Um grupo de 65 professores foi dispensado da Universidade Salgado Oliveira (Universo) no dia 15 de julho e, até agora, não teria recebido os valores de rescisão, dias trabalhados, férias e 13º salário proporcionais. Além disso, de acordo com o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro/JF), há uma ação civil pública em andamento, que exige o depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores, que não seria feito há, pelo menos, dez anos. O Sinpro e os profissionais têm uma audiência agendada na 5ª Vara do Trabalho de Juiz de Fora na próxima segunda-feira (12), para tratar do assunto.
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Depois de 16 anos na instituição, uma professora, que preferiu não se identificar, disse que os profissionais ficaram indignados com a atitude da instituição, que não teria dado qualquer sinalização de resolução do problema. “Eles não cumpriram com a obrigação deles. Saímos, literalmente, com uma mão na frente e outra atrás. Uma falta de respeito impressionante. É importante deixar claro que essa situação não afeta apenas professores de Juiz de Fora, mas também dos outros campi da instituição. A situação é desoladora.” Ela diz que há uma sensação de impotência, porque os professores foram dispensados no meio do ano letivo, sem qualquer explicação mais detalhada.
“Nos dedicamos muito, fizemos o que era possível para melhorar o conceito e a pontuação da instituição junto ao Ministério da Educação (MEC). Entendemos o lado da empresa, mas o que causa revolta é essa impotência diante da falta de respeito com os nossos direitos. Disseram que não têm como nos pagar e pronto.”
De acordo com o professor de Direito Marcelo Martinez, que trabalhava na instituição há 15 anos e também foi dispensado, há uma frustração grande em relação ao não pagamento dos direitos. “Até a rescisão de contrato, tudo bem. É um direito do empregador demitir seus funcionários, para readequação da folha de pagamento ou até mesmo por outros motivos. Só que o mesmo direito que eles têm de demitir, nós também temos de receber as verbas rescisórias e não foi o que aconteceu. Estamos sem dinheiro algum. Há professores que se dedicavam exclusivamente à instituição e estão passando por grandes dificuldades.”
O Sinpro acompanha a situação e intervém para que os professores consigam solucionar o impasse. “Não se faz isso com o trabalhador, no meio do ano, demitir 65 professores e outros muitos funcionários de outros setores. A Universo deixou essas pessoas desempregadas, sem receber nada. Nós, do Sindicato dos Professores, repudiamos isso, mas percebemos que é um aprofundamento da reforma trabalhista, em que os empresários estão sucateando as faculdades particulares e demitindo profissionais para contratar outros por salários mais baixos”, afirmou a coordenadora do Sinpro, Cida Oliveira.
O sindicato tem audiência marcada com os professores na 5ª Vara do Trabalho. “Estamos buscando um acordo para que esses profissionais tenham condições de sobreviver. Para que, no ano que vem, tenham condições de buscar vagas em outras instituições. Eles foram demitidos no dia 15. No dia 25, deveriam ter recebido as verbas rescisórias. Entendemos que esse corte profundo na área pedagógica da instituição representa uma perda para o ensino, para os alunos e para a cidade também.”
A Tribuna de Minas fez contato com a direção do campus de Juiz de Fora e com a mantenedora da Universo no Rio de Janeiro, por telefone e também por email com a assessoria. Por telefone, a instituição afirmou que não se pronunciará sobre o assunto.