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Mudança na área azul já está em vigor, mesmo sem sinalização correta

Mudança na área azul já está em vigor, mesmo sem sinalização
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Há uma semana, usuários podiam usar, no máximo, três créditos, em vez de dois, aumentando de três horas para quatro horas e meia de permanência (Foto: Leonardo Costa)
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A placa que indica permissão para estacionar na região central de Juiz de Fora, na Área Azul, informa a tolerância de dez minutos com o pisca alerta aceso, o horário permitido – a equivalência de 90 minutos por cada crédito – e, em caixa alta, em uma faixa de mesma cor da área, a palavra “rotativo”. Além disso, também está sinalizado o “máximo por dia neste setor: 2 créditos”.

Esta última informação está desatualizada desde o último sábado (2), quando entrou em vigor a Lei 14.822, promulgada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora, após veto do Executivo derrubado por unanimidade pelos vereadores. Ela aumenta para três o máximo de créditos que podem ser utilizados em cada setor, por dia, o que equivale a quatro horas e meia, em vez de três horas.

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“A explicação é muito simples”, defendeu o autor da proposta, Dr. Antônio Aguiar (União), na reunião da Câmara do dia 21 de fevereiro. “Esta é uma área onde você tem concentração de prestação de serviços: consultórios médicos, clínicas, escolas. Por exemplo, eu passei muito por essas situações. Estacionava meu carro ali na Rua São Sebastião, tinha três horas de crédito e tinha que cumprir quatro horas de trabalho na Prefeitura. Como eu fazia com essa hora extra? Corria risco, e fui multado, pelo menos, duas vezes por não ter esse crédito.” O vereador completa citando enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas e pacientes que ficam por mais de três horas esperando para ser atendidos.

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Usuários aprovam tempo a mais

É este também o argumento utilizado pelo funcionário público Leandro Marques da Silva, que estaciona o carro no início da Rua Fernando Lobo: “É melhor para a gente que precisa vir ao Centro da cidade toda hora (…) uma hora, uma hora e pouquinho, só na hora de fazer consulta”. Mesmo tendo o aplicativo que já disponibiliza a venda dos três créditos, Leandro ainda não estava ciente das mudanças, assim como outros dois motoristas no entorno.

João Arume, logo após parar seu automóvel na Rua Braz Bernardino, próximo ao número 70, afirma que, normalmente, encontra vagas facilmente e aprova a nova medida: “Quatro horas e meia é um tempo razoável. No meu caso, quando venho aqui – são 40, 50 quilômetros de distância -, aproveito para fazer muitas coisas. Normalmente, demoro quatro horas, mais ou menos”. Ele mora em Guarará e costuma realizar pagamentos e fazer compras em Juiz de Fora. Às vezes, também precisa deixar o carro estacionado para almoçar, neste meio-tempo.

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Deixando o veículo na mesma rua, já mais próximo à esquina com a Avenida Rio Branco, José Paulo de Souza, também aposentado, afirma que o período de três horas, “principalmente na vaga de idosos, já não vem sendo respeitado há muito tempo”. Apesar disso, também acha interessante o aumento, para a coletividade, mesmo que raramente precise de mais do que duas ou três horas. “Eu acho que é aceitável, principalmente para quem vai ao comércio fazer compras. Quem realmente precisa de uma rotatividade não vai ser prejudicado.”

Estapar diz que está adequando a sinalização

É exatamente o oposto que defende o mestre em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luiz Britto Bastos. Ele diz se admirar que a Câmara tenha derrubado o veto e acha um “absurdo” até mesmo a proposição.
“O efeito é exatamente contrário ao objetivo da lei inicial que criou o estacionamento rotativo. Você está derrubando os princípios básicos dele, desorganizando uma coisa que está organizada”, afirma o primeiro presidente da Comissão de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana da Ordem dos Advogados do Brasil de Juiz de Fora (OAB/JF), acreditando que “Juiz de Fora é uma cidade cheia de privilégios, principalmente para o automóvel”.

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Para ele, o máximo anterior de 180 minutos já era exagerado, e o ideal seriam 90 minutos. “Já é muito pelo preço que se paga. O estacionamento rotativo público é barato, tinha que ser mais caro, para que as pessoas procurassem os estacionamentos privados. A rua está entupida de automóveis, inclusive atrapalhando o trânsito, porque onde há veículo estacionado não pode utilizar a via para transitar, fazendo o estreitamento dela.”

A fiscal de trânsito Letícia Martins comenta que alguns carros realmente ficam o dia inteiro, mesmo de forma irregular. “Vamos ver agora, com essa troca, como vai ser. O movimento ainda está normal, mas acho que, mais para frente, pode ser que mude um pouco, ou estabilize, por conta do novo horário, porque eles vão ficar mais tempo ainda na vaga.” Ela confirma a tendência percebida entre os usuários, cuja maioria ainda não sabe a novidade.

A Tribuna questionou a Estapar, empresa responsável pela gestão do sistema, quais eram os planos para que as vagas continuem atendendo toda a população que necessita delas, quantas vagas existem na região, quantos carros diferentes as ocupam semanalmente, qual já teria sido o reflexo da nova norma, e se, na formulação dela, a empresa havia sido consultada. Em nota, a Estapar se limitou a responder que “está adequando a sinalização e demais ações necessárias, em cumprimento à nova legislação”.

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