Ícone do site Tribuna de Minas

Mais de 4.800 pacientes aguardam por cirurgias eletivas em Juiz de Fora

PAM-Marechal

Foto: Fernando Priamo

PUBLICIDADE

A fila de espera para realização de cirurgias eletivas em Juiz de Fora conta com 4.834 pacientes. Os dados são da Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e representam os números registrados até a última quarta-feira (8). Em alguns casos, a espera para realização dos procedimentos pode levar anos, e, com isso, os pacientes precisam reiniciar os processos de marcação de novos exames, exigidos para as intervenções, por conta do vencimento dos anteriores.

Diariamente, dezenas de pacientes vão ao PAM-Marechal para marcar as cirurgias ou os exames para realização das mesmas e, enquanto aguardam na fila para o atendimento, a reclamação quanto a demora para as operações é comum. Uma mulher de 56 anos, que preferiu não se identificar, esteve na unidade de saúde para agendar exames para sua irmã de 48 anos, que aguarda desde 2021 para realizar uma cirurgia para remoção da vesícula. De acordo com ela, os exames que a irmã havia feito já venceram, assim, será preciso providenciar novos.

PUBLICIDADE

“Tem que fazer todo o processo de novo e está muito demorado, tem muita gente também esperando”, diz. Enquanto a cirurgia não é realizada, a paciente tem sofrido com as dores por conta das pedras na vesícula, precisando sempre de atendimento emergencial. “Os médicos só passam medicação para dor e mandam voltar.”

PUBLICIDADE

O mesmo ocorre com a filha de Ana Maria Ferreira Vieira. Aos 37, Luana Vieira aguarda há três anos por uma cirurgia para remover a vesícula. De acordo com sua mãe, ela também precisou renovar os exames e tem que conviver com as dores enquanto espera pelo procedimento cirúrgico. “Ela tem se sentido muito mal, fez vários exames, mas perdeu tudo porque vão vencendo”, conta. “Quando ela se sente mal, dá crise de vômito, e ela vai para o HPS ou para UPA, é medicada, fica algumas horas tomando soro e depois dispensam. A gente acha que vai ser encaminhada para fazer a cirurgia e não é.”

Diagnosticada com síndrome do túnel do carpo, uma paciente de 33 anos, que também preferiu não se identificar, realizou uma cirurgia na mão em novembro de 2022. Para este procedimento, precisou aguardar dois anos. Porém, ela teve um queloide e precisará operar novamente. “Só Deus sabe quando vai sair porque está demorando muito. A espera está demais. Já me falaram que tem muita gente na frente e que vai demorar.”

PUBLICIDADE

Mais de 500 reclamações

Em 2022, a Ouvidoria de Saúde do município registrou 541 manifestações envolvendo cirurgias eletivas. As reclamações estão relacionadas principalmente às especialidades de ortopedia, neurocirurgia, cirurgia geral, pediátrica, urologia e oncologia.

PUBLICIDADE

‘Fila das cirurgias é dinâmica’

O número de pacientes que aguardam a realização de cirurgias eletivas demonstra se manter no mesmo patamar. Em setembro de 2022, uma reportagem da Tribuna mostrava que mais de 4.600 pessoas esperavam pelo procedimento em Juiz de Fora.

Conforme a Secretaria de Saúde, a fila das cirurgias eletivas é dinâmica. Diariamente, o sistema de saúde registra de 70 a cem novos pedidos pelo procedimento. Só em 2022, a PJF informou que realizou mais de dez mil cirurgias eletivas na cidade.

“A regulação, conforme grau de urgência e necessidade, encaminha todos os procedimentos solicitados pela atenção primária para os hospitais conveniados da rede. Este encaminhamento, porém, depende da disponibilidade de vagas nas unidades de referência para cada tipo de procedimento”, explica a Saúde em nota. Ainda conforme destacado pela pasta, os procedimentos foram paralisados durante o período mais crítico da pandemia, o que levou a um represamento.

PUBLICIDADE

Lista de espera deve ser disponibilizada para pacientes

Em maio de 2021, foi sancionada uma lei que determina a publicação, por parte do Executivo, de lista cronológica de espera por consultas comuns ou especializadas e outros procedimentos de saúde. Além das consultas, conforme a legislação, deverão ser disponibilizadas informações referentes a filas de espera por procedimentos como exames, cirurgias e quaisquer outras ações de saúde agendadas pelos cidadãos no município.

A lei entraria em vigor após 90 dias da data de publicação, mas a PJF conseguiu a ampliação desse tempo para 18 meses. De acordo com o vereador Maurício Delgado (União), autor do projeto de lei, este prazo se encerra em maio de 2023. A SS já apresentou um primeiro protótipo à Câmara Municipal, ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e ao Conselho Municipal de Saúde.

Ainda conforme o parlamentar, algumas adaptações foram solicitadas, especialmente porque, em um primeiro momento, o sistema está ajustado para Juiz de Fora, porém, por tratar-se de uma macrorregião, ainda se faz necessário um sistema integrado com outros municípios. “Pelo que foi mostrado, houve um avanço muito grande. É importante para o processo de transparência, onde todos usuários conseguirão acompanhar a questão de tempo, quanto o procedimento vai demorar”, aponta Delgado.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile