A esporotricose é uma micose subcutânea que pode afetar tanto humanos quanto animais. Em animais, a infecção ocorre, principalmente, pelo contato do fungo do gênero Sporothrix com a pele ou mucosa, por meio de trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira, contato com vegetais em decomposição, além de arranhões ou mordidas de animais doentes, sendo o gato o principal agente transmissor. Segundo a veterinária funcional Gisele Passos, também existem relatos de que a inalação, ingestão ou aspiração do fungo também pode provocar a doença. Já em humanos, a infecção se dá pelo contato com as feridas em animais. Em Juiz de Fora, a Secretaria de Saúde informou que, neste ano, registrou no setor de Zoonoses três casos da doença em humanos, com notificação pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
De acordo com o Ministério da Saúde, após a contaminação em seres humanos, a lesão inicial se assemelha a uma picada de inseto e podem surgir outros sintomas, como tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. Já nos felinos, o mais comum é o aparecimento de feridas profundas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam, além de espirros frequentes. Os primeiros sintomas podem aparecer de 30 a 90 dias após a contaminação.
Conhecida também como “doença do jardineiro”, a doença foi identificada na década de 1990 e era comum entre os agricultores ou pessoas que tinham contato com plantas e solo em ambientes naturais, locais onde o fungo está presente. No entanto, atualmente, em algumas regiões do Brasil, é reconhecida como “doença do gato”, devido à sua maior propagação pelos felinos.
Manifestação da esporotricose em gatos
Geraldina Campos, 62, é tutora do gato Léo, de 8 anos. Ela conta que o animal passou pela experiência da infecção e tratamento da doença. De acordo com Geraldina, o primeiro sintoma manifestado pelo felino foi uma ferida na pata esquerda e logo em seguida no meio das costas. “Eu fui percebendo esses sinais e acionei a veterinária para dar início ao tratamento que durou 6 meses”, conta. Desde que Léo contraiu a Esporotricose, Geraldina passou a adotar novos cuidados, como colocar tela nas janelas e na porta, para que ele não andasse nas ruas sozinho.
Nos gatos, a doença é considerada mais grave, pois sua transmissão e progressão são mais rápidas e podem afetar outros sistemas do corpo, além da pele. Por causa disso, em entrevista à Tribuna, a veterinária Gisele Passos alertou que a primeira coisa a se fazer, quando os sinais da Esporotricose surgirem, é não ter contato direto com a ferida – se protegendo com o uso de luvas quando for manusear o animal, e encaminhá-lo imediatamente para uma consulta veterinária.
Conforme a profissional, a partir é instituído um tratamento específico e, depois, o acompanhamento pode ser feito em casa, com retornos ao veterinário para a reavaliação dos sinais clínicos. A veterinária ainda alerta que é muito importante manter o tratamento, considerado longo, para que a doença não apareça novamente e o contágio seja evitado.
Quando essa doença acomete os seres humanos, o indicado também é que procure avaliação clínica e inicie o tratamento rapidamente. A duração do tratamento pode variar de três a seis meses até a cura completa, não podendo ser interrompido. Caso o tratamento não seja realizado, a infecção pode se tornar crônica e levar a danos permanentes nos tecidos e órgãos afetados.
Castração é a principal forma de prevenção
De acordo com a Sociedade Juizforense de Proteção aos Animais e ao Meio Ambiente (SJPA), ONG de proteção a animais, 90% dos animais resgatados que aparecem com o fungo da Esporotricose não são castrados. Conforme Maria Elisa, presidente da ONG SJPA, os animais encontrados, soltos nas ruas, têm acesso a lixos e muita das vezes brigam por competição de cruza ou espaço, o que pode causar feridas ou arranhões, que são portas de entrada para o fungo. Por esses motivos, realizar a castração é a forma mais efetiva para combater a Esporotricose, pois diminui as possibilidades de o animal sair de casa para caçar, cruzar ou competir.
Constantemente a SJPA, conforme afirma a instituição, lida com problemas relacionados à doença, além de outros problemas causados por fungos na pele em cães e gatos. Por se tratar de um fungo mais agressivo, quando a ONG encontra um gato ou outro animal nessa situação, é feita a transferência para uma clínica veterinária a fim de proporcionar o tratamento adequado.
Para a prevenção do fungo nos animais, além da castração, é importante manter os felinos no ambiente domiciliar, sem acesso à rua, e utilizar areias sanitárias próprias a fim de evitar o contato desses animais com o fungo. Caso a doença se agrave e leve o animal a óbito, é necessário realizar a cremação para que o fungo não entre em contato com o solo – o seu ambiente natural.
Castração gratuita
Em Juiz de Fora, a UFJF e a Unipac oferecem serviços veterinários gratuitos com prioridade para cães e gatos de pessoas em condição de vulnerabilidade socioeconômica. A preferência é para aqueles que são inscritos no Cadastro Único (CAD Único) para programas sociais do Governo Federal ou por comprovação de renda até um salário-mínimo.
Para comprovar a renda, basta levar a Carteira de Trabalho e o comprovante dos últimos pagamentos. Outros detalhes podem ser acessados por meio do site da UFJF e também com a Unipac, pelo telefone (32) 2101-2113.