A mulher, de 53 anos, vítima de feminicídio esta semana no Bairro São Pedro, na Cidade Alta, em Juiz de Fora, foi encontrada morta pela própria mãe, 81, embaixo da cama na casa onde morava, na Rua José Lourenço. O corpo da cuidadora de idosos, identificada pela Polícia Militar como Vanderleia Moreira Ramos, estava enrolado em um cobertor, com os pés para fora. Ela estava desaparecida desde a noite do último domingo (5) e, na manhã de terça, familiares foram até a residência, após tentativas frustradas de contato telefônico.
Ainda de acordo com informações do boletim de ocorrência registrado pela PM, o suspeito do feminicídio é o companheiro da vítima, 36. Imagens de câmeras de segurança revelaram ele entrando e saindo do imóvel várias vezes, entre a tarde de segunda e a madrugada de terça, quando deixou o local pela última vez, carregando uma bolsa. Apesar das buscas realizadas pelos militares, o homem ainda não foi localizado. Ele seria ex-presidiário e conhecido no meio policial por envolvimento em crimes, incluindo furtos e roubos na região central da cidade.
Antes de conseguirem encontrar Vanderleia, parentes já tinham ido até o endereço. Um irmão dela se deparou com a residência toda fechada, o que deixou a mãe ainda mais preocupada. Após várias tentativas de localizá-la, os dois familiares e uma amiga foram juntos ao local na manhã de terça e entraram com uma chave reserva que ficava com a mãe. Já na entrada, sentiram um cheiro forte.
Após perceberem que a vítima já estava sem vida, a PM e o Samu foram acionados, verificando que o corpo apresentava sinais de decomposição, além de ferimentos cortantes na região do pescoço. Havia marcas de sangue em uma das paredes do quarto e grande quantidade do líquido vermelho no piso do cômodo.
Suspeito de feminicídio teria histórico de agressões contra a vítima
Segundo o boletim de ocorrência, Vanderleia e o suspeito estariam se relacionando há cerca de três anos. O homem teria “histórico de agressões e práticas recorrentes de violência doméstica contra a vítima, a qual, apesar das agressões sofridas, nunca tomou providências legais”. Ao ser questionada por amigos e familiares, ela negaria estar sendo agredida por ele, mesmo quando eram visíveis as marcas em seu corpo.
Ao descobrirem o crime, parentes identificaram que o suspeito teria fugido levando documentos pessoais e o celular da vítima, pois os mesmos não foram encontrados em casa. A suspeita é que o envolvido possa ter sumido com os documentos para dificultar a identificação da mulher ou para ter acesso às contas bancárias dela.
Uma pessoa que tinha o costume de contratar a vítima para cuidar de um familiar idoso contou à PM que na segunda-feira, por volta das 18h30, entrou em contato com a vítima pelo WhatsApp, a fim de contratá-la para um serviço. Ela estranhou ter recebido como resposta uma mensagem de texto, pois Vanderleia costumava lhe enviar áudios. Além disso, teria negado o trabalho, alegando estar cansada por ter feito faxina até mais tarde. A situação despertou desconfiança de que o suspeito respondeu a mensagem se passando pela vítima, que já estaria morta.
A Perícia da Polícia Civil realizou os levantamentos na cena do crime, confirmando que a mulher apresentava cortes na região do pescoço, provocados possivelmente por instrumento perfurocortante. As lesões resultaram em hemorragia e consequente óbito, ocorrido entre 24 a 48 horas antes da avaliação. O caso de feminicídio está sendo investigado.