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Projeto do HU oferece atendimento psicológico gratuito para pessoas em luto

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O luto, cujo dia é lembrado no próximo dia 19, é um processo muitas vezes difícil de ser encarado. Apesar disso, é importante que ele seja debatido e que as pessoas enlutadas sejam acolhidas e recebam suporte psicológico. Nesse sentido, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF) oferece atendimento psicológico para pessoas que passam pelo processo, por meio do “Enlutar”. O projeto é conduzido por professores e alunos do curso de Psicologia. O objetivo é proporcionar acolhimento e suporte psicológico gratuito a adultos enlutados, atendendo anualmente cerca de cem pessoas nas modalidades presencial e remota.

Foi justamente buscando esse atendimento que o professor universitário Luis Carlos Barbosa dos Santos, 45 anos, foi pela primeira vez à terapia. “Eu tinha acabado de perder a minha mãe, em fevereiro de 2022, estava com várias complicações, inclusive físicas, e recebi um diagnóstico de depressão. Por acaso encontrei esse projeto no Instagram, para mim foi um divisor de águas”, conta. Participou das ações durante cerca de quatro meses, através da modalidade on-line, permitindo que ficasse em sua cidade, São João Nepomuceno, enquanto estava se tratando. Com a ajuda profissional, passou a perceber gatilhos que o levavam à tristeza profunda, sabendo em que momentos poderia “rejeitar o sentimento ou enfrentá-lo”.

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Um dos pontos que ele sente que mais o ajudou nesse processo foram as atividades em grupo com outras pessoas enlutadas. “São pessoas que estão vivendo a mesma situação. E é uma questão atemporal, que cada um vive no seu tempo e vai se fortalecendo no seu tempo”, explica. Para ele, foi fundamental aprender também que em situações assim “palavras prontas” não bastam, e o melhor é se prontificar a estar disponível quando a pessoa que está sofrendo precisar. Essa experiência fez com que, aos poucos, ele fosse entendendo que um suporte específico para essa situação, tratando os pacientes com “seriedade e responsabilidade”, era necessário. “Acho que as pessoas pensam que todo mundo é capaz de suportar essa dor sem ajuda, mas na verdade não é bem assim”, diz.

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O grupo surgiu em 2020, quando muitas pessoas perderam entes queridos devido à Covid-19. A professora Fabiane Rossi, responsável pela organização, explica que oferecer esse serviço possibilita que as pessoas tenham “troca de experiências, aprendizados e habilidades importantes para o manejo do luto”. O projeto desenvolve também ações de educação para a morte em espaços como Unidades Básicas de Saúde e treinamentos com profissionais de saúde, tendo 12 encontros semanais, com duração de aproximadamente 1 hora e meia, sendo conduzidos por psicólogos residentes do Hospital Universitário e alunos da Graduação e Pós-Graduação em Psicologia da UFJF.

Modalidade presencial e on-line

A opção on-line foi oferecida desde o começo do projeto devido à situação epidemiológica que estava sendo vivenciada, e continua sendo oferecida para poder abarcar pessoas que estão distantes ou com dificuldade de mobilidade. No presencial, os trabalhos acontecem no Ambulatório de Luto do Hospital Universitário, que possui também assistência psiquiátrica, quando necessária, e suporte de terapeutas ocupacionais. Todas as ações são supervisionadas pela Psicóloga do Serviço de Psicologia HU/EBSERH Priscila Noé e pelos professores do Departamento de Psicologia e Faculdade de Medicina da UFJF Fabiane Rossi e Alexandre Rezende.

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Conforme Fabiane explica, o grupo é destinado a maiores de 18 anos. Para ela, lidar com esse processo é algo “natural e singular”, pois cada enlutado vivencia este momento de uma forma. “Por isso não há fases, mas sim um processo cíclico que envolve atitudes voltadas para a perda e para a restauração, ou seja, é natural que o enlutado oscile entre momentos de tristeza e dor e comportamentos de retomada dos projetos de vida”, diz.

Outras informações sobre o projeto e divulgação de vagas podem ser acompanhadas por meio do perfil do projeto nas redes sociais: @projetoenlutar.

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Alunos passam por formação

Dentro do projeto os estudantes de graduação participam da condução dos grupos e dos atendimentos individuais de suporte a enlutados, elaborando também materiais psicoeducativos sobre o luto e participando ainda das supervisões e de grupos de estudo. Uma das participantes, Larissa Scolarick, conta que decidiu participar para tentar ajudar as pessoas a lidarem com esse tipo de sofrimento, entendendo que era algo fundamental na sua formação. “O projeto ajuda a desenvolver habilidades de empatia e escuta para manejar o luto dos participantes e conseguir ajudar da melhor maneira possível”, conta.

O grupo também passa a ser, para estudantes como ela, um espaço de entender como guiar pessoas a seguirem com suas vidas após a perda de um ente querido. Na visão da coordenadora, a participação de alunos no projeto faz com que a temática da terminalidade, morte e luto, que ainda é pouco abordada nas formações tradicionais, seja o foco.

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