Segundo a lei n° 9.795, de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, o termo se refere aos processos individuais ou coletivos que constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. A consultora ambiental Angélica Villar observa que a adoção da prática, no atual cenário econômico, não se trata apenas de uma estratégia de competitividade e sucesso organizacional, mas sim de sobrevivência.
“O desenvolvimento sustentável é um dos benefícios proporcionados pelas empresas, quando são desenvolvidas as atividades de educação ambiental. Esses projetos incentivam a cultura de coleta seletiva na cidade, além de ações de economia de água, energia e controle de queimadas. A partir dos treinamentos, os indivíduos impactados se tornam multiplicadores da informação e das práticas sustentáveis, atingindo não somente a comunidade no entorno, mas também toda a cidade”, aponta a especialista.
E-ambiental: ABC da sustentabilidade nas escolas
Unir o ambiental com o social é um dos propósitos da E-ambiental, empresa especializada na tecnologia reversa de resíduos que atua há mais de seis anos na Zona da Mata Mineira, sendo a única a oferecer o serviço de reciclagem de eletrônicos em Juiz de Fora. Já tem três anos que a empresa realiza um trabalho de educação ambiental em escolas públicas e privadas da cidade.
As atividades nas instituições de ensino funcionam como gincanas. Nelas, os colégios disputam entre si, e quem coletar o maior número de lixo eletrônico ganha uma sala de computador ou um valor em dinheiro. O computador é reciclado pela empresa, que monta aparelhos novos com peças que não estavam obsoletas. Segundo o proprietário da E-ambiental, Thiago Cunha, 95% dos materiais que chegam ao galpão não têm como serem usados com a finalidade para a qual foram criados, no entanto, podem dar vida a novos materiais através da reciclagem.
Na primeira gincana, os alunos abraçaram a ideia, se engajaram e conseguiram arrecadar mais de dez toneladas de lixo eletrônico. Além da brincadeira, a equipe da E-ambiental também oferece palestras de conscientização sobre a importância da reciclagem para as crianças. “Acredito que a educação ambiental começa junto com as crianças. Se plantarmos uma semente nelas, o nosso futuro será melhor.”
Latinha de Coca
A ideia de levar a educação ambiental para os alunos surgiu quando Thiago lembrou da época em que a Coca-Cola lançou uma campanha incentivando a reciclagem da latinha de alumínio. As escolas aderiram, e isso impactou o país, que hoje é o que mais recicla esse tipo de material no mundo, com cerca de 95% de coleta, embora tenha baixos índices de reciclagem em relação a outros resíduos. “Muitas vezes, a família não sabe o que fazer com um pilha, lâmpada, bateria ou celular, por exemplo, e os professores incentivam as crianças a repassarem essas informações e coletarem de casa. Isso mostra para os pais e para o colégio a importância de incentivar a nova geração”, afirma Thiago.
Para além do trabalho com escolas, a E-ambiental também incentiva a ressocialização de detentos no sistema prisional de Juiz de Fora há quatro anos. O grupo de detentos é contratado para fazer a triagem dos itens que chegam à empresa e, como contrapartida, recebe um terço do salário mínimo e, a cada três dias trabalhados, um é reduzido na pena. Mais de 400 pessoas já foram impactadas com o projeto, sendo alguns contratados ao final do processo.
“O índice de ressocialização no país é muito baixo, faltam políticas públicas e incentivos governamentais. Quando começamos, pouquíssimas empresas em Juiz de Fora empregavam detentos, existia um preconceito muito grande e ainda tem. Mas, depois que começamos, várias outras empresas viram que deu certo, dar uma oportunidade para mudar a vida deles, e esse movimento cresceu”, acredita Thiago.
Reciclagem, economia circular e educação
Há 60 anos, a Paraibuna Embalagens atua na produção de papéis, chapas e caixas de papelão através da reciclagem. Anualmente, são reciclados cerca de 200 mil toneladas de resíduos. Mas para além da sustentabilidade no reaproveitamento de materiais, a empresa promove dois projetos voltados para a educação ambiental da população. O primeiro, que recebeu o nome de Plantar e Colher, é direcionado aos catadores de recicláveis. A ideia é criar uma rede de atendimento e apoio a esses trabalhadores para conscientizar sobre coleta seletiva e economia circular.
O projeto oferece aos catadores carrinhos e kits de cestos para coleta de material, que possibilitam a separação dos resíduos de forma consciente, além de oficinas de artesanato. A coordenadora de Meio Ambiente da Paraibuna Embalagens, Fernanda Rocha, também destaca que, após a triagem interna, outros materiais que aparecem junto com papel, como plásticos e alumínio, retornam aos catadores, aumentando sua fonte de renda.
“Através do suporte oferecido aos catadores, demonstramos nosso compromisso na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, além de fomentar a cadeia de reciclagem. Também reforçamos a importância da economia circular, agregando valor ao produto final”, comenta Fernanda.
Visitas e oficinas
Outra ação promovida pela empresa, mas voltada para toda a comunidade, é o projeto EmbalandO Bem. Entre as atividades desenvolvidas estão oficinas gratuitas de artesanato com o reaproveitamento de materiais; visitação de alunos das escolas da cidade para entender o processo de reciclagem do papel; e o programa de educação ambiental nas escolas públicas, que promove trocas de informações sobre reciclagem e coleta seletiva com os alunos, com atividades como: oficina de papel reciclado e orientações de como separar os resíduos sólidos através da parceria com o catador.
“As ações visam fomentar a responsabilidade ambiental através das crianças, que se tornam defensoras da natureza e contribuem para disseminar as boas práticas da reciclagem, fortalecendo o entendimento do papel de cada um. Além de contribuir para que os alunos alcançados sejam multiplicadores do conhecimento em suas famílias. Através desse programa de educação nas escolas, estimulamos a visão por um futuro diferente, em que as pessoas tenham consciência maior ao consumir, fazendo escolhas mais inteligentes”, ressalta a coordenadora.