A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e o IF Sudeste divulgaram nota em apoio à ocupação de cerca de 250 famílias do Movimento dos Sem Terra (MST) na Fazenda Liberdade, no município de Coronel Pacheco, desde o último domingo (4). Assinada pela vice-reitora da UFJF, Girlene Alves da Silva, e pelo reitor do IF Sudeste, Charles Okama de Souza, a nota manifesta o compromisso das instituições “em viabilizar esforços conjuntos e específicos nas áreas de ensino, pesquisa e extensão para apoiar ações necessárias ao desenvolvimento do acampamento”.
“Defendemos que o diálogo entre as instituições, o INCRA e as famílias sem terra deva contribuir sobremaneira para a construção de um assentamento de novo tipo, a ser implementado na área, construindo um novo paradigma de desenvolvimento humano no campo e na cidade na região da Zona da Mata mineira”, diz um trecho da nota, assinada no dia 6 de junho, e que foi lida aos conselheiros durante a última reunião do Conselho Superior da UFJF (Consu), nesta quinta-feira.
Um dia antes, também por meio de nota, a Pró-Reitoria de Extensão da UFJF já havia demonstrado apoio à ocupação. “Há 17 anos, a Universidade Federal de Juiz de Fora vem desenvolvendo ações acadêmicas no campo, por meio de programas e projetos de extensão cujo foco é a questão agrária. A compreensão é a de que a formação de nossos estudantes deve também ser realizada em espaços sociais que possam qualificar criticamente sua prática profissional e, sobretudo, contribuir para o acesso a direitos sociais fundamentais e inalienáveis de uma parcela importante da sociedade brasileira: as trabalhadoras e os trabalhadores que vêem no campo a possibilidade de trabalho e reprodução da vida, em patamares onde a justiça social, a democratização do uso da terra, a sustentabilidade ambiental e soberania alimentar sejam princípios.”
Ocupação
Na manhã desta sexta-feira, a deputada federal Margarida Salomão (PT) foi ao acampamento prestar solidariedade aos ocupantes. Um dos responsáveis pelo movimento em Coronel Pacheco, José Roberto Pereira, informou que as famílias estão “resistindo e pretendem lutar e trabalhar para fazer da fazenda um novo assentamento”. Segundo ele, os integrantes do MST já começaram a fazer o plantio de hortas e bananas. “Na manhã desta sexta-feira, um trator irá fazer a aragem da terra para que possamos começar os cultivos”, comentou. Conforme informações do movimento, a Fazenda Liberdade estaria abandonada há alguns anos, o proprietário seria responsável pelo plantio de eucalipto na região e seu complexo não estaria cumprido a função social da terra.
A Tribuna tentou falar com responsáveis pela fazenda nesta sexta-feira, mas ainda não conseguiu contato. Na última segunda, em entrevista à Tribuna, o dono das terras, Horácio Dias negou as acusações. “Todas as fazendas são comprovadamente produtivas, e as atividades existem há 40 anos voltadas para a produção e o emprego. As responsabilidades fiscais estão todas em dia. A fazenda gera 30 empregos diretos e 150 indiretos. Discordo totalmente deste tipo de política, e entendemos que é negativo para a imagem da própria atividade agropecuária. Entendemos que há necessidade de apoio e uma reforma pública de incentivo ou realocação para os pequenos produtores, mas não de maneira invasiva como o MST faz”.
Conforme informações do site do complexo, a Fazenda Liberdade tem 251 hectares de área e integra o complexo Fazendas Reunidas HD, que tem propriedades rurais em Coronel Pacheco e Goianá. Ainda segundo as informações disponibilizadas pela página na web, a fazenda Liberdade tem como atividade principal a criação de novilhas girolando.