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Contato com morcegos preocupa população

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O aumento na incidência de aparição de morcegos na área urbana preocupa os moradores de Juiz de Fora, devido ao risco de acidentes a partir do contato desses mamíferos com os seres humanos e os animais domésticos. Apesar de os morcegos encontrados nas cidades serem, em sua quase totalidade, pertencentes a espécies frugívoras (que se alimentam de frutas) ou insetívoras (insetos), e não hematófagas (sangue) – conhecidas popularmente como morcegos-vampiros – existe a possibilidade da transmissão de doenças, como a raiva, a partir da mordida dos animais.

Moradora do Bairro Cascatinha, região Sul, há nove anos, a dona de casa Valéria Teixeira relata que, há cerca de um ano, o aparecimento dos morcegos em cômodos de sua residência tem sido constante. Além de ocupar sótãos e forros, os animais têm buscado abrigo até mesmo nos quartos. Eles estão quase sempre desorientados e temos medo de removê-los, conta. A dona de casa diz já ter entrado em contato com o Setor de Zoonoses, da Prefeitura, que em uma ocasião enviou uma equipe para recolher um animal, mas, com a repetição dos casos, passou a fornecer apenas orientações pelo telefone.

Segundo a assessoria da Superintendência Regional de Saúde, os animais só precisam ser capturados quando são encontrados mortos ou aparentam estar doentes. A pasta lembra ainda que a população não deve fazer nada que machuque os morcegos, pois eles são animais silvestres e protegidos por lei, além de possuírem funções importantes na natureza, como a polinização e o controle da população de insetos.

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O Setor de Zoonoses da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora informa que atende aos chamados da população e fornece orientações pelo telefone. Quando possível, são enviadas equipes aos locais onde há solicitação, caso os animais estejam dentro das residências. No entanto, a cidade não dispõe de um setor de controle de zoonoses, como acontece em Belo Horizonte, onde o serviço coleta todos os morcegos encontrados dentro das residências durante o dia ou caídos ao chão. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde da capital, após o recolhimento, os mamíferos são identificados quanto à família e à espécie. Além disso, é coletado material do cérebro dos animais para diagnosticar se estão infectados pelo vírus da raiva. Em Juiz de Fora, os animais mortos também são encaminhados à capital.

Colonização urbana

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O desmatamento, e consequente destruição do habitat natural, são fatores preponderantes na migração das espécies para a área urbana. Nas cidades, os morcegos encontram abrigo em árvores e edificações, além de maior oferta de alimentos. De acordo com o biólogo especialista na espécie, Pedro Henrique Nobre, o aumento na aparição pode ser explicado pela intensificação da atividade reprodutiva desses animais, o que acontece no verão. Não sabemos ao certo se houve aumento na população, mas, nesta época, eles saem mais em busca de alimento, e é comum procurarem abrigo nas casas, explica o biólogo.

Mais presentes nas florestas ou em áreas rurais, os morcegos-vampiros – como qualquer outro mamífero – quando contaminados pelo vírus da raiva podem transmiti-lo aos humanos, e até mesmo aos morcegos que habitam as áreas urbanas, a partir do momento em que tenham contato. Porém, os casos de morcegos frugívoros ou insetívoros contaminados pela raiva são raros no país. O biólogo ressalta que o convívio com esses mamíferos traz outro risco. O que não pode haver é um grande acúmulo das fezes dos animais, pois assim como as fezes dos pombos, elas podem causar a histoplasmose, doença que leva a uma infecção no sistema respiratório.

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Orientações

Segundo o veterinário do Setor de Zoonoses, responsável pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica, José Geraldo Castro Júnior, a prevenção é a melhor forma de evitar o contato com os animais. Como espécies silvestres, não é permitido matar os morcegos, tampouco capturá-los. Há uma tendência dos animais silvestres de se urbanizarem, portanto, é preciso eliminar as condições favoráveis à sua habitação.

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Nesse sentido, ele orienta que qualquer local que sirva de abrigo deve ser vedado ou protegido com telas. As árvores devem ser podadas com frequência, pois folhagens mais densas servem de abrigo. Como os animais não gostam de claridade, os ambientes habitados por eles também podem ser iluminados. Pendurar objetos que refletem a luz, como CDs, é uma das alternativas para afugentar os animais (ver quadro).

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