Há mais de três anos em obras, o Parque Halfeld, um dos cartões postais de Juiz de Fora, ainda não tem um cenário definitivo. Iniciada em 2014, a revitalização do espaço público – a reforma é considerada a maior desde 1981 -, divide a opinião dos frequentadores do local. A principal polêmica diz respeito à retirada dos bancos em frente à calçada da Avenida Rio Branco. Os assentos de madeira perderam lugar para os canteiros construídos no entorno das árvores, e os poucos que restaram ao redor da área estão em péssimo estado de conservação. A elevação dos canteiros foi projetada visando a preservação das árvores e suas raízes. Hoje, no entanto, os canteiros têm sido utilizados como bancos, levando os usuários a se queixarem do desrespeito, principalmente em relação à população idosa.
A faxineira Aparecida Cândido Amaral, 55 anos, disse que o Parque Halfeld era o único lugar que tinha para descansar entre um compromisso e outro no Centro. “A gente vinha para cá esperar o horário de uma consulta. Agora não tem lugar para sentar. Eles arrancaram os bancos, e o pessoal está esparramado nos canteiros. Para mim, não é confortável”, reclama. O feirante José Carlos de Lima, 44, compartilha da mesma opinião. “Muita gente esperava no Parque Halfeld o horário de voltar para casa. Agora somos obrigados a sentar praticamente no chão. Não podiam ter tirado os bancos daqui”, diz referindo-se à altura dos canteiros.
Maria Cristina França, 62, também lamentou: “A gente ficou sem banco. Achei uma falta de respeito com a população. Isso aqui é um parque para a gente vir, sentar, distrair um pouco, ver a paisagem.Os bancos eram mais bonitos e mais aconchegantes.” O detetive aposentado Jair Luiz Gomes, 75, se queixa de dor nas costas. “Era tão bom quando os bancos ficavam aqui. Hoje sinto dor nas costas de sentar no canteiro. Além disso, se quisermos sentar nos bancos que ainda existem na praça, temos que enfrentar fila”, critica
Ex-funcionário dos Correios, Jorge Luiz Bento Teixeira , 60, pensa diferente. Na opinião dele, os canteiros acomodam bem os usuários do espaço. “Estou aposentado há dois anos e meio e, toda tarde, venho para cá. Não vejo problema nenhum. Dentro do parque ainda ficaram outros bancos. Aprovei os canteiros, porque eles criaram mais espaço, permitindo que mais pessoas sejam contempladas. Além disso, ao cercar os troncos das árvores, a Prefeitura impediu que as pessoas continuassem a tropeçar neles.”
Para o integrante do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Juiz de Fora, José Anísio Pitico da Silva, o Parque Halfeld é um local de encontro, por isso, a retirada dos bancos vai na contramão do estímulo à socialização, principalmente entre a terceira idade. “Isso inibe o encontro das pessoas, independente de geração. A gente precisa refletir sobre a falta de equipamentos públicos no espaço urbano. Gosto muito do Parque Halfeld, e sempre ia lá observar o movimento das pessoas. Os canteiros não têm ergonomia. Ainda sou do tempo que praça era lugar de música, de encontro, e os bancos facilitam a convivência comunitária, principalmente para a população idosa que tem poucas opções ao ar livre para participar da cidade.”
Novos bancos
Em nota, a Prefeitura informou que a instalação de novos bancos está prevista e já foi aprovada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac). “A proposta foi aprovada, nesta semana, pelo Comppac. Com a aprovação, será feita a licitação para a aquisição dos mesmos para substituição dos existentes, conforme projeto aprovado. Como o Parque Halfeld é um patrimônio tombado, todas as intervenções passaram por aprovação do Comppac. Os recursos das intervenções são do Ministério do Turismo e da Prefeitura de Juiz de Fora”, informou.
A Prefeitura ainda destacou as melhorias realizadas no Parque Halfeld desde 2014, quando a iluminação pública foi revitalizada e câmeras do Olho Vivo instaladas. O nivelamento do piso, aplicação do piso podo-tátil e rampas de acessibilidade também foram destacados. A última etapa dessas melhorias, segundo a administração municipal, será a instalação dos novos bancos.