A perspectiva de 2024 para Juiz de Fora é de uma cidade mais segura. É nisso que acredita a prefeita Margarida Salomão, que concedeu coletiva de imprensa na manhã dessa quinta-feira (11). A previsão considera a instalação de 225 novas câmeras, dotadas de inteligência artificial, que monitorarão as zonas urbanas e rural da cidade, a partir de abril. A cidade terá, então, o triplo da quantidade de equipamentos instalados hoje na cidade _ 108. O investimento terá um custo de R$ 2,496 milhões, o que equivale a uma despesa mensal de 208 mil reais para os cofres públicos.
Em entrevista exclusiva para a Tribuna, no mês passado, a prefeita havia antecipado a implementação do novo sistema de videomonitoramento. À época, a iniciativa estava em processo de conclusão de licitação. Após o trâmite, a PJF tem agora o prazo de 120 dias (até abril) para dar início às atividades. Ao todo, a cidade contará com 333 câmeras de segurança.
A partir da instalação dos novos equipamentos, as imagens serão observadas e analisadas na Central de Monitoramento das filmagens, localizado no prédio da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A estrutura está sendo construída em uma grande sala, entre o gabinete da prefeita e o setor da Defesa Civil.
No local, um painel com oito telas de 55 polegadas exibirá o que ocorre em pontos considerados críticos na cidade. O novo sistema engloba os monitoramentos já existentes no município, por meio das lentes do Olho Vivo e filmagens de trânsito. Contudo, de acordo com a PJF, tende a ser mais efetivo por integrar diferentes setores, como órgãos de segurança pública e de proteção civil.
Inteligência artificial
Para acompanhar a crescente demanda por uma tecnologia de ponta a serviço da população, o videomonitoramento da cidade vai contar com a tecnologia de inteligência artificial (IA). No que tange à segurança pública, os equipamentos ajudarão na apuração de crimes, placas suspeitas, bem como coibir a criminalidade.
O cercamento eletrônico é uma dessas finalidades, por meio da prontidão na identificação de emergências policiais. De acordo com a Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc), as entradas e saídas da cidade e de áreas rurais serão pontos-chave para a instalação dos equipamentos. As câmeras serão inseridas em vias públicas e locais tidos como áreas de risco, de acordo com articulações elaboradas em conjunto pela Polícia Civil e Militar.
“Elas também estão situadas em áreas urbanas, em locais específicos e em algumas praças”, acrescenta a titular da Sesuc, Letícia Paiva Delgado, ao passo que reafirma a multiplicidade do projeto. Nesse sentido, além de uma transmissão digital das imagens para os órgãos de segurança pública, as tecnologias permitem integração com o Ministério da Justiça.
Prevenção da violência
Além dos indicadores de violência, outro estudo foi feito para a escolha dos locais, conforme explica a titular da pasta, Letícia Delgado. “A gente analisou quais áreas não estão cobertas pelo Olho Vivo e que podemos cobrir – dentro do limite financeiro que a gente tem. Como, por exemplo, as câmeras da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU), que eventualmente tinham sobreposições, e podem ser realinhadas.”
Ela complementa que “a ideia é utilizar tecnologia de ponta para a prevenção da violência, promovendo uma abordagem intersetorial que agregue diferentes unidades governamentais e promova economia”. “A finalidade é aumentar a governança e fortalecer a prevenção da violência em todos os sentidos”.
A prefeita Margarida Salomão observou, porém, que as câmeras não serão usadas para reconhecimento facial de pessoas tidas como criminosas. Uma visão que, segundo seu critério, ainda carece de estudos mais complexos para evitar equívocos.
Defesa Civil
Quanto ao auxílio desses equipamentos no trabalho da Defesa Civil, a pasta em Juiz de Fora se lança como precursora, de acordo com o subsecretário Luís Fernando Martins. Ele assegura que, com o monitoramento dos córregos e rios 24 horas por dia, os alertas serão antecipados. “As imagens vão possibilitar que a gente consiga ver um desastre, alguma região em que choveu mais, deslocar um veículo sem a população ter acionado. É um salto muito grande tanto na prevenção quanto na resposta mais rápida e eficiente”, afirmou.
Em publicação da Câmara dos Deputados em outubro do ano passado, a tecnologia da IA já era apontada como uma aliada quanto à prevenção de desastres ambientais. O estudo observa que a metodologia baseada em dados disponibilizados pelo Instituto Nacionais de Pesquisas Espaciais (Inpe) e de Meteorologia (Inmet) com a IA já influencia também em outro fator, como evitar deslizamentos de encostas.
‘Isso não é para multar’
Margarida Salomão também destacou que o videomonitoramento não tem como objetivo multar possíveis infrações de trânsito da população. “Isso é para garantir segurança, nada disso é para multar.” Na fala, ela explicou que antes de a pessoa ser multada, ela é notificada, de acordo com a garantia de ampla defesa. Ainda sim, o sistema auxilia na identificação de placas de veículos e de demais crimes ou infrações na via pública.
Também entram no “alvo” das câmeras ações de descarte de lixo irregular na rua, que foi elencado pela secretária de Governo, Cidinha Louzada, como um dos objetivos do uso da ferramenta para inibir a prática. “Hoje temos muito descarte ilegal, e isso vai diminuir muito. Se conseguirmos pegar a pessoa do descarte ilegal, ela será notificada sobre a ação.”