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Quantidade de médicos em JF supera média nacional

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A distribuição demográfica dos médicos pelo país é marcada pela desigualdade. A avaliação do Conselho Federal de Medicina (CFM) foi realizada com base no levantamento da demografia médica feita pelo próprio órgão. Embora a média nacional seja de 2,18 médicos para cada mil habitantes, tal indicador difere consideravelmente entre regiões, estados, capitais e municípios do interior. Em Juiz de Fora, contudo, os números contrariam a tendência nacional e revelam a média de 5,3 médicos para cada mil habitantes. Proporcionalmente, a cidade está significativamente acima das médias do Estado e da Região – 2,30 e 2,81, respectivamente.

De acordo com o CFM, Juiz de Fora tem 3.191 médicos ativos, residentes na cidade. Destes, 2.405 têm registros de especialistas. Segundo o assessor do Departamento de Comunicação e Assessoria de Imprensa do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais, Edson Braz Carvalho Cruz, é necessário, entretanto, saber que um médico pode ter mais de uma especialidade registrada no CRM.

“Um médico pode exercer qualquer especialidade, desde que tenha qualificação para isso. Entretanto, ele só poder anunciar e ter registrada até duas delas”, explica. Sob esta perspectiva, o número de médicos especialistas levantado pela reportagem leva em consideração apenas a inscrição principal de cada profissional. As análises do CFM, acerca das especialidades, mostram que, a cada dez médicos, seis possuem, pelo menos, um título de especialista.

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Principais áreas têm mais médicos

Edson Braz Carvalho Cruz, assessor do CRM-MG, ressalta que, embora a desigualdade de distribuição dos médicos no país seja realidade na maioria das localidades, a maior concentração de profissionais nas áreas consideradas básicas é importante, já que são as especialidades com maior demanda. “São quatro as especialidades que, normalmente, concentram mais médicos no país. Aproximadamente 38,4% de todos os profissionais estão distribuídos entre clínica médica, pediatria, cirurgia geral e ginecologia e obstetrícia.”

A distribuição de especialidades médicas em Juiz de Fora, portanto, segue, com leves discrepâncias, a tendência geral. No município, a especialidade com maior número de médicos é a pediatria, com 225 profissionais registrados – aproximadamente 7% do número total de médicos. Em seguida, com mais de cem, estão clínica médica, com 194 registros (6%), cirurgia geral, 183 (5,7%), cardiologia, 149 (4,6%), e ginecologia e obstetrícia, 133 (4,1%).

“É uma boa distribuição. As que ocupam os primeiros lugares são as que a gente considera especialidades básicas e que têm maior número de profissionais inscritos e praticantes”, comenta o presidente do Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora, Gilson Salomão.

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Em contrapartida, de acordo com com os dados do CFM, em Juiz de Fora, algumas importantes especialidades têm poucos registros de médicos como categoria principal. Conforme o gráfico, oncologia e geriatria e gerontologia, por exemplo, têm apenas um registro principal, cada.

Uma explicação para este cenário, avalia Salomão, seria, exatamente, o baixo registro da especialidade na categoria principal. Como existe a possibilidade de o profissional registrar até duas especialidades, ele acredita que a oncologia, por exemplo, é registro secundário de médicos da cidade que atuam na área.

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Outra realidade

“Estes dados não refletem a realidade de Juiz de Fora. (O município) tem apresentado um crescimento até considerável no campo da cirurgia e da oncologia clínica, mesmo porque nós temos hospitais que têm um corpo clínico bem especializado. De qualquer forma, eu contesto estes dados. A oncologia é uma especialidade em crescimento”, garante. Salomão destaca, ainda, que o número de médicos em oncologia clínica também é maior do que dez profissionais, como evidenciam os dados.

Em relação ao baixo número de profissionais geriatras, ele explica que, culturalmente em Juiz de Fora, um idoso ter acompanhamento única e exclusivamente por apenas um geriatra é muito raro. “(O idoso) vai ser acompanhado por outros médicos especialistas em outras áreas. Por isso essa especialidade (geriatria) não se torna tão atrativa”, justifica.

Índices do município são divergentes

Para confrontar e comentar os dados, a reportagem contactou o Conselho Municipal de Saúde a fim de fazer um levantamento sobre o número de profissionais que atendem os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, de acordo com o secretário Executivo do órgão, Jorge Ramos, o rol de dados que o Conselho dispõe (ver quadro) – que é discrepante do apresentado pelo CFM – “não é totalmente confiável” e não apresenta a realidade da cidade. Além disso, o órgão não possui um detalhamento preciso a respeito do real número de profissionais, carências de especialidades, e número total de médicos ativos por especialidade.

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As informações levantadas pelo órgão baseiam-se nos dados disponibilizados pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), cuja proposta é ter arquivado dados de todos os estabelecimentos de saúde públicos, conveniados e privados, seja pessoa física ou jurídica.

Carência de especialidades

Segundo a Ouvidoria de Saúde, a oferta de especialistas em áreas que são muito demandadas pelos pacientes não tem sido suficiente. As necessidades mais urgentes, cujas reclamações diariamente são reportadas ao órgão, são de atendimento de médicos ortopedistas, principalmente os subespecialistas (cirurgiões de mão, de joelho, de ombro, etc); neurologistas e neurocirurgiões, hepatologistas, endocrinologistas, cirurgiões gerais e oftalmologistas.

De acordo com o Conselho Municipal de Saúde, também há déficit de profissionais nas áreas de cirurgia de cabeça e pescoço e cirurgia pediátrica. “São especialidades que, inclusive, têm maior oferta de vagas das prestadoras ao Município, mas, ao mesmo tempo, a demanda é muito grande. Oftalmologia e ortopedia, por exemplo, são duas especialidades entre as cinco com maior ofertas de vagas”, comenta o secretário do Conselho de Saúde, Jorge Ramos.

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