acautelado desde domingo em um Centro Socioeducativo, mas não divulgou em qual unidade “por questões de segurança e seguindo uma diretriz do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”.

Segundo a assessoria da Polícia Civil, o adolescente prestou depoimento no último sábado no plantão da 1ª Delegacia Regional, em Santa Terezinha, sendo lavrado o auto de apreensão em flagrante de ato infracional análogo a sequestro e cárcere privado, praticado contra pessoa menor de 18 anos. O jovem foi flagrado pela Polícia Militar naquele mesmo dia, após a mãe da vítima denunciar que a filha estava sendo mantida em uma espécie de cativeiro. A adolescente estava desaparecida desde o dia anterior, quando saiu de casa para ir até uma igreja. Ela não retornou porque teria sido abordada pelo suspeito em um escadão e forçada a seguir com ele.

Durante o período em que ficou enclausurada, a vítima conseguiu usar um celular e contatar um parente, pedindo socorro. A PM foi acionada e compareceu à residência do rapaz. Ele não respondeu aos chamados da polícia, que conseguiu ver por um vão na janela dos fundos o casal deitado em um colchão. O morador teria acompanhado a movimentação policial, tentando se esconder. A vítima, debilitada, parecia estar desacordada.

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Quando a PM determinou que o jovem abrisse a porta, ele alegou não ter as chaves, mas a fechadura foi forçada “diante da gravidade da situação e do risco iminente para a vida da vítima”. Ainda segundo o boletim de ocorrência, a adolescente estava de fato desfalecida e, quando acordou começou a chorar, chamando desesperadamente pela mãe. A responsável, 37, estava acompanhando o trabalho dos militares e amparou a filha. Ela apresentava diversos hematomas pelo corpo e foi encaminhada para um médico legista, para exame de corpo delito, confirmando as lesões. A mãe dispensou assistência médica imediata, mas afirmou aos militares que iria levá-la posteriormente ao HPS.

Vítima relata ameaças de morte e péssimas condições

Após ser resgatada, a adolescente de 17 anos relatou os momentos de horror que passou durante o confinamento em um cômodo de alvenaria. Já na abordagem, quando voltava da igreja, ela sofreu ameaças e acabou sendo obrigada a acompanhar o suspeito diante da afirmação de que ele mataria a mãe dela. Ela teria sido puxada pelos braços e arrastada até a residência dele, onde foi constrangida, sofrendo violência física e psicológica.

Durante o período em que esteve sob poder do ex, a jovem foi tratada em péssimas condições, sem direito a alimentação ou higiene pessoal. Ela teria aproveitado um momento de distração do rapaz para conseguir ligar para um familiar e pedir socorro. Conforme a PM, o local onde a vítima foi mantida é “totalmente insalubre, com apenas uma entrada de ar e pouca iluminação, sem revestimento no piso e nas paredes”. Além disso, não havia banheiro, sendo um balde improvisado para as necessidades fisiológicas. O colchão onde estava deitada também era úmido e mofado.

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A polícia apreendeu no mesmo cômodo uma sacola com vários celulares de procedência duvidosa e uma bucha de maconha. O suspeito teria praticado o ato por não aceitar o término do relacionamento.

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