A 24ª edição da Marcha para Jesus traz “Família é a base da sociedade” como tema e pretende reunir cristãos com uma estrutura de três trios elétricos e com a presença de atrações como a Banda Vinho Novo e as duplas Paulo e Silas, Everton e Léo, na Praça Antônio Carlos, Centro, a partir do meio dia deste sábado (10). A intenção, de acordo com o presidente do Conselho dos Pastores de Juiz de Fora (Conpas), o pastor Charles Oliveira Marçal, é continuar a tradição, que já faz parte do calendário oficial da cidade. “Hoje a nossa marcha é considerada a segunda maior do país. Ela só fica atrás da de São Paulo. É o momento em que temos a oportunidade de fazer um ato profético, abençoando a nossa cidade e suas lideranças.”
Além das bandas e atrações musicais, o evento conta com a preleção dos pastores Silas Malafaia, Jabes Alencar e Flamarion Rolando. Sobre o tema, o pastor Marçal diz que foi escolhido por ser um assunto com grande repercussão. “Temos visto que a sociedade em si tem sofrido muito por conta da desestruturação das famílias, o que cria até mesmo dúvidas em relação ao conceito de família.”
“Quando se tem uma definição de fé e família, a sociedade recebe benefícios. Onde não há essas duas instituições, é difícil existir concílio e diálogo.” O presidente do Conpas reforça que a marcha é um evento ordeiro, que busca falar de paz e espiritualidade. “Até a medicina acredita que a espiritualidade seja importante para a recuperação das pessoas. Temos uma epidemia de vícios, por exemplo. Quantas pessoas são libertadas do crack e até do crime, por meio de movimentos vinculados à espiritualidade”, pontua.
“A mensagem que queremos passar é a mesma de sempre. Sem a presença de Deus, o homem não vai muito longe. Sem a família, ele é como um pé de alface, tem raízes pequenas. Então, com certeza, ele precisa das duas instituições. A partir da família, toda a sociedade se forma e se transforma. Queremos mostrar que há um caminho para resolver conflitos, de sair de situações adversas provocadas pela vida corriqueira que vivemos. E o que falta é dedicar mais tempo para a família e Deus.”
Intervenção contra LGBTfobia
Motivada pela presença pública de Silas Malafaia, uma intervenção contra a LGBTfobia é preparada para ocorrer na marcha. “Em Juiz de Fora, temos crescentes casos de violência aos grupos LGBT, inclusive em espaços que antes freqüentávamos livremente; bares, festas, ou simplesmente andando nas ruas, como ocorreu aqui próximo ao meu trabalho, de um garoto ser agredido por ser gay. Numa conjuntura como essa, trazer publicamente um representante que demonstra claro discurso de ódio aos LGBTs, com palavras preconceituosas e violentas, demonstra, além de liberdade religiosa, um desrespeito”, diz a organizadora do ato, Talita Ferreira. De acordo com ela, o movimento não é contra a marcha, os cristãos ou a manifestação da fé, e sim contra os discursos problemáticos e preconceituosos que religiosos, como Malafaia, segundo ela, trazem.
“Quanto as estratégias do ato, posso assegurar que não haverá violência da nossa parte. A intenção é dialogar com a população e demonstrar nossa existência e resistência. A ideia da intervenção foi minha, mas tenho recebido muito apoio para a concretização do ato. Não somente de LGBTs, mas de todas as pessoas que se sentem incomodadas com a intolerância religiosa. Temos na organização LGBTs e heterossexuais, cristãos, candomblecistas, umbandistas e pessoas sem alguma religião, todos em prol de uma sociedade menos violenta e excludente”, afirma Talita.
Sobre o movimento, o pastor Charles Marçal diz que a marcha não tem intenção de ofender ou invadir espaço de nenhuma minoria, ou de qualquer outro grupo. “Todos têm o mesmo direito. A constituição nos garante o direito de expressar nossa fé. Eles também têm o direito de se expressar.” Sobre Malafaia, o pastor diz que ele prega o amor e a importância da família. “Ele tem uma eloquência peculiar. Às vezes, a maneira como fala, faz com que se imponha. Algumas pessoas se sentem ofendidas, mas é peculiar. Se for num culto em que celebra, ele é assim até com a família dele e com os membros da própria igreja. Temos que respeitar isso, porque é peculiar dele.”