Menos da metade do público-alvo da vacinação contra pneumonia foi imunizado em Juiz de Fora. Conforme a Superintendência Regional de Saúde (SRS), a adesão é de 47,78% na cidade. O balanço considera desde o início do ano até o dia 25 de julho. A meta estabelecida pelo órgão é de cobertura de 95% do público-alvo, em conformidade com o estabelecido pelo Ministério da Saúde. Até março, 48,4% das crianças com um ano tinham recebido a dose. A adesão de meninos e meninas com menos de um ano foi ainda menor: 44,01%, ainda conforme a SRS.
Na região, há um aumento tímido na comparação com os dados de Juiz de Fora. O percentual de imunizados na abrangência regional é de 53,69%. Para o pneumologista Fernando Salles, a adesão tem sido impactada pelo modo como a vacina foi encarada por alguns grupos durante a pandemia. “O critério extremamente técnico foi levado para o meio ideológico de desinformação”, comenta o especialista. Na sua opinião, para reverter esse cenário, é preciso investir em busca ativa. Enquanto isso não acontece, no decorrer deste ano, 4.103 pessoas foram internadas com diagnóstico confirmado da doença na cidade, de acordo com informações extraídas do Sistema de Regulação Assistencial (SUSFácil). Somente neste ano, 151 pessoas morreram de pneumonia no município, também em dados do dia 25 de julho.
Caracterizada por ser uma infecção que se instala nos pulmões, a pneumonia pode acometer diferentes regiões do órgão, de acordo com o local em que o agente infeccioso ou irritante se instala. Dificuldade para respirar, secreção de muco de cor amarelada ou esverdeada, dor no peito, febre alta e cansaço são alguns dos sintomas recorrentes.
Apesar dos diferentes organismos que podem ser causadores, os tipos de pneumonia são comumente classificados de acordo com o ambiente pelo qual a doença foi adquirida. Quando a transmissão foi realizada em comunidade (típica por vírus), durante ou após estadia em hospitais (tipicamente bacterianas), após o uso de ventilador para respiração, ou, ainda, as consideradas atípicas, consideradas de difícil observação através dos exames padrões.
Letalidade é considerada alta
A maior letalidade está associada aos casos em que o agente etiológico causador não foi identificado, em 124 das 151 mortes computadas em Juiz de Fora. Em seguida, há 25 óbitos por pneumonia bacteriana e duas pessoas que faleceram em decorrência de pneumonia viral, conforme levantamento do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Para o pneumologista, Fernando Salles, o índice é alto. “Qualquer número de óbitos em uma doença que é perfeitamente evitável é considerado elevado”, observa o especialista.
Ainda sim, os casos de pneumonia ainda são subnotificados, o que dificulta estabelecer um retrato fiel da doença. Isso acontece principalmente por não ser exigida a notificação dos casos às autoridades de saúde. Conforme explica a Superintendência, os monitoramentos se restringem aos diagnósticos no momento da internação ou na certidão de óbito contida nos sistemas de informação.
Outro fator que dificulta a contabilização dos casos é que a pneumonia viral, muito comum, pode evoluir para cura sem a administração de antibióticos. Ou, ainda, pode ser confundida com uma gripe ou originada a partir dela. “Uma gripe mal curada pode levar a uma pneumonia, devido ao acúmulo de secreção nas vias aéreas”, esclarece nota da SRS.
Para Fernando Salles, a baixa cobertura vacinal aumenta a transmissão e, por consequência, eleva o número de infectados. Para o especialista, isso faz com que haja uma subnotificação, já que muitas pessoas com a doença acabam não procurando um médico ou recorrendo a ele tardiamente.
Doença pode ser evitada
É possível encontrar, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina Pneumo 10. A recomendação é que as primeiras doses ocorram aos 2 e 4 meses, e o reforço aos 12 meses de vida. O imunizante é de rotina, podendo ser encontrado fora de campanhas e em qualquer época do ano.
Na cidade, a Secretaria de Saúde afirmou que a vacina está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município e no Departamento de Saúde da Mulher, Gestante, Criança e do Adolescente (DSMGCA).Já as vacinas pneumo 13 e 23 estão disponíveis no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie), no Hospital Universitário (HU-UFJF), no bairro Santa Catarina, apenas para pacientes com condições clínicas especiais.
Outros métodos de prevenção indicados consistem em higienizar as mãos, evitar exposição a mudanças bruscas de temperatura, manter ambientes ventilados e procurar atendimento precoce em caso de suspeita de pneumonia. O médico alerta, ainda, que os sintomas respiratórios ficam mais latentes nos meses frios e secos. Portanto, aqueles que possuem comorbidade precisam redobrar a atenção.
Atenção para crianças e idosos
A imunidade é o fator que mais interfere nos grupos mais afetados pela pneumonia. Por isso, Fernando Salles destaca a necessidade de redobrar a atenção a crianças e bebês, que ainda estão desenvolvendo o sistema imunológico, assim como idosos, que possuem organismo fragilizado. “Não podemos deixar de lembrar dos pacientes que possuem doenças preexistentes, como diabéticos, pessoas com problemas cardíacos, fumantes e pacientes com doenças crônicas, dentre outros”, acrescenta o especialista.