Ícone do site Tribuna de Minas

OAB quebra protocolos em evento que discute gênero e sexualidade

PUBLICIDADE


A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Juiz de Fora quebrou protocolos da instituição nesta quinta (9), na abertura do debate “Sexualidade e violência de gênero: para além do populismo penal”. Pela praxe, o Hino Nacional é executado ao início de cada evento da casa, mas na noite de quinta, a funkeira travesti MC Xuxú abriu a solenidade cantando seus sucessos “Livre arbítrio”, “Desabafo” e “Um beijo pras travesti”.

Segundo a organizadora da iniciativa, Cristina Guerra, que coordena a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB, a exceção dialoga com a proposta do evento. “Temos formalidades como composição de mesa, execução do Hino, e certamente a performance da Xuxú é um marco, uma quebra de todos os nossos protocolos. Mas este debate é sobre desconstruir preconceitos e construir concepções mais humanas e inclusivas. Então esta desconstrução da OAB se justifica.”

A iniciativa é uma parceria da OAB com a faculdade Doctum, propondo uma ampla discussão sobre violência de gênero, machismo e sexualidade junto à sociedade civil. “Queríamos sair do lugar-comum, porque as discussões sobre estes temas, tão debatidos na atualidade, normalmente ficam restritos à militância, e por isso mesmo não proporcionam um enfrentamento da violência de gênero de fato”, pondera Cristina.

PUBLICIDADE

Coordenadora do curso de direito da Doctum, Laira Rachis acrescenta que a violência de gênero não se manifesta apenas fisicamente, mas moralmente e no cerceamento de direitos. “Além disso, a proteção jurídica a toda violência de gênero é insuficiente. Aumentar a penalidade sempre é apontado como uma solução, mas é preciso repensar as condutas sociais e propor alternativas que combatam o preconceito, enfrentar o problema na gênese.”

Para Xuxú, a arte foi instrumento de luta contra a discriminação e a opressão. “Só eu sei quanto fui oprimida por ser negra, pobre e travesti. É um desafio falar neste ambiente de gente tão inteligente, um espaço tão formal, mas a minha arte me permite dizer o que não pude por meio de oportunidades que me foram negadas, como o estudo.”

Sair da versão mobile