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Mapa aponta rotas para bicicletas

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Um mapa com os principais trajetos utilizados por bicicletas no município foi entregue por um grupo de ciclistas à Settra. O objetivo é que estas ciclorrotas sejam incluídas no Plano de Mobilidade Urbana de Juiz de Fora, que está em fase de finalização. O projeto de planejamento cicloviário, que contempla ações para favorecer o compartilhamento das vias urbanas de Juiz de Fora, busca atender diferentes tipos de ciclistas, principalmente os trabalhadores que usam o modal para se locomover. Além do traçado, o documento traz um texto com diretrizes para implantação de equipamentos que garantam maior segurança e comodidade no trânsito. De autoria da ONG Mobilicidade em parceria com o Lego Projetos, a iniciativa prima pela conscientização, partindo de um novo modo de se pensar a cidade: direcionado às pessoas e com menos veículos nas ruas e avenidas. A expectativa do grupo é que o projeto receba atualizações periódicas, conforme as mudanças na infraestrutura viária urbana.

Na proposta apresentada ao Executivo, um mapa traçado por ciclistas em uma oficina possibilita entender quais são hoje as vias mais utilizadas e aquelas mais desejadas para utilização no trecho urbano. As vias traçadas podem ser identificadas desde a Zona Norte à Zona Sul da cidade. As mais desejadas podem ser identificadas desde o Acesso Norte, seguindo pela Avenida Brasil, estendendo além do Bairro Terras Altas, na Zona Sudeste. Tangenciando a Brasil, a Avenida Itamar Franco, entre o Viaduto Augusto Franco até a Cidade Alta, também segue na preferência dos ciclistas, incorporando também as saídas para a BR-040 pelo São Pedro e Cascatinha (ver quadro).

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Avenida Rio Branco

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O ponto de maior incidência de bicicletas, no entanto, é a Avenida Rio Branco, inclusive atestado pelos cálculos de ciclistas desenvolvidos pelo grupo em três pontos. Na última contagem, realizada em setembro de 2015 no cruzamento com a Avenida Itamar Franco, foi possível contabilizar 1.144 ciclistas em 13 horas. Já na altura do cruzamento com a Avenida Brasil, no Manoel Honório, o número foi de 620 bikes, finalizando com a praça na altura do Alto dos Passos, com 529 pelo mesmo período. “Todo mundo precisa utilizar essa avenida, principalmente os ciclistas. Nosso veículo é de tração humana, e precisamos que haja maior atenção para viabilizar a segurança estes locais, principalmente os de menos morros”, defende o presidente do Mobilicidade, Guilherme Mendes.

No texto do plano entregue à Settra, também há um cronograma com sugestões de prazos para se desenvolverem campanhas informativas, equipamentos que facilitem guardar a bicicleta, integração do modal com o transporte público e investimento em infraestrutura, com sinalização vertical para ciclorrotas e construção de ciclovias e ciclofaixas (ver quadro). As ações são apresentadas para aplicação em curto, médio e longo prazo. Guilherme explica que a maioria das propostas é feita em baixo custo. “No Mobilicidade, a nossa filosofia é empregar o mínimo de recursos, da forma mais simples para se viabilizar a aplicação do plano. De todas as intervenções, o plano cicloviário é o mais barato. Se não tem dinheiro para fazer uma ciclovia, pode ser feita uma ciclofaixa, usando tinta, como também uma sinalização de ciclorrotas”, defende.

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Adequação de coletivos urbanos

Uma das medidas sugeridas pelo grupo Mobilicidade é a adequação dos coletivos urbanos para se transportar as bicicletas. Com base em modelos já desenvolvidos em outras cidades, o presidente do Mobilicidade, Guilherme Mendes, afirma que a iniciativa atenderia aos moradores da Cidade Alta, por exemplo, destacando a dificuldade das vias íngremes pelas quais precisam se deslocar. “É importante que o ônibus tenha um espaço para transportar até duas bicicletas. Aqui poderia ser adotado, visando a atender às pessoas que moram em áreas mais altas”, afirma. No texto do projeto, destaca-se ainda a instalação de bicicletários próximos a pontos de ônibus para que os usuários façam uso de ambos os transportes. “Isso tanto pode representar redução do tempo de viagem para quem se desloca a pé até o ponto de ônibus ou economia e qualidade de vida.”

