O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus David, e a vice, Girlene Silva, obtiveram 9.416 votos na consulta pública para composição da Reitoria no quadriênio 2020-2024. O resultado foi conhecido na madrugada de quinta-feira (10), depois de contabilizados os votos de 29 seções eleitorais instaladas nos campi de Governador Valadares e Juiz de Fora. A chapa única foi avaliada por 36,97% dos professores, alunos e técnico-administrativos em educação (TAEs) aptos a votar. O nome de Marcus David teve a aprovação de 94,1% dos que compareceram às urnas. Brancos e nulos somaram 5,8%. Entretanto, para a renovação do mandato se concretizar, os nomes ainda precisam passar pelo crivo do presidente da República, Jair Bolsonaro.
“Tivemos um número total de votantes superior ao que tivemos na última eleição, que foi a eleição com disputa de candidato. Mesmo com chapa única, tivemos mais votantes. Tivemos votação expressiva nos três segmentos. Mas com muita satisfação, destacamos a votação dos estudantes. Nesse grupo, composto por um público bastante crítico e exigente, passamos de 98% dos votos”, destacou o reitor. Ele considera o resultado como uma aprovação do trabalho feito ao longo da gestão e um voto de confiança para que possa estar à frente da instituição por mais quatro anos.
Após o término do pleito, caberá ao Conselho Superior (Consu) da universidade – por meio de comissão própria composta por representantes de docentes, discentes e técnico-administrativos – escolher mais dois nomes que irão compor a lista tríplice que será enviada ao Governo federal. De acordo com a Comissão Organizadora da Consulta Pública, a definição deverá ocorrer ainda em novembro, para envio, até fevereiro, da indicação. A próxima reunião do Consu para discutir o assunto está marcado para o dia 1º de novembro.
Sobre a aprovação do nome na lista tríplice, o reitor afirma que trabalha com um cenário de otimismo. “O fato da UFJF ter dado essa sinalização, mostra que ela está muito unida. O ambiente interno está muito pacificado. Acreditamos que a tendência do Governo é respeitar o primeiro nome da lista, porque em outras universidades ocorreram cenários semelhantes. Estamos com expectativa muito positiva de que vá ocorrer a mesma coisa na UFJF”.
Participação e debate
Segundo o presidente da comissão organizadora, Augusto Cerqueira, o processo ocorreu conforme o esperado pela organização, que é dirigida pela Associação dos Professores do Ensino Superior (Apes), pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFJF (Sintufejuf) e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). “A gente conseguiu cumprir com o propósito de discutir a democracia na instituição. Discutir o que a comunidade universitária almeja no próximo período”, analisa Cerqueira.
Em contato com a Tribuna, o coordenador do Sintufejuf, Flávio Sereno, celebrou a participação da categoria, destacando a importância do sindicato e do DCE para expressar a vontade da comunidade. “Além de fazer o papel de organizar as pautas dos segmentos da chapa candidata, a gente tem a responsabilidade de organizar o processo de consulta pública. Problemas pontuais ocorreram, mas, no geral, o saldo foi muito positivo e a vontade da comunidade está expressa nas urnas.”
O diretor de Comunicação do DCE, Gabriel Reis, por sua vez, lembrou as recentes mobilizações estudantis contra o programa Future-se e sinalizou movimentações ainda maiores, caso o Governo não nomeie a chapa vencedora. “Nós, estudantes e trabalhadores da UFJF, temos a autonomia de defender e pautar o projeto da universidade, bem como escolher os nossos próprios reitores. Sendo assim, nós estamos nos preparando constantemente, enquanto estudantes, para uma possível intervenção na UFJF. E a resposta é clara, nós não aceitamos.”
Programa tem seis áreas prioritárias
O debate feito pela chapa única gerou um programa extenso no número de propostas, elaborado a partir de um diagnóstico, que equaciona as realizações e os setores em que ainda falta avançar. Foram destacadas seis ações consideradas eixos fundamentais para o segundo mandato de Marcos David e Girlene Silva. São eles:
– Desenvolvimento acadêmico, que significa um crescimento de pesquisa, ensino, extensão, cultura e inovação aumentando a expressão da produção da UFJF nacional e internacionalmente;
– Práticas administrativas, que atuam na melhoria da gestão do cotidiano, tornando os processos mais ágeis e eficazes por meio de ferramentas como a tecnologia da informação;
– Infraestutura, que tem as obras do Hospital Universitário e do Campus de Governador Valadares como prioridades;
– Sustentabilidade, tornando as ações administrativas mais racionalizadas, com vistas a fazer da sustentabilidade uma marca da instituição;
– Democratização do acesso e permanência dos estudantes, visando oferecer o aumento do alcance dos programas de assistência estudantil e ações afirmativas, garantindo que a comunidade acadêmica reflita efetivamente a sociedade; e
– Capacitação dos servidores.