Do outro lado da linha, uma pessoa se apresenta como funcionário do banco onde a cliente, de 68 anos, tem conta. Na sequência, alerta que o cartão dela estava sendo utilizado por terceiros. Durante a conversa, o estelionatário convence a vítima a digitar a senha na tela do celular. Isso foi suficiente para que R$ 20 mil fossem transferidos da conta dela, inclusive por meio de PIX. Os golpistas ainda descobriram que a mulher era usuária de outro estabelecimento bancário e a persuadiram a fazer um empréstimo de R$ 30 mil. Do montante, R$ 14.900 foram transferidos, possivelmente para contas do bando. O crime foi registrado na última quarta-feira (5) em Juiz de Fora, mas casos como esse acontecem diariamente em todo o país. Às vésperas do Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado no dia 15, a Tribuna conversou com o delegado do Núcleo de Atendimento ao Idoso, Rodolfo Rolli, sobre as situações de violência patrimonial mais recorrentes na cidade, responsáveis por cerca de 40% das ocorrências envolvendo idosos.
O crime do falso funcionário de banco lidera a lista, segundo a autoridade policial. “Ligam para a casa do idoso, falam que é do banco e que o cartão foi clonado. Aí dizem que vão buscar o cartão na casa da pessoa, e, muitas vezes, a senha está junto”, destaca Rolli. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alerta que as instituições não pedem os cartões de volta, mesmo se houver a possibilidade de fraude ou defeito, portanto, não mandam um portador buscar em domicílio. “Quando perdem o celular, também estão todos os dados lá, e os estelionatários se aproveitam muito disso para fazer empréstimos mediante golpe”, comenta Rolli. “Os idosos tentam acompanhar a tecnologia, mas muitos não conseguem. Ainda têm o problema da visão, então às vezes apertam as teclas erradas, acabam fazendo transferências (equivocadas) ou pagando duas vezes alguém. Fora a dificuldade de locomoção até o banco. Esses avanços facilitaram as coisas apenas para os golpistas”, conclui o delegado.
Segundo ele, a situação dos estelionatos envolvendo a terceira idade foi agravada pelo avanço da tecnologia, com o uso de aplicativos como WhatsApp e de bancos, incluindo a possibilidade de fazer empréstimos on-line. “Vemos muitos idosos se endividando.” Rolli indica a importância de investigações federais acerca do vazamento de dados dos aposentados às instituições financeiras. “Muitas vezes ligam, e a pessoa contrata empréstimos que não queria ou não precisava. Quando vê, está recebendo R$ 300 por mês de tanto consignado. Outras vezes quer ajudar filho, neto ou outro familiar e se endivida.”
Segundo a Febraban, antes de contratar um empréstimo consignado é importante pedir uma simulação. “Nunca decida com pressa, desconfie de propostas exageradas, não faça depósitos antecipados para receber o empréstimo e nunca assine nada sem ler. Em caso de devolução de crédito consignado por arrependimento ou contratação não solicitada, procure os canais de relacionamento do banco e nunca faça depósitos em contas de terceiros.”
Maior tempo on-line propicia golpes
Caso do ‘Tio Paulo’ chama atenção para violência familiar
Confira 10 dicas anti-golpe da Febraban
1. Cuidado com as suas senhas: Não compartilhe sua senha com amigos e parentes ou encaminhe senhas por aplicativos de mensagens, e-mails ou SMS. Nunca utilize dados pessoais como senha (ex: data de aniversário, placa de carro etc.), nem números repetidos ou sequenciais (ex: 111111 ou 123456), nem anote senhas em papel, no celular ou no computador.
2. Cuidados com seu cartão: Nunca entregue seu cartão a ninguém. Os bancos não pedem os cartões de volta, mesmo se houver a possibilidade de fraude ou defeito. Eles também não mandam um portador buscar seu cartão.
3. Confira seu cartão após uma compra: Ao terminar de realizar uma compra na maquininha, verifique o nome no cartão para ter certeza de que realmente é o seu. Sempre confira o valor na maquininha antes de digitar a sua senha. E proteja o código de segurança.
4. Ative duplo fator de autenticação: Sempre ative a função de segurança “duplo fator de autenticação” em suas contas na internet que oferecem essa opção: e-mail, redes sociais, aplicativos e sistemas operacionais.
5. Atenção com ligações: Se receber contato em nome do banco solicitando para ligar para sua Central de Atendimento, ligue a partir de outro aparelho, assim evita que o golpista “prenda” a sua linha telefônica. E nunca informe suas senhas.
6. Nunca clique em links desconhecidos: Sempre confira a origem das mensagens ao receber promoções e e-mails que se dizem do banco. Nunca clique em links de promoções muito vantajosas ou que peçam sincronização, atualização, manutenção de token, app ou cadastro. O banco nunca envia e-mails informando que sua conta foi invadida, nem pede para enviar os seus dados.
7. Cuidado em compras on-line: Dê preferência a sites conhecidos e confira sempre se o endereço do site é o verdadeiro. Para garantir, não clique em links, digite o endereço no navegador. Sempre use o cartão virtual para realizar compras na internet.
8. Cuidado nas operações bancárias: Sempre confira o nome do recebedor ao pagar um boleto, realizar transferências ou Pix.
9. Não fotografe ou filme a tela do caixa eletrônico ao usá-lo: Nunca envie fotos, vídeos ou capturas de tela pelo celular. Se precisar de auxílio no caixa eletrônico, peça ajuda a um funcionário do banco devidamente identificado.
10. Cuidado com o que compartilha nas redes sociais: Um simples post pode dar muitas informações sobre você para golpistas.O que você compartilha pode ajudar bandidos a conhecer seu perfil e comportamento.