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Parceria entre Prefeitura e UFJF viabiliza três projetos

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Três projetos para desenvolvimento de políticas públicas foram lançados na manhã desta terça-feira (9), por meio de parceria entre a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Prefeitura (PJF). Uma das ações é o “Censo e diagnóstico da população adulta em situação de rua de Juiz de Fora”, que visa contabilizar os habitantes nessa condição para qualificar dados e sugerir encaminhamentos. Voltado para a área de segurança, o “Plano municipal de fortalecimento da vigilância das causas externas” pretende auxiliar desde a capacitação de profissionais de saúde até a estruturação da rede de enfrentamento à violência. O terceiro convênio assinado durante solenidade no auditório da PJF é o “Diagnóstico científico para o subsídio ao desenvolvimento do Plano municipal de conservação e recuperação da Mata Atlântica de Juiz de Fora”.

“Esse plano municipal é uma demanda legal, já que Juiz de Fora pertence ao bioma da Mata Atlântica”, pontuou o coordenador do projeto e professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFJF, Fabrício Alvim Carvalho, citando os critérios da Lei Federal 11.428/2006 para preservação da vegetação nativa. “Basicamente é um diagnóstico para que tenhamos uma visão geral da vegetação, do mapeamento do município e, principalmente, de ações de sustentabilidade vinculadas à Agenda 2030 da ONU, de desenvolvimento sustentável.” Ele complementou que a ação também envolve formação de recursos humanos. “Temos alunos de pós-doutorado, de apoio técnico e de iniciação científica trabalhando. E uma das nossas principais metas é incluir Juiz de Fora como uma das ‘Tree Cities’, dentro dos programas da ONU, já que é umas das cidades com maior cobertura de área verde no domínio da Mata Atlântica (de 20% a 25%).”

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Reitor da UFJF, Marcus David, prefeita Margarida Salomão (ambos ao centro) e outras autoridades participaram do anúncio (Foto: Carlos Mendonça/Divulgação PJF)

O trabalho sobre a população em situação de rua é coordenado pela professora Viviane Souza Pereira, da Faculdade de Serviço Social da UFJF. “Essa é uma demanda posta pelos movimentos sociais, pelos próprios moradores em situação de rua e também pela faculdade, que há muito tempo tem esse desejo. É um momento muito satisfatório para nós, e desafiador, porque a vida na rua é um fenômeno que congrega uma série de determinantes, não é simplesmente a ausência de moradia, e representa várias expressões da chamada questão social. Envolve vários elementos e a construção de uma metodologia própria, adequada para esse tipo de pesquisa”, avaliou a responsável, citando a grande mobilidade dessa população na cidade e a diversidade entre os que vivem nas ruas.

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“Existem aqueles que estão ali há muito tempo, outros que são recentes. Há aqueles que não vivem, mas trabalham na rua, tirando o seu sustento. Têm uma casa para retornar, têm um vínculo familiar, mas ainda fazem uso de albergues e dos serviços da Prefeitura. Precisamos conhecer essa realidade para desenvolver políticas públicas mais adequadas, que atendam mais diretamente e de forma concreta as demandas.” Entre os envolvidos no projeto estão estudantes de graduação e de pós-graduação, mestrado e doutorado, com apoio de docentes dos cursos de psicologia e de estatística.

Em relação ao aprimoramento das políticas públicas de segurança, a coordenadora da proposta e professora da Faculdade de Medicina da UFJF, Cacilda Andrade de Sá, disse se tratar de um projeto de “enfrentamento às violências”. Segundo ela, são três eixos. “O primeiro é da educação continuada, por meio de oficinas, capacitando profissionais da saúde da rede que atende pessoas que, de alguma forma, sofreram algum tipo de violência. O objetivo principal dessa capacitação é o preenchimento correto da ficha de notificação (da violência sofrida, como doméstica ou sexual), para identificarmos os pontos necessários a serem trabalhados, produzindo um diagnóstico correto.”

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O segundo eixo do projeto é um mapeamento da rede de enfrentamento à violência, para compreender o papel de cada serviço de acolhimento às pessoas nessa situação, sistematizar e divulgar esses trabalhos. “No terceiro momento, vamos realizar campanhas de prevenção, mobilizando toda a sociedade para conhecimento do trabalho e da causa a ser enfrentada, e qualificar os profissionais de saúde quanto à temática da violência”, resumiu a coordenadora, que pretende realizar 15 oficinas e dois fóruns. Na equipe estão professores, pesquisadores, alunos e bolsistas da UFJF, incluindo integrantes dos núcleos de Assessoria, Treinamento e Estudos em Saúde (Nates); de Pesquisa, Geografia, Espaço e Ação (NuGea); e de Estudos de Políticas de Drogas, Violência e Direitos Humanos (Nevidh). “É uma equipe formada, principalmente, por pessoas que acreditam que o nosso trabalho na universidade só se faz efetivo quando nós vamos à comunidade, quando nos envolvemos com as questões da comunidade, com aquilo que dói, que afeta, e o que nós, com a tecnologia, podemos transformar”, finalizou Cacilda.

‘Esse é mais um ato de resistência’, afirma reitor

Durante a solenidade de assinatura dos convênios nesta terça, o reitor da UFJF, Marcus David, destacou que as universidades públicas têm potencial de atuar nas regiões onde estão instaladas. “Juiz de Fora nunca esteve numa situação tão privilegiada quanto essa”, disse ele, sobre as parcerias entre UFJF e Prefeitura. Ele ressaltou que a crise atual nas instituições públicas superiores de ensino, definida por ele como “a mais grave e severa da história”, tem várias dimensões, além da asfixia orçamentária, com questionamentos da relevância das universidades para a sociedade. “Talvez essa seja a ameaça mais grave que nós estamos enfrentando neste momento. Há várias formas de ser combatida, e uma delas é quando a universidade tem oportunidade de atuar de forma tão presente e intensa junto à sociedade. Então esse é mais um ato de resistência, mostrando a relevância e a importância de uma universidade pública para o desenvolvimento da nossa sociedade.”

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Na mesma linha, a prefeita Margarida Salomão (PT) definiu que a repercussão de uma universidade na região onde está instalada é uma medida fundamental do que ela significa. “Estarmos aqui juntos hoje é motivo de muita alegria. São projetos importantíssimos. Esse da população de rua não só é imprescindível, como emergencial, porque estamos vivendo uma explosão da vida na rua, e esse assunto deve ser prioridade.” Sobre a proposta relacionada à violência, a expectativa da prefeita é trabalhar com base em mais dados, de forma empírica, para que erros não se repitam. Ela comentou também o diagnóstico da Mata Atlântica: “é indispensável porque há uma presença muito grande (desse bioma) no município e nós precisamos desse estudo para termos as políticas públicas relevantes”.

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