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Projeto de lei apresentado na Câmara Municipal buscava determinar a instalação do suporte para transporte de bicicleta nos ônibus coletivos urbanos. A medida, de autoria do vereador Antônio Aguiar (PMDB), seria gradativa nas linhas urbanas, sendo 10% da frota por ano, com espaço para transporte de, no mínimo, duas bicicletas. O projeto foi retirado pelo autor em maio do ano passado, após recomendação da Procuradoria Geral do Município. Segundo o vereador, o órgão o orientou a procurar o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), para saber sobre a regulamentação do equipamento, já que poderia haver algum impeditivo na legislação. “Estamos aguardando, vou tentar preservar este projeto de todas as maneiras”, defende o vereador.

Outro ponto apresentado pelo projeto é o programa de bicicletas compartilhadas. De caráter público, seria disponibilizado à população usando de sistemas tecnologicamente avançados e seguros. O projeto destaca que a implantação deve levar em conta as características topográficas da cidade, no entanto, sugere a implantação de estações com sistema de travamento automático, rastreamento sem fio e acompanhamento em tempo real das ocupações.

 

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Sugestões estão sendo analisadas

De acordo com o secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, o texto elaborado pelos ciclistas será adaptado para integrar o Plano de Mobilidade Urbana de Juiz de Fora, concluído em abril de 2015. O titular da pasta informa que o material ainda não foi divulgado por causa da elaboração do Plano Diretor do município. “Estamos aguardando a finalização do Plano Diretor para verificar se o Plano de Mobilidade não apresenta propostas contraditórias. As sugestões já estão sendo analisadas pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), e nossa proposta é apresentar os dois planos juntos”, esclarece.

Mudança de hábitos

Embora veja o relatório dos ciclistas com bons olhos, inclusive com pontos do projeto já em fase de estudo, Rodrigo afirma que a questão cultural é decisiva na implantação. “É um processo de mudança de hábitos, algumas pessoas compram a ideia, mas outras, não. Existe esse embate, porque há a percepção de que a rua é feita para o automóvel, mas a rua é destinada para a coletividade. As ruas devem ser destinadas também às bicicletas, ao transporte coletivo, mas não se pode fazer tudo de forma precipitada. É preciso trabalhar gradualmente”, diz. Para isso, aguarda a conclusão do plano para se implementar campanhas permanentes de conscientização sobre uso compartilhado das vias.

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O secretário assegura que algumas medidas apontadas, como a integração com o transporte público, a instalação de paraciclos e a própria sinalização de ciclorrotas, já são avaliadas pela Settra. No entanto, a criação de ciclovias em avenidas de maior fluxo ainda precisa de uma discussão mais criteriosa. “São algumas propostas que precisam ser avaliadas, estudadas com bastante critério, porque não é simples. Os ciclistas são muito dedicados, apresentaram um trabalho de boa qualidade. Mas há uma série de conceitos que se consegue colocar no papel, mas na prática são impossíveis.”

Rodrigo afirma que, embora com dificuldades, a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) também busca recursos junto ao Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG ) e Ministério das Cidades para a implantação da ciclovia da Avenida Brasil. “É um projeto que segue pela margem do Paraibuna até a Zona Norte, mas ninguém está conseguindo recurso para nenhum tipo de obra”, lamenta. Outro ponto que o secretário alega impossibilidade no momento é o sistema de bicicletas compartilhadas, o qual dependeria de uma Parceria Público-Privada. “Não é por falta de vontade, mas com este cenário econômico, temos dificuldades de encontrar parceiros”, explica.

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