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Banca Pioneira há 90 anos faz parte da história de Juiz de Fora

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Giulio Caruso (à frente), neto do fundador Francesco, e a equipe que hoje trabalha na primeira banca da cidade, que também está entre as primeiras do Brasil (Foto: Fernando Priamo)
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Giulio é filho de Mário, que é filho de Francesco Caruso, imigrante Italiano radicado no Brasil desde 1923. Quando deixou a Europa pós Primeira Guerra, veio junto de seu irmão Enrico Caruso desvendar o Brasil na intenção de criar um ofício para sobreviver e desenhar a história de sua família aqui. Alguns anos mais tarde, voltou ao seu país e buscou seus filhos, incluindo o Mário, o quarto nascido de uma família de cinco irmãos. Desde os 7 anos de idade, Giulio ajudava seu pai e avô na Banca de Jornal Pioneira, que está na mise-en-scène de Juiz de Fora há exatos 90 anos, completados hoje.

Os olhos de Giulio, hoje aos 39 anos, percorreram as intensas mudanças da imprensa brasileira. Ele vivenciou no cotidiano da banca a passagem do impresso para o digital e precisou se readequar, assim como a comunicação de uma forma geral, para se enquadrar no mundo das telas, mas que ainda tem o apreço pelo papel, quase como uma sinestesia de querer ler, tocar e sentir em suas mãos. Formado em Administração de Empresas, ele criou mecanismos de venda pela internet que poucas bancas pelo Brasil conseguem fazer. Hoje ele tem clientes do Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina que compram a distância coleções que ele vende em sua banca só pelo conforto de poder receber em casa. A Pioneira é reconhecida como uma banca modelo, isso porque mistura exatamente os anseios da nova geração com o tradicionalismo da família Caruso.

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Quando Enrico e Francesco aqui chegaram, não existiam as bancas de jornais no formato que são hoje. Giulio conta que havia apenas um ponto de distribuição, que ficava na Rua Batista de Oliveira esquina com a Rua Halfeld, e de lá saíam distribuindo pela cidade com os exemplares nas costas. Como a única fonte de informação do início do século XX eram os impressos, chegou em um estado que ficou muito difícil e pesado de carregar. A partir de então, começaram a instaurar locais de venda fixos e, desde 1927, Francesco ficou responsável pela venda dos jornais que acontecia na Rio Branco próximo onde hoje é o Calçadão, sendo o marco do que se tornou a primeira banca de jornal de Juiz de Fora.

O primeiro lugar da banca era embaixo do Edifício Clube Juiz de Fora, onde inclusive foi por um tempo a sede do Diário Mercantil, antigo jornal da cidade. Após o grande incêndio que aconteceu em 1950 e atingiu completamente o prédio e pontos comerciais da região, a Banca Pioneira mudou-se de lugar e foi para a Rua Halfeld, antes de se tornar calçadão, e, há aproximadamente 30 anos, ela veio para onde está até hoje, na região mais central de Juiz de Fora, o Parque Halfeld.

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Hoje Giulio Caruso é o responsável pelo espaço e conta com satisfação a história de sua família que de geração em geração foi construindo a banca pioneira até o que é hoje. Em seus arquivos pessoais, possui fotografias e jornais antigos que resguardam um pouco da memória da cidade. A existência da banca é pura metalinguagem: ao mesmo tempo em que sempre contribuiu para espalhar os fatos que constituem Juiz de Fora, ela é, também, propriamente um pedaço que acompanha quase um século dessa história.

 

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