Com buracos em toda a extensão e trechos estreitos que prejudicam a passagem de veículos, a estrada de acesso ao distrito de Paula Lima, partindo de Juiz de Fora, é motivo de preocupação entre os moradores da região. A má condição da via tem trazido prejuízos à população, seja com problemas nos veículos ou mesmo para quem possui estabelecimento na localidade, considerando que muitos clientes deixam de ir até o distrito por conta da dificuldade de acesso.
A Tribuna visitou Paula Lima no último dia 20 de maio. Para chegar até o distrito, é possível realizar dois trajetos. Em um deles, os moradores precisam se dirigir até o município de Ewbank da Câmara, distante cerca de 40 quilômetros de Juiz de Fora, para fazer o retorno e acessar a estrada na altura do Km 761 da BR-040. Esta via está asfaltada e apresenta boas condições, entretanto, o trajeto é mais longo.
A outra opção, alvo de reclamação dos moradores de Paula Lima, tem acesso no Km 768 da BR-040. Apesar de, neste caso, o caminho ser mais curto, as condições da via não contribuem para o acesso ao distrito. A estrada é de chão e apresenta diversos buracos ao longo de seu trajeto. Durante o percurso, a reportagem chegou a flagrar peças que se soltaram de veículos, o que exemplifica o prejuízo citado pelos moradores. Alguns trechos também são estreitos, permitindo a passagem de apenas um carro por vez e prejudicando a segurança de quem precisa se locomover pelo local.
Os problemas se repetem ao longo da via, que inclui a estrada do Granjeamento Vale do Tinguá, até próximo a entrada de Paula Lima. Neste ponto, quando o trajeto se divide em um acesso ao distrito e outro a Chapéu D’Uvas, o chão já é asfaltado.
Moradores fazem manutenções na estrada
Morador do distrito de Paula Lima há cerca de 30 anos, Fernando Lopes percebeu a estrada se deteriorar com o passar dos anos. De acordo com ele, a via recebia manutenção frequentemente, com limpeza de canaletas e operações de tapa-buraco. Entretanto, nos últimos anos, os cuidados parecem ter ficado de lado, sendo que os próprios moradores, em certas ocasiões, procuram resolver por conta própria determinados problemas na via.
“Dois carros não passam, porque tem valeta de um lado e valeta de outro. Há um mês, mais ou menos, tinha muito buraco. Então um amigo nosso, que tem uma retroescavadeira, passou por aqui para fazer um serviço e eu conversei com ele e pedi para ir tapando os buracos, principalmente os que não tinham condição de passar, e isso foi feito”, conta.
Estabelecimentos prejudicados
As más condições da estrada de Paula Lima têm causado transtornos não só aos moradores, mas também aos proprietários de estabelecimentos do distrito e ao setor de turismo. De acordo com João Paulo Lopes, do Mineiro Bike Park, a pista de bicicleta localizada em Paula Lima tem recebido poucas visitas pelo fato de o acesso pela estrada estar comprometido.
“São muitos bairros que dependem desse acesso também. Se não passar por esse acesso, eu preciso virar lá em Ewbank da Câmara”, diz. “Eu passo por essa estrada toda semana, e o carro sofre com isso.”
De acordo com João Paulo, mesmo seu carro sendo esportivo, sempre enfrenta problemas como pneu furado e com a suspensão do veículo, por conta da trepidação ao transitar pela via. Ainda segundo o morador do distrito, eventualmente é aplicada escória na estrada, entretanto, apesar de solucionar o problema dos buracos por um tempo, acaba prejudicando os veículos posteriormente.
“A escória é uma espécie de espuma do processo de fabricação do aço. Então ela vira uma borra de metal que, durante um mês, funciona perfeitamente, só que o asfalto vai quebrando e vai ficando um monte de pontas. Isso fura pneu, vira uma trepidação muito grande no carro e é o que eu acho que acaba piorando a estrada mais do que ajudando”, diz. “O ideal seria um calçamento ou um asfalto, algo que seja permanente, em função da quantidade da demanda e de pessoas que dependem da estrada.”
Carlos Silva, que mora no granjeamento do Tinguá e tem um sítio em Paula Lima, também tem sofrido com problemas em seu veículo. Mesmo morando há poucos meses na região, ele já foi afetado algumas vezes por conta das condições da estrada. “As condições não são boas. Já perdi vários pneus por conta da estrada. Tive alguns problemas no meu carro particular e em veículos que estão indo à minha propriedade. Temos uma criação de ovelhas e isso nos causa prejuízo, porque os clientes não querem ir até nosso sítio por conta da estrada”, relata.
Mato atrapalha visibilidade na estrada
Há dez anos morando em Paula Lima e há cinco meses mantendo um estúdio de música na localidade, Erick Figueira conta que os percalços na estrada vão além dos buracos. “Nosso maior problema é em relação ao mato, que está muito fechado, o que torna a passagem de carros nas duas mãos perigosa, além de ter muitos buracos que podem danificar os veículos”, diz. Seu negócio também tem sido prejudicado por conta das condições da via. “Nossos clientes estão deixando de agendar devido a isso, pois passar por Ewbank deixa a viagem muito mais longa. Normalmente, eles fazem o retorno no posto de polícia para ter acesso à estrada, mas devido às condições atuais, estão indo até Ewbank e entrando em Paula Lima.”
Estrada receberá escória, informa PJF
Em nota encaminhada à Tribuna, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que a entrada do distrito de Paula Lima já é asfaltada e recebeu serviço de tapa-buraco no último dia 24. Já em relação à via do Granjeamento Vale do Tinguá, a PJF diz tratar-se de uma “estrada secundária”, “na qual não há tráfego de transporte público urbano, portanto, com menor fluxo”. “A estrada está na programação para ser atendida por patrolamento e lançamento de escórias em breve”, diz na nota.
O Executivo ainda ressaltou que Juiz de Fora possui mais de 3 mil quilômetros de estradas vicinais, “uma distância suficiente para conectar o município até Belém, no Pará”. “A manutenção dessas vias é feita rotineiramente pela equipe do Gabinete de Ação Comunitário – Zona Rural, que já construiu mais de 10 metros quadrados de calçamento só no distrito de Penido.”