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Região deve ganhar parque 5 vezes maior que Ibitipoca

crescimento do ecoturismo preservacao da mata atlantica e das nascentes justificam criacao do parque

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Crescimento do ecoturismo, preservação da Mata Atlântica e das nascentes justificam criação do parque (Foto: Márcio Lucinda)
Crescimento do ecoturismo, preservação da Mata Atlântica e das nascentes justificam criação do parque (Foto: Márcio Lucinda)
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A região que hoje se orgulha das belezas do Parque Estadual do Ibitipoca pode ganhar um novo referencial de ecoturismo. Ambientalistas, técnicos e políticos se articulam para criar o Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira, que poderá ajudar no desenvolvimento das comunidades do entorno. O espaço que pode abrigar a reserva tem quase 8 mil hectares de Mata Atlântica preservada entre as cidades de Rio Preto, Olaria, Santa Bárbara do Monte Verde e Lima Duarte. A título de comparação, o Parque do Ibitipoca, a 90 quilômetros de Juiz de Fora, tem 1.488 hectares de área. O projeto do Serra Negra é ousado: nas próximas duas ou três décadas, pretende ser umas das principais referências em ecoturismo no país. E quem está à frente do projeto garante que só é preciso estrutura para receber os visitantes, uma vez que a natureza já se encarregou de preparar todo o resto. Florestas, cachoeiras, grutas, cânions, campos rupestres, fauna diversificada e espécies endêmicas na área da botânica são alguns dos atrativos que o visitante poderá encontrar. A área é ainda um dos principais bancos de recarga hídrica da região, com nascentes importantes.

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Para que essa porção da Serra Negra se transforme num parque, é preciso ainda seguir algumas etapas. As comunidades de Olaria e Lima Duarte que circundam a Serra Negra já começaram a ser sensibilizadas e ouvidas. No próximo mês, a população de Rio Preto e Santa Bárbara do Monte Verde poderá expor suas impressões sobre o projeto. “Nossa preocupação é que o parque seja criado de forma totalmente participativa. Ele tem que sair se a comunidade quiser e depois de serem expostos seus pontos de vista”, diz o gestor da Associação dos Municípios do Circuito Turístico Serras de Ibitipoca, Márcio Lucinda. Depois de ouvidas as comunidades e realizadas audiências públicas nos municípios diretamente envolvidos, o governador Fernando Pimentel (PT) poderá baixar um decreto autorizando a criação de uma unidade de conservação, que poderá ser na modalidade “monumento natural” ou “parque”.

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“Se a opção for pelo monumento natural, não há necessidade de fazer desapropriações, embora os proprietários tenham algumas restrições, como não poder desmatar e não criar gado. Mas podem, por exemplo, transformar essas propriedades em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) ou ainda explorar o turismo”, explica o chefe da Diretoria de Áreas Protegidas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Henri Dubois Collet.

“Já para a criação de um parque são necessários recursos do Estado para a desapropriação. E estamos em um momento de dificuldades. Talvez seja mais interessante primeiro criar a unidade de conservação como monumento natural e, futuramente, discutir a criação do parque.” A expectativa é de que todos os estudos sejam feitos até agosto, para que o decreto seja assinado ainda este ano.

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Proteção pode ajudar a frear plantio de eucalipto

A criação de uma área de conservação – seja ela monumento natural, parque ou outra categoria – é uma das principais formas de preservação ambiental. Na área da Serra Negra, que está inserida no complexo da Serra da Mantiqueira, a proteção pode ajudar a frear o avanço do plantio do eucalipto na região, bem como ordenar a expansão urbana e dificultar o tráfico de animais da fauna silvestre.

“É uma raridade na Mata Atlântica encontrar uma área como essa, contínua. A Serra Negra tem uma estrutura muito semelhante a Ibitipoca, com cachoeiras, grutas, uma variedade de fauna e flora muito grande. É uma das maiores áreas de ocorrência de samambaias do país, sem falar nas espécies de orquídeas e bromélias. Estamos falando de um potencial muito grande de turismo, com localização estratégica”, ressalta o coordenador da Área de Preservação Ambiental (APA) da Mata do Krambeck, Arthur Valente.

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Além das belas cachoeiras, importância do local foi constatada por meio de inventário florístico da UFJF (Foto: Márcio Lucinda)

Funcionamento

Caso seja criado, o Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira funcionaria de modo semelhante a Ibitipoca, com entrada controlada de visitantes, que teriam acesso aos atrativos por meio de trilhas. A diferença é que o novo parque teria quatro entradas, uma em cada município (Rio Preto, Olaria, Santa Bárbara do Monte Verde e Lima Duarte). O controle da unidade ficará a cargo do Instituto Estadual de Florestas (IEF), assim como ocorre com todos os parques estaduais.

Bancos privados e inclusive o Banco Mundial vêm sendo apontados como possíveis parceiros do projeto. Áreas que deverão englobar o parque também estão sendo compradas pela iniciativa privada. Elas serão doadas ao Estado, como forma de compensação ambiental, por meio da criação de unidades de conservação de proteção integral.

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Aposta em retorno financeiro

Para os municípios que vão abrigar o parque, o retorno financeiro pode ser uma alternativa para equilibrar as contas públicas. Com pouco menos de dois mil habitantes e um orçamento previsto para 2016 de R$ 6,7 milhões, Olaria, a 81 quilômetros de Juiz de Fora, tem como principal atividade econômica a pecuária leiteira. Mas a cidade que já chegou a produzir 25 mil litros de leite por dia, hoje não chega a 14 mil. “Nunca vamos criar estabilidade financeira se continuarmos fazendo o que estamos fazendo”, sentencia o prefeito Ronaldo de Paula Alves, que assumiu o posto de coordenador político do grupo dos quatro municípios envolvidos na criação do parque.

Região chama a atenção pelas belas paisagens naturais (Foto: Márcio Lucinda)

“Nossa região está estagnada por causa do relevo, que não proporciona uma expansão industrial, como ocorreu em Juiz de Fora. Vivemos um drama político e administrativo. O Governo federal restringiu a questão do pacto federativo, e o município vem vivendo limitações financeiras: gasta o que não recebe e fica eternamente endividado. A cidade não gera renda”, completa.

Já em Lima Duarte, cidade com cerca de 16 mil habitantes e que já conta com o Parque Estadual do Ibitipoca, uma pesquisa do Sebrae apontou que 15% das carteiras assinadas no município estão ligadas diretamente com o turismo, sem levar em conta os empregos gerados de forma indireta. Só o Parque de Ibitipoca movimenta cerca de R$ 3 milhões por ano. Com o novo parque, a cidade espera fomentar ainda mais o setor.

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A proposta do Serra Negra não é rivalizar com o Parque Estadual do Ibitipoca, que já apresenta saturação pelo grande número de visitantes. “Com a conquista desse novo parque, cria-se um novo roteiro de ecoturismo, que inclui ainda a Serra do Papagaio, no Sul de Minas, e a do Ibitipoca. Depois, esses parques podem ser interligados por corredores ecológicos”, sugere o secretário de Turismo de Lima Duarte, Henrique Delgado.

ICMS ecológico

Além de fomentar o mercado municipal e regional de hotéis, restaurantes, transporte, artesanato, entre outros, a criação de uma área estruturada para o ecoturismo traz outros benefícios para os municípios. Um deles é o ICMS ecológico, valor repassado às cidades onde existem áreas de preservação e conservação. Em Minas, o ICMS ecológico corresponde a 1,1% do total do imposto destinado aos municípios, sendo a distribuição deste montante realizada em função do Índice de Meio Ambiente (IMA). O IMA é composto por três subcritérios: Índice de Conservação, Índice de Saneamento Ambiental e Índice de Mata Seca.

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