O comerciante de 41 anos, suspeito de matar a amante com um tiro no rosto, dentro da própria mercearia, no dia 4 de agosto, no Bairro Santo Antônio, Zona Sudeste, foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio triplamente qualificado e pelos crimes de identidade processual e tentativa de ocultação de cadáver. Nesta segunda-feira (9), a delegada Ione Barbosa, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, anunciou a conclusão do inquérito, que será enviado à Justiça nos próximos dias. Segundo ela, o crime praticado contra Cíntia Scaldini Aleixo Alves, 21, resultando em sua morte, foi qualificado por motivo torpe, emprego de recurso que dificultou a defesa dela, uma vez que foi atraída até o local para ser assassinada, e, principalmente, por feminicídio, que é a morte de mulheres em contextos marcados pela desigualdade de gênero. “Considerando que são três qualificadoras, o crime é tido como hediondo com pena prevista de 12 a 30 anos de prisão”, ressalta a delegada.
Como o indiciado, junto com a esposa, que é considerada coautora do crime, ocultou provas, principalmente as filmagens do local da ação criminosa, irá responder pela prática de falsidade processual e ainda por tentativa de ocultação de cadáver. “Ele e a mulher tentaram ocultar o corpo, que foi arrastado por cerca dois metros para ser colocado no porta-malas do carro, mas, por questões alheias à vontade deles, não conseguiram escondê-lo”, explica Ione, acrescentando que, no caso das filmagens, a esposa dele teria dito durante depoimento que o vídeo da mercearia, que continha as cenas dos fatos, não existia, porque havia chovido naquela ocasião. Já no depoimento dele, o homem alegou que as imagens desapareceram porque um houve um furto na mercearia. “Nossos investigadores, quando estiveram no local para prendê-lo, constataram que na casa dele havia as filmagens. O acesso a elas não era fácil, mas a perícia conseguiu resgatá-las com apoio de uma empresa de segurança”, ressaltou a policial.
Para ela, essas imagens são importantes, porque mostram exatamente o momento em que o comerciante, dentro da mercearia, caminhava em direção à vítima com uma faca nas mãos. “Depois ele retorna sem a faca, o que indica que havia uma terceira pessoa na cena, dando continuidade às ameaças. Concluímos que essa pessoa era a esposa dele, que teria atuado como coautora, pois ela tinha o domínio do fato e de alguma forma contribuiu para o crime”, disse a delegada. A esposa do comerciante terá o pedido de sua prisão reiterado à Justiça, pois já havia sido solicitada desde o início da investigação. “Já temos parecer favorável do Ministério Público para essa prisão. Ela irá responder pelos mesmos crimes que o marido.”
Cíntia teria uma relação extraconjugal com o comerciante, com o qual teve um filho. A relação entre eles teria terminado por motivo de ciúmes da esposa do homem. Segundo o inquérito, a vítima usou uma filmagem, na qual o indiciado pelo crime aparece nu e se masturbando, para chantageá-lo. Esse vídeo teria sido feito por ele quando ainda mantinham a relação e tinha o intuito de marcar um encontro. Ela passou a ameaçá-lo, dizendo que iria divulgar o vídeo.
O comerciante continua preso. Sua prisão aconteceu em 12 de setembro, em Lima Duarte. Logo após a ação criminosa, ele teria fechado o estabelecimento comercial e se mudado para a região central do pequeno município, com a esposa e a filha do casal, de 10 anos. Ele teria tentado sustentar a versão de que o disparo fatal contra a vítima tinha sido um acidente, pois só queria assustá-la